TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - PEDRO GARRAFA

PEDRO GARRAFA
Pedro Garrafa, neto de italianos e filho de Antônio e Stela Garrafa, nasceu em 10 de janeiro de 1920, em Tapera, RS. Estabeleceu-se na Vila Três de Maio no início dos anos 1940 com um bar chamado “Café Brasil”, o qual oferecia, como especial atração a seus clientes, uma mesa de sinuca oficial, e onde Pedro mantinha sociedade com dois irmãos Clotildo e Anselmo Garrafa.
O estabelecimento dos irmãos Garrafa ficava na rua lateral à igreja matriz católica, na época chamada de Travessa Padre Vieira, local bastante próximo à casa comercial dos irmãos Vontobel (hoje Sorveteria Cremolatto), onde Zilah Vontobel (nascida em 16.11.1921), filha de João Vontobel e Christina Boss Stumm, trabalhava como gerente e balconista da loja, que era administrada pelo seu tio, Leopoldo Vontobel.
Talvez essa proximidade tenha contribuído para que, um dia, Pedro Garrafa e Zilah Vontobel, se encontrassem em um caminho que acabaria os unindo em matrimônio diante de Deus e seus familiares na capela católica de Esquina Araújo, onde os pais de Zilah moravam, depois de terem se mudado de Três de Maio para uma propriedade com extensa área de dez quadras de campo naquela localidade.
Naqueles mesmos dias, a igreja matriz católica de Três de Maio estava com sua obra em fase de conclusão, a qual teve a participação de Pedro em sua etapa final, atuando como tesoureiro da comissão de construção.
O primeiro filho do casal, José César (1945), acabou falecendo prematuramente aos seis meses de vida, vítima de meningite, mas, em seguida, Pedro e Zilah tiveram mais quatro filhos: Volnei (1946); Maria Cristina (1948); Elizabeth (1950) e Marcos (1960).
Após sua união com Pedro Garrafa, Zilah passou a ajudar o marido em seu estabelecimento, auxiliando nas áreas em que o negócio tinha mais chances de crescer. Assim, Zilah começou a produzir lanches, salgados e doces para o estabelecimento, além de ajudar nas demais necessidades que iam aparecendo.
Naqueles primeiros anos de portas abertas, o Café Brasil passou a chamar bastante a atenção, pois os irmãos Garrafa começaram a produzir sorvetes de frutas para vender, algo mais complicado de ser produzido naquele tempo, através de uma “moderníssima sorveteira ‘Mar Frigidaire’ com instalação elétrica”, segundo propaganda veiculada nos jornais de circulação local pelos irmãos.
O sorvete produzido pelos irmãos Garrafa fazia tanto sucesso que pessoas vinham de localidades distantes do centro e até de cidades vizinhas somente para experimentar aquela novidade, que diziam ser o melhor sorvete de toda a região.
Pedro Garrafa era um homem sempre atento às oportunidades, buscando o que de melhor existia nas tecnologias de seu tempo, investindo pesado no que julgava ser promissor, o que logo o fez querer expandir mais os seus negócios para outras áreas.
Estimulado pelo cunhado e amigo Arno Vontobel, criador da conhecida empresa de doces Mumu, que morava em Porto Alegre, no início dos anos de 1950, juntamente com os irmãos, Pedro Garrafa decidiu montar uma tipografia para a confecção de material impresso, adquirindo uma avançada impressora tipográfica “Original Heidelberg”, importada da Alemanha, a qual, na época, teria sido a primeira impressora automática do interior do Estado.
Tempos depois, olhando para o colégio das freiras, que ficava a alguns metros do estabelecimento da família, Zilah comentou com Pedro: “Olha o movimento de estudantes que tem aqui, porque não abrimos também uma livraria?”.
A ideia soou interessante para Pedro, que dias depois viajou para Porto Alegre onde adquiriu diversos volumes e materiais escolares para dar início a este novo empreendimento, inaugurado por volta de 1954, o qual ficou inicialmente conhecido como “Livraria, Tipografia e Bar Garrafa”.
Logo, por ocasião do fechamento do bar, foi agregado ao nome a definição de “bazar”, tornando-se “Livraria, Tipografia e Bazar Garrafa”. Em 5 de setembro de 1966, com o fechamento da tipografia, o negócio passou a se chamar, enfim, “Bazar Garrafa Ltda”.
A livraria aqueceu ainda mais os negócios da família e, com o tempo, o bazar começou a comercializar também aparelhos eletrodomésticos e instrumentos musicais.
Pedro Garrafa sempre foi um amante da música, tanto que doou diversos equipamentos musicais para a banda do Colégio Cardeal Pacelli, a qual, nos anos seguintes, o homenagearia passando a se chamar de Banda Marcial Pedro Garrafa.
O Bazar Garrafa funcionou por muitos anos no mesmo endereço, quando, então, após o falecimento dos pais e do sócio e tio, Clotildo Garrafa, os filhos de Pedro e Zilah decidiram alugar o imóvel da família para outros empreendimentos.
Pedro Garrafa veio a falecer no dia 22 de janeiro de 1977, uma semana antes de seu genro, Olívio José Casali, marido de Elizabeth, assumir como prefeito de Três de Maio pela primeira vez, aos 32 anos de idade.
Tempos depois, a Travessa em frente ao bazar foi renomeada como “Travessa Pedro Garrafa”, deixando marcado no lugar o nome de um homem que soube empreender e crescer, sempre mantendo um olhar à frente das dificuldades e dos dilemas de saúde que enfrentou por boa parte de sua vida.
Hoje, nestes dias quentes de verão, ainda é possível tomar um delicioso sorvete no lugar onde antes funcionava o famoso Café Brasil, mesmo que não sendo mais produzido por uma moderníssima sorveteira Mar Frigidaire.
Apesar dos problemas que envolviam sua saúde, Pedro Garrafa procurava sempre se mostrar uma pessoa alegre e disposta para quem estivesse à sua volta
Volnei, Elizabeth e Marcos com esposas, marido, filhos e netos em encontro da família no Natal de 2024
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