A poeira nas chuteiras de Olívio José Casali
Jogador do Botafogo – entre os anos 1960 a 1975 –, sua marca registrada era o gol ‘semicircular ao canto’, em que a bola fazia uma espécie de curva no ar, passando por entre as traves e a defesa do goleiro, indo ao gol

PESQUISA E PRODUÇÃO: CLEMAR ZIMMERMANN
Diferentemente de hoje, antigamente a juventude não tinha muitas opções de lazer, mas o futebol dava um jeito de tornar a vida mais feliz, e o jovem Olívio José Casali seguiu a tendência natural de qualquer jovem daquela época.
Nascido em São José do Inhacorá, então Distrito de Três de Maio, no dia 4 de fevereiro de 1944, quando criança, Olívio nem de longe imaginava que aquele esporte que o pessoal praticava no campo do Riograndense, onde costumava brincar, iria lhe trazer as glórias que somente grandes atletas podem experimentar.
Ter seu nome gritado nas arquibancadas e ser cumprimentado nas ruas como alguém especial e importante por pessoas desconhecidas, lhe fez perceber que muitas vezes, o destino de alguém está condicionado à quantidade de portas abertas que essa pessoa se dispõe a atravessar. E Olívio, sem pestanejar, atravessou todas elas.
Quando inaugurada a Praça da Bandeira em 1959, a quadra de esportes atraia muitos jovens todos os dias para jogar uma bola. Em 1960, foi fundado o Botafogo Esporte Clube, cuja diretoria havia escalado como seu primeiro técnico, Marcelino Cassol, proprietário da Tecidos Buricá e partidário do PSD. Marcelino era um homem sempre à procura de novos talentos. Ele tinha um olhar clínico para os jovens que via jogar, examinava a postura, o posicionamento, a articulação das pernas, tudo o que pudesse apontar um futuro talento.
Um certo dia foi até a Praça da Bandeira assistir a um grupo de jovens que jogava na quadra e identificou no jovem Olívio as características que entendia ser de um jogador promissor. Ao final da partida aproximou-se dele e o convidou para jogar no juvenil do Botafogo. Olívio imediatamente respondeu: “Com certeza seu Cassol! Tenho muito respeito e admiração pelo senhor e com certeza vamos ter muitos resultados trabalhando juntos!” Olívio já se mostrava um político nas palavras, sabia responder e cativar ao seu interlocutor ao mesmo tempo.
SURGE O ‘FAIXA CASALI’
Nesta época, Olívio estudava em Santa Rosa, onde fazia o Curso de Contabilidade, e só retornava a Três de Maio nos fins de semana, porém, não descuidava de seu preparo físico. Diariamente acordava às 5h30min para correr por uma hora no entorno da Praça Alemã de Santa Rosa, pois não queria decepcionar a todos que apostavam nele.
Este ímpeto, logo faria Olívio despontar como um dos principais artilheiros do time, tornando-o uma pessoa bem quista por todos, que começaram a se referir a ele como “Faixa”. Mas apesar do carisma, Casali mostrava principalmente ser um jogador oportunista, e seu talento fez surgir até comentários bem humorados do tipo “Enquanto o ‘Faixa’ Casali garante gols impossíveis, outros perdem gols fáceis”, relembra hoje, faceiro com a lembrança.
Após mostrar desenvoltura e uma boa presença em campo, em 1963, já com seus estudos concluídos em Santa Rosa, Olívio foi escalado para o time principal do Botafogo, onde mostrou-se um jogador acima da média, pois chutava bem com os dois pés e tinha visão de jogo, procurando fazer jogadas de profundidade. “Estava sempre preocupado com o espetáculo em campo, que era o que fazia as pessoas irem até os estádios”, ele recorda.
E logo passou a jogar na linha de frente com outros dois jogadores que também começaram com ele no juvenil do Botafogo e deixariam seus nomes marcados na história do clube: Camilo Kerwald e Neri Jahn.
UM TIME DE CRAQUES
Os três iniciaram uma rotina de treinos. Bem cedo, o trio corria pela cidade até o estádio municipal, onde posicionavam bolas de futebol para no final da corrida complementarem o exercício atravessando o campo correndo, dando pequenos chutes nas bolas, até finalizarem com um chute a gol. Sabiam que ter total domínio da bola com o corpo exausto era fundamental para obter bons resultados, pois normalmente os jogadores tinham um decréscimo de aproveitamento à medida que ficavam cansados. Além disso, naquela época não havia a possibilidade de substituição de jogadores no decorrer do jogo, se alguém se cansava ou se machucava, saía e ninguém era colocado no lugar (só mais tarde veio a substituição).
Os treinos exaustivos acabaram refletindo dentro de campo, pois aquele time começou a apresentar ótimos resultados e logo despontaria como uma potência que levaria aqueles jogadores a um reconhecimento que jamais imaginavam alcançar.
O time tinha como capitão, Camilo; na meia-esquerda Clóvis; na meia-direita Flávio Fasolo; na ponta esquerda Neri Jahn; no gol Jorge Kath; na lateral direita Orlando Magalhães; central o Pé-de-Aço; Tigrinho como quarto zagueiro; Vildemar Casali (irmão mais velho de Olívio) como lateral esquerdo e Mário Dick como centro médio. Olívio jogava muitas vezes como coringa, era colocado nas posições em que pudesse neutralizar os jogadores que se destacavam nos times adversários, mas principalmente, jogava no ataque ao lado de Camilo e Neri fazendo o 4,3,3.
CONCENTRAÇÃO NA PROPRIEDADE DA FAMÍLIA SCHARDONG
De 1963 a 1967 o time participava de diversos campeonatos regionais, onde sempre se destacava pelos bons resultados, recebendo o apoio incondicional de seus torcedores que depositavam naquela equipe a confiança e a expectativa de grandes conquistas.
Os irmãos Edvino e Hugo Schardong – proprietários de um açougue na Rua Santo Ângelo – disponibilizavam a propriedade da família onde estava instalado o matadouro do açougue (hoje Bairro Schardong), para que os jogadores fizessem sua concentração no alojamento da propriedade, em vésperas de jogos importantes. Os jogadores eram proibidos de sair à noite, e se o jogo fosse no domingo, no sábado por volta das 16 horas todos já deveriam estar na propriedade da família Schardong. Assim evitava-se que ‘caíssem na fraqueza’ de aceitar algum convite para beber ou se divertir até tarde o que poderia comprometer o rendimento no dia seguinte.
Nas primeiras horas da noite, após o jantar reforçado, Marcelino Cassol dava o toque de recolher para que todos acordassem no dia do jogo descansados e com vontade de correr. Na hora de irem para o local da partida, diversos torcedores vinham de carro para buscá-los e levá-los ao campo. No final do jogo, quando venciam, os jogadores de dirigiam a pé até a escola Castelo Branco, onde há uma gruta com a imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, para agradecer pela vitória. O costume acabou ‘obrigando’ o time a fazer muitas caminhadas até a gruta naqueles anos.
Equipe do Botafogo do ano 1961. Em pé: Louro, Jorge, José, Sabino, Machado e Batista. Agachados: Ronaldo, Olívio, Piti, Bogo e o comandante Ritter
OLÍVIO ASSINA SEU NOME COM A BOLA
Após um período de paralisação dos botais em Três de Maio, Olívio fez sua estreia no clássico no ano de 1963 de forma marcante, criando aquilo que chamaria de sua marca pessoal. Depois de um empate em 2 x 2 no tempo regulamentar com gols de Kerwald e Olívio pelo Botafogo e Ivo e Nenê pelo Oriental, a partida foi para prorrogação. A esta altura, espasmos de silêncio em jogadas próximas as áreas já anunciavam que gritos vindos bem do fundo dos pulmões estavam prestes a ganhar a liberdade pelas arquibancadas no entorno do campo do Estádio Municipal.
Deu-se início a prorrogação, quando Olívio recebeu a bola na ponta direita do campo e chutou para o gol. A bola fez uma espécie de curva no ar, passando por entre as traves e a defesa do goleiro Vilson Folletto, encerrando aquela partida com a vitória do Botafogo. A torcida delirou na arquibancada e logo Olívio percebeu que aquele jeito de chutar, dando aquele efeito no percurso da bola, era algo que poucos conseguiriam reproduzir, e como uma forma de torná-la uma marca registrada sua, decidiu nomear aquele lance de “semicircular ao canto”.
Naquele dia, a caminhada até a gruta no colégio Castelo Branco foi acompanhada por muitos torcedores eufóricos e de muitos aplausos à beira da calçada.
A rivalidade entre os dois times – Botafogo e Oriental –, era imensa. Começava no campo da política, entre MDB e PSD (que logo em 1964 seria extinto pelo Ato Institucional Número Dois, dando lugar ao ARENA, partido que dava sustentação política ao regime militar), e terminava nos campos.
Os times eram duas forças opostas em tudo, até mesmo na marca da cerveja que seus integrantes bebiam. Enquanto o pessoal do Oriental se identificava nos bares tomando Brahma, simpatizantes do Botafogo faziam oposição tomando Antarctica. E a rivalidade era tanta que muitos preferiam beber água se não tivesse a marca da cerveja que seu grupo bebia. Augusto Rutzen é que patrocinava a Brahma do pessoal do Oriental e Olindo Callai era o fornecedor da cerveja Antarctica, para o grupo dos botafoguenses.
OS CAMPEÕES DO ESTADO
Em 1965, Olívio alcançaria o apogeu no futebol. O Botafogo chegou a final do Campeonato Estadual Amador de Futebol, algo jamais ocorrido até então com um time de Três de Maio. O feito era algo que ninguém imaginava que pudesse acontecer com um time local, pois as melhores equipes de todo o Estado do Rio Grande do Sul davam tudo de si nos campos, para conquistar o título. Na final tensa contra o Palmeirense de Palmeiras das Missões, o Botafogo venceu por 2 x 1, e a partir daquele momento, para muitos, aqueles simples jogadores, passaram a ser verdadeiros heróis dos gramados.
A chegada da equipe foi uma verdadeira apoteose, com uma multidão de pessoas invadindo as ruas para abraçar os campeões. Olívio relembra ter sido aquele o momento mais significativo até então em sua vida, quando seus pais vieram ao seu encontro inebriados de orgulho pelo filho que agora era aclamado pelas ruas de toda a cidade.
Logo após se congratular com fãs, amigos e familiares, Olívio foi até a residência de Pedro e Zilah Garraffa, família com a qual já estreitava relações por serem pais da bela jovem Elizabeth, de 18 anos, que começava a roubar-lhe atenções mais especiais. Lá, Olívio pode apreciar o olhar de orgulho, que naquele momento, era o que mais esperava. Olívio e Elizabeth se casaram em 1969 e tiveram três filhos: Georgia (1970), Cristiano (1972) e Mateus (1978).
Em 1967, chegaram novamente à final do Campeonato Estadual Amador e tiveram de enfrentar uma pedreira chamada 15 de Novembro de Campo Bom, time que durante todo campeonato havia apresentado uma campanha que fazia poucos depositarem esperanças na vitória do Botafogo.
Na primeira partida da final, em Três de Maio, o 15 de Novembro simplesmente bombardeou o goleiro do Botafogo, Jorge Kath, finalizando o primeiro tempo com o placar de 2 x 0. Aquele placar, em casa, começava a causar grandes estragos no entusiasmo da torcida, que era o que dava força ao time. No intervalo, o técnico Marcelino Cassol foi enfático com sua equipe “Pessoal, pelo amor de Deus, vamos nos dedicar para buscar esse resultado! Não dá para nós chegar até aqui e entregar tudo desse jeito”. As palavras do técnico pareceram dar resultado.
No segundo tempo o Botafogo reagiu e empatou a partida. Faltando poucos minutos para o final do jogo, em um passe de bola recebido do lateral direito, Orlando Magalhães, Camilo Kerwald, se lançou em uma jogada desesperada à frente, onde teve de driblar três jogadores da defesa do 15 de Novembro, e cruzou para Olívio, que estava perto da grande área. Imediatamente o ‘Faixa’ se tornou o alvo mais caçado em campo e não teve muito tempo para pensar, entrou na área praticamente colado ombro a ombro com outros dois jogadores do 15 de Novembro e chutou no canto direito do gol, fazendo a rede esticar nas costas do goleiro e garantido a vitória do Botafogo por 3 x 2. Naquele momento, salvaram-se de um resultado que os levaria para a última partida, em Campo Bom, completamente descreditados não só pela torcida, como também por eles próprios. Naquele dia, durante a marcha até a gruta do Colégio Castelo Branco, Olívio conta que era possível ouvir soluços de choro entre risos aliviados pela vitória.
Mas na partida de ida, em Campo Bom, o 15 de Novembro, mostrando todo o futebol que o levou até aquela final, devolveu o placar, vencendo a partida por 3 x 1. Na época, contava somente o saldo positivo de gols. Assim foram para a prorrogação de trinta minutos onde nenhuma das duas equipes conseguiu marcar gols, o que levou aquela final para os pênaltis.
As regras da época, estabeleciam que apenas um jogador de cada time batia as penalidades e o escalado para assumir essa responsabilidade pelo Botafogo, era o meia-direita Flávio Fasolo. Imediatamente a tensão se espalhou pelo ar e todo o restante do time se reuniu à beira do campo para rezar abraçado, com os olhos fechados e as cabeças pendentes ao chão, sem coragem de assistir aquele desfecho que poderia se tornar um trauma a se lamentar por muitos anos. Felizmente, Flávio Fasolo estava perfeitamente concentrado naquele dia e marcou nos cinco chutes que enviou para a goleira. O batedor do 15 de Novembro acabou não tendo o mesmo êxito, marcando apenas quatro, encerrando aquela batalha em 5 x 4, e levando o Botafogo de Três de Maio a se tornar o Bicampeão Estadual de Futebol Amador na casa de um de seus adversários mais temidos, e que até então, era o time do Rio Grande do Sul, com mais títulos no campeonato amador.
Na volta para casa, a cidade estava em festa com mais um título. Centenas de pessoas foram para as ruas esperar a chegada dos jogadores campeões do Estado. Alguns se posicionaram na entrada da cidade para serem os primeiros a anunciar com foguetes a chegada do ônibus com a equipe; outros foram de carros tentar encontra-los no caminho para acompanhar a equipe em carreata, e ainda, alguns gaiatos, aproveitando-se das estradas empoeiradas de acesso a cidade, com uma Rural Willis, davam a volta por estradas paralelas do interior e chegavam à cidade soltando fogos, fingindo serem a comitiva que acompanhava os jogadores.
Logo um festival de rojões era ouvido por toda a cidade e quando percebiam que na verdade haviam queimado todos os seus fogos por conta de uma brincadeira de fuzarqueiros, saiam correndo atrás da Rural Willis, xingando as progenitoras dos nobres cidadãos que riam e tentavam aplicar o golpe novamente.
Os estabelecimentos comerciais que vendiam fogos de artifício e possuíam bons estoques, fizeram muito dinheiro naquele dia.
O Botafogo ainda viria a se tornar campeão estadual em outras duas oportunidades, em 1980 e 1985, quando Olívio já não estava mais marcando gols neste tipo de campo.
Aos 79 anos, Casali segue fiel ao Botafogo
DOS GRAMADOS PARA OS NEGÓCIOS
Em todas as cerimônias que envolviam o Botafogo, era necessário que um representante se pronunciasse, e o escalado quase sempre era o ‘Faixa Casali’.
Em 1971, quando Olívio se graduava em Administração pela Setrem, tornou-se vice-presidente do Centro Acadêmico da instituição, ao lado do presidente Antônio Carlos Borges, que naquele momento era secretário de administração do prefeito Walter Ullmann. Mais tarde, Borges viria a se tornar prefeito de Santa Rosa (1977 – 1982).
O ponto de virada entre o atleta e o político Olívio Casali ocorreu em uma oportunidade em que o prefeito Walter Ullmann, quando estava em sua segunda administração (a primeira entre 1955 e 1959), fez uma visita à Setrem, e no cerimonial para recebê-lo, Antônio Carlos Borges, por ser também seu secretário na prefeitura, acabou deixando o encargo de falar em nome do centro acadêmico para seu vice, Olívio Casali. A desenvoltura e carisma de Olívio, adquirida por conta das inúmeras vezes em que representou o Botafogo nos eventos de futebol, causaram a melhor das impressões em Ullmann, e isso, associado a outro talento que o jovem vinha mostrando como administrador de sua primeira empresa - uma loja de artigos variados -, estabelecida na Avenida Uruguai em 1970, a qual deu o nome de “Casas Casali” (local onde em 1988, inauguraria sua primeira rádio, a Cidade Canção) começaria a deixar o nome de Olívio marcado também fora dos campos.
Em 1972, inaugurou a primeira filial da Casas Casali, também em Três de Maio, oportunidade em que convidou o prefeito Walter Ullmann para cortar a fita inaugural. Nos anos seguintes, Olívio abriria outras três filiais nas cidades vizinhas, Horizontina; Boa Vista do Buricá e Santa Rosa.
DOS NEGÓCIOS PARA AS TRIBUNAS
Em 1976, quando começaram as movimentações entre os partidos políticos para escolherem seus representantes para as eleições municipais daquele ano, Walter Ullmann foi interpelado sobre quem poderia ser indicado para disputar a campanha na sublegenda do partido, e a resposta foi: Olívio Casali. A sugestão soou como a mais óbvia naquele momento, então lideranças do partido como Albino Ivanoswski, Érico Feldman, Ervino e Hugo Schardong, Arnaldo Lângaro, Alcy Ramos Tomasi, a família Dahlen e principalmente, o técnico do Botafogo, Marcelino Cassol, rapidamente se prontificaram a convocar o ‘Faixa Casali’ para uma nova disputa, desta vez, fora dos gramados.
Naquele pleito, as sublegendas foram um dispositivo criado pelo regime militar que consistiam na autorização para os únicos dois partidos permitidos a disputar as eleições - a ARENA e o MDB -, apresentarem cada um, mais de um candidato nas eleições majoritárias.
Ao final, somavam-se os votos dados às sublegendas, e a totalidade destes era atribuída ao candidato mais votado do partido. Ou seja, o eleito era o candidato mais votado do partido mais votado.
O candidato principal da ARENA em Três de Maio era Nestor Eickhoff, e Olívio concorreu na sublegenda do partido, tendo os dois candidatos, Dorildo Goelzer como candidato a vice-prefeito. Foi então que o ‘Faixa Casali’ pôde realmente testar sua popularidade, e aos 32 anos de idade, acabou sendo eleito prefeito de Três de Maio pela primeira vez, em um mandato que duraria seis anos.
Após, repetiria o feito em mais três oportunidades, sendo até hoje o prefeito mais vezes eleito na história do município.
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