TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - GEORG MARIO ALLOIS REIMANN

8 Mai 2023 | 09:05 875 0

GEORG MARIO ALLOIS REIMANN

Karl Reimann e sua esposa Florentine haviam chegado ao Brasil no dia 3 de fevereiro de 1913, com oito filho:, Carl, Alfons, Joseph, Cecile, Franz, Germano, Gertrude e o pequeno Georg Mario Allois Reimann (nascido em 3 de abril de 1906), a bordo do vapor “Crefeld”, sob o comando do capitão Albert Meyer, após uma viagem de 38 dias e 15 horas.
Ao chegar ao Brasil, viajaram para o Rio Grande do Sul e se estabeleceram no município de Selbach. Logo, Karl enviou seu filho mais velho para ir ao encontro de seu irmão, Ernest, que havia vindo para o Brasil alguns anos antes e se estabelecido na região de Porto Soberbo, na Argentina, onde ganhava um bom dinheiro com a produção de polvilho de mandioca. Após um período no país vizinho, voltou para terras brasileiras e arrumou emprego nas obras de construção da ferrovia entre Cruz Alta e Ijuí, sendo neste período que enviou carta à família em Diettersdorf, na Alemanha, chamando-os para virem também se estabelecer no Brasil.
Passados dois anos do envio da carta, e sem que tivesse obtido nenhuma reposta dos familiares, Ernest decidiu empreender viagem novamente através do Estado para as Colônias Velhas e foi durante esta viagem, numa noite de muita chuva, que parou em uma das casas abandonadas que existiam pelo caminho, e que costumavam servir de abrigo para os viajantes, quando, estando a beira do fogo com várias pessoas até então desconhecidas, percebeu mais ao canto, um rapaz que reconheceu como sendo seu sobrinho Carlos. Os dois abraçaram-se com muita felicidade pois Ernest nem imaginava que seus familiares já estivessem em terras brasileiras.
Em 1914, Carlos Reimann veio para Ijuí, seguido logo depois por seus dois irmãos, Afonso e José, tendo no ano seguinte comprado a fundição que pertencia a Wenzel Holzbauer.
A firma “Reimann Irmã os”, tendo como sócios Carlos e José Reimann, foi fundada no dia 10 de junho de 1915, com fundição e mais tarde oficina mecânica, ficando “aparelhada para fazer todo e qualquer serviço concernente ao ramo” (conforme propaganda publicada no jornal “Correio Serrano”, de Ijuí, em 1917).
Ainda em 1917, a empresa começou a revender veículos Ford, e a partir da década de 20, várias outras marcas de veículos. Em 1927, o estabelecimento de “construção de engenhos de serras, moinhos, atafonas, prensas para cana-de-açúcar e fumo” foi transferido para Alfonso Reimann e Frederico Werner, tendo Werner, anos depois, se tornado o proprietário único da fundição. Frederico Werner tinha uma filha, chamada Clara, que acabou se casando com Germano Reimann, e os dois vieram morar em Três de Maio, onde Germano se estabeleceu com uma revenda de veículos (mais tarde, com a proibição do governo brasileiro de imigrantes alemães trabalharem nestes ramos, Germano mudou de função e abriu aqui uma filial das Lojas Renner).
Posteriormente, Ernesto e Francisco Reimann também vieram se estabelecer na vila, este último, com uma fábrica de parquês. Ernesto decidiu começar um negócio de olarias, e então, seu irmão, Georg Mario Allois Reimann, veio também para Três de Maio para trabalhar no negócio, como seu sócio, e este se estabeleceu com sua moradia e olaria próximo ao Arroio Morangueira, onde começou a produzir também telhas e cumeiras. Tempos depois construíriam uma segunda olaria, mais afastada, e estas duas, funcionaram entre 1936 e 1946.
Aqui Georg Reimann se casaria com Elfrida Lauer e o casal teve 3 filhos. Logo Georg se tornou grande amigo de Walter Ullmann, primeiro prefeito de Três de Maio, e em 1959, quando Ullmann criou o estádio municipal, Georg e seu irmão, Francisco Reimann, doaram cada um parte de seus terrenos naquela área para que a obra pudesse ser implementada, já que o município nascente não dispunha de recursos para tal, o mesmo ocorrendo com a área onde, um tempo depois, foi construído o Clube Guaíra.
Após mudar-se por alguns anos para a região de Esquina Salete, em Independência e retornado para Três de Maio para facilitar o acesso aos estudos do filho Ernesto.
Georg Reimann também comprou um terreno nas ilhas do Chafariz, e lá começou a construir uma casa para passar as férias com a família. Um dia, foi erguer um palanque e nesse momento sofreu um infarto. Foi levado para o hospital, mas acabou falecendo no dia 27 de janeiro de 1970. Mais tarde aquele local passaria a se chamar “Ilha dos Reimann”. Hoje, a avenida situada no Bairro Guaíra se chama Avenida Georg Mario Allois Reimann, para lembrar que ali morou alguém que ajudou a construir nossa cidade não só com tijolos, mas também com a grandeza de saber doar um pouco daquilo que o trabalho nestas terras lhe proporcionou.