Área cultivada com milho cai 20% em Três de Maio

Ao todo, 5,2 mil hectares foram semeados pelos agricultores três-maienses

Área cultivada com milho cai 20% em Três de Maio
Baixo preço pago pelo produto e o possível falta de chuva decorrente do efeito La Niña prevista para o verão 2024/2025

A Emater-RS/Ascar de Três de Maio estima uma redução de cerca de 20% na área cultivada com milho em relação à safra anterior. Ao todo, os agricultores três-maienses destinaram 5,2 mil hectares à cultura, sendo que 92% da área total teve a semeadura concluída no município. ‘As plantações estão em uma fase inicial de desenvolvimento vegetativo, apresentando um desenvolvimento satisfatório. Em linhas gerais, a fase atual é de germinação a oito folhas. Os produtores rurais estão aproveitando o período para fazer o controle de plantas daninhas e a aplicação de nitrogênio na cultura’, explica o extensionista da Emater-RS/Ascar, Leonardo Rustick.

Por ser uma cultura de verão, o milho demanda mais calor e umidade para um melhor desenvolvimento, diferentemente do clima ideal para o trigo, que é um cereal de inverno. ‘O milho necessita de chuvas frequentes e boa luminosidade para um desenvolvimento satisfatório’, acrescenta.

Leonardo destaca que os produtores estão apreensivos devido aos baixos preços da commodity. ‘Provavelmente, esse deve ter sido o principal motivo para a redução da área cultivada, pois os custos de produção estão altos, além do clima, que pode ser desfavorável para a cultura.’

O extensionista lembra que, nos últimos anos, houve problemas com a safra, com produtividade muito abaixo do esperado. ‘Foram dois anos consecutivos de estiagem e, no último ano, as perdas foram causadas por doenças e excesso de chuvas’, declarou.

 

Chuva negra não atrapalha o desenvolvimento de legumes e verduras, afirma especialista 

As queimadas registradas na Região Centro-Oeste do país têm impactado o cotidiano dos gaúchos. Inicialmente, uma grande quantidade de fumaça cobriu o território gaúcho, deixando o clima seco. Na quinta e sexta-feira da semana passada, chuvas com fuligem foram registradas em diversos pontos da região, o que gerou dúvidas sobre o uso da água e possíveis efeitos no desenvolvimento das plantas.

Leonardo explica que essa chuva não afeta o desenvolvimento de frutas, verduras e legumes. ‘A chuva negra, causada pelas queimadas, contém partículas da queima vegetal que foram lançadas na atmosfera e desceram junto com as gotículas de água. A princípio, as chuvas não são tóxicas, mas recomenda-se não utilizar essa água para consumo humano ou para dessedentação animal. As verduras, frutas e legumes podem ser consumidos, apenas é recomendável uma boa lavagem desses alimentos antes do consumo’, conclui

 

Trigo mantém desenvolvimento satisfatório

Em 84% das lavouras de trigo, as plantas estão na fase de enchimento de grãos. O restante está em floração ou em fase de desenvolvimento vegetativo. ‘Até o momento, o clima tem sido favorável para a cultura em nossa região. Não tivemos maiores problemas relacionados ao clima, mesmo com as previsões de geadas tardias, que não se concretizaram’, pontua Rustick.

As lavouras apresentam um desenvolvimento satisfatório. ‘Espera-se colher em torno de 3.300 kg/hectare, com uma área total de 12,8 mil hectares. Mesmo com o índice médio de produção, o produtor terá uma margem muito pequena para fechar as contas. Não é possível ter uma grande animação devido ao preço baixo pago pela saca’, ressalta.

A colheita do cereal se intensifica a partir do dia 10 de outubro, com os cultivares mais precoces, e se estende até o final de outubro e começo de novembro. ‘Nos próximos dias, a cultura entrará na fase de maturação. Neste período, é possível haver perdas de produtividade decorrentes de excesso de chuvas. Portanto, para as próximas semanas, o ideal é que as chuvas ocorram dentro da normalidade’, pondera.

Quanto à canola, que registrou uma área de 220 hectares cultivados, a previsão de produtividade é de 1.680 kg/ha. ‘A maior parte da cultura está na fase de enchimento de grãos, atingindo 60% da área total. O desenvolvimento está dentro do esperado, sem ocorrências de prejuízos devido ao clima. Nos próximos dias, a maturação será seguida pela colheita’, frisa.

‘A canola, que anteriormente tinha um preço superior ao da soja, está nesta safra com preço inferior ao da soja, o que também deixa os produtores pouco animados com relação à lucratividade da atividade’, complementa Rustick.