TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - O DR. PORTINHO

5 Jun 2023 | 07:06 687 0

O DR. PORTINHO

Brutus Portinho Nessi nasceu na cidade de Santa Maria da Boca do Monte (RS), no dia 18 de agosto de 1914.
Filho do comerciante Pedro Nessi Jr. e de Eulália Portinho Nessi, concluiu o curso primário em Santa Maria, e após, quando a família se mudou para Porto Alegre, concluiu o curso secundário no Ginásio Nossa Senhora do Rosário. Formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre (hoje UFRGS) em 1937.
Em 1938, por indicação do Bispo de Santa Maria e da beata Ilka Nessi – sua tia paterna, que durante uma visita do padre Vicente Testani à Diocese de Santa Maria meses antes, havia sido informada que as irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus de Três de Maio estavam precisando de um médico para assumir as funções junto ao hospital que estavam cuidando –, Brutus resolveu fazer as malas e vir dar início à sua carreira médica em Três de Maio.
Na oportunidade da visita de Testani à Diocese de Santa Maria, o padre havia contado também à beata Ilka Nessi que todas as noites a Madre Superiora Nicolina Corvatta encerrava as rezas entre as freirinhas com a frase: “Orate fratelli per vire un dottore buono” (orai irmãs, para que venha um doutor bom).
As súplicas se encerraram no dia 12 de junho de 1938 quando o Dr. Brutus Portinho Nessi desembarcou em Três de Maio e deu início aos seus trabalhos no Hospital São Vicente de Paulo.
Na chegada, hospedou-se em uma pensão onde acabou fazendo amizade com outro jovem que lá estava hospedado e que também havia chegado a Três de Maio naquele ano, Walter Ullmann.
Logo iniciou seus trabalhos junto ao hospital, onde se dedicou com exclusividade à clínica e cirurgia geral, e como todos o chamavam de Dr. Brutus, resolveu mudar e decidiu ser chamado de Dr. Portinho, em homenagem ao seu avô, o General Felipe Neri Portinho, maragato que havia participado da Revolução Federalista de 1893 comandando tropas na região das Missões.
Como na época em que chegou a Três de Maio não havia especialidades médicas, o Dr. Portinho passou a atender desde dores abdominais, unha encravada, partos e até acidentes de mãos esmagadas em máquinas agrícolas.
A partir daí, começou a acumular grande prestígio na comunidade, e também a participar de todas as manifestações culturais e sociais que aconteciam, tendo diversas vezes sido convidado como paraninfo das turmas que se formavam no Ginásio Dom Hermeto e no Ginásio Cardeal Pacelli.
Ainda se tornou apoiador nas campanhas de emancipação da Vila Buricá, e também, incentivador de atividades esportivas, tendo inclusive jogado, de forma amadora, no Esporte Clube Oriental. Foi um dos incentivadores da criação do CTG Tropeiros do Buricá, e mais tarde, com um grupo de amigos, participou da criação do Botafogo Esporte Clube, criado no bar do sr. Pedro Giacomelli, situado na rua lateral da Igreja Católica, hoje Travessa Pedro Garrafa.
Foi também incentivador da criação do Clube Guaíra, e por ocasião da inauguração da sede social, fez questão de arrematar em leilão o direito ao primeiro mergulho, já que fora praticante de natação anos antes.
O Dr. Portinho também gostava muito de cinema e frequentava as sessões do Cine Imperial, onde o seu proprietário, Timbarro, quase diariamente, interrompia a sessão pelo alto-falante ou colocando um aviso manuscrito na tela, dizendo: “Estão chamando Dr. Portinho no hospital”.
Em 11 de outubro de 1945 uniu-se em matrimônio com a pelotense Elaine Marina Menegotto Nessi. O casal passou a residir na Rua Padre Cacique 355, em uma casa especialmente construída pelas irmãs para receber os recém casados. Da união nasceram os filhos Marina Menegotto Nessi (31/08/1947) e Pedro Menegotto Nessi (08/12/1951).
Em 1973, após sofrer um infarto, o Dr. Portinho decidiu se aposentar e foi morar em Porto Alegre. Perdeu sua adorada esposa em 1990 e ele veio a falecer em 12 de junho de 1992, deixando seu nome marcado para sempre na história de Três de Maio.