INTERCÂMBIO DO ROTARY: Três-maienses contam suas experiências vividas na Alemanha
Um ano inesquecível para Clara Dockhorn Hendges e Lara Daniel Tiecher, as duas jovens três-maienses que participaram do programa de intercâmbio do Rotary Internacional. O intercâmbio de ambas foi na Alemanha. Clara morou em Taunusstein e Schlangenbad. Já Lara permaneceu por todo o período na cidade de Hamburgo. Nesta edição, elas relatam o que vivenciaram no país europeu, os desafios, as conquistas e lembranças que irão levar para a vida toda.
‘Me transformou como pessoa e me fez ver o mundo de uma forma completamente diferente’
Clara Dockhorn Hendges, 17 anos, retornou do intercâmbio no dia 17 de junho. Pelo período de quase 11 meses, a jovem morou nas cidades de Taunusstein e Schlangenbad. Filha de Ana Dockhorn e Marcos Hendges, Clara estava na Europa desde o dia 2 de agosto de 2024.
A intercambista relata que no início os desafios foram muitos. A adaptação à nova rotina, aos costumes de sua nova família no país europeu, as diferenças da língua - o alemão é bem difícil na avaliação da jovem, e, principalmente, a saudade da família e amigos.
Porém, com uma rotina bem movimentada, a saudade deu espaço para novas experiências. “Sempre tinha alguma coisa para fazer, um lugar novo para conhecer ou alguém para encontrar. Eu ia à escola de segunda a sexta-feira, com aulas todas as manhãs e duas tardes por semana. Estudava matérias normais e, no meu tempo livre, me dedicava a aprender alemão por conta própria. Também encontrava constantemente os outros intercambistas — a gente costumava ir para Frankfurt, tomar um mate à beira do rio Meno ou curtir a cidade juntos", relembra.
Ao longo do período em que esteve em solo alemão, Clara morou com duas famílias. “Na primeira família, na cidade de Taunusstein, fiquei de agosto a janeiro. Já na segunda, em Schlangenbad, de janeiro a junho. Foram experiências diferentes, com desafios, mas, no geral, foi tudo tranquilo. Tenho um carinho especial pela primeira família, com quem ainda mantenho contato”, declarou.
Questionada sobre as diferenças e semelhanças dos alemães e brasileiros, na opinião da jovem, destaca a dedicação e determinação do povo alemão. "São pessoas muito determinadas e que não desistem facilmente. Mas, ao mesmo tempo, as diferenças são fortes. Eles são fechados, mais tímidos e isso fica muito claro na convivência, principalmente, na escola. No início, eu estava em uma turma em que quase ninguém falava comigo. Foi só em dezembro, quando mudei de turma, que as coisas melhoraram bastante”, ressaltou.
Clara aproveitou o período em que esteve no intercâmbio para visitar os países europeus. No registro, a jovem em frente à Torre Eiffel, na França (Fotos: Arquivo Pessoal)
'Um povo que respeita as regras e tem consciência social'
Uma das coisas que mais chamou a atenção da intercambista no país europeu foi o respeito às regras e a consciência das responsabilidades. "A Alemanha é muito avançada e em vários sentidos. Possui um transporte público excelente e de qualidade, tem acessibilidade em tudo, e, principalmente, a consciência social das pessoas, é tudo muito evoluído”, conta.
Outro ponto que a surpreendeu foi a diversidade de pessoas que moram no país. “Eu tinha uma imagem da Alemanha como um lugar mais ‘padrão’, com pessoas de olho claro e tudo mais. Mas, na verdade, encontrei uma mistura enorme de culturas e imigrantes de vários países do mundo. Isso me fez perceber o quanto o país é multicultural”, acrescenta.
Clara não esconde a preferência pela cidade de Frankfurt am Main. “Estava quase todo dia lá. Encontrava os outros intercambistas e me encantava com a mistura de histórias, de culturas, dos prédios modernos e o rio Meno. Além da Alemanha, tive a sorte de viajar pela Europa e os países que mais me marcaram foram França, República Tcheca, Itália e Espanha”, salientou.
Clara diz que vai levar para vida desse intercâmbio, são os amigos que fez — especialmente os outros intercambistas, que viraram minha segunda família. "Também vou levar todo o aprendizado: conhecer uma nova cultura, aprender um novo idioma, sair da zona de conforto. Isso ninguém tira de mim. Se eu tivesse outra oportunidade, faria tudo novamente. Foi a melhor fase da minha vida até então, cheia de momentos incríveis que vou guardar para sempre. Esse período me transformou como pessoa e me fez ver o mundo de uma forma completamente diferente”, conclui.
Registro em frente à Arena de Verona, na Itália, durante a viagem pela Europa com os 118 intercambistas vindos de mundo todo
‘Se eu pudesse, faria tudo de novo e levaria minha família junto’
Há pouco mais de uma semana de volta a Três de Maio, Lara Daniel Tiecher, 19 anos, filha de Carmen e Darci Tiecher, diz que viveu um ano incrível e cheio de aprendizado. Foram onze meses em que ela permaneceu na Europa, conhecendo novas culturas, costumes, lugares e pessoas. “Foi um período de muitas descobertas e momentos que vão ficar para sempre na memória. Apesar de ter gostado tanto da Alemanha, estou muito feliz por reencontrar minha família e amigos, confesso que estava bastante ansiosa por esse momento”, declarou Lara.

Lara em viagem à Itália
A primeira impressão da jovem foi com a organização daquele país. “O primeiro impacto positivo foi perceber o quanto tudo é organizado: os transportes funcionam bem, as ruas são extremamente limpas e as pessoas, embora mais reservadas, são muito educadas", relata.
Outro impacto positivo foi que logo ao chegar, Lara já fez amizades com outros intercambistas e voltou a jogar voleibol.
Para Lara, um dos pontos mais difíceis no começo foi a distância, a saudade de casa e a língua, que é muito diferente.
No dia a dia, a rotina começava cedo. Para chegar à escola, ela pegava um trem. “As aulas começavam às 8 horas, mas em alguns dias eram horários diferentes. O término era entre 14 e 16 horas. Eu almoçava em casa e, à tarde, passeava, fazia atividades com minha família anfitriã ou encontrava amigos. Nas segundas e quintas-feiras tinha treino de vôlei e a cada 15 dias - nas terças-feiras, tinha reunião do Interact Club”, detalhou.
Lara acredita que teve muita sorte em fazer muitas amizades através do esporte e da participação no clube de serviços. “Vivi com uma família muito especial, meus pais anfitriões foram muito receptivos, eu também tinha duas irmãs, um irmão e um cachorro. Eles me receberam com muito carinho e me ensinaram muito sobre a cultura alemã”, complementou.
'Responsabilidade e pontualidade são levados muito a sério'
A jovem destacou que existem muitas diferenças culturais entre alemães e brasileiros. “Os alemães são bem mais diretos e objetivos, enquanto nós brasileiros temos um jeito mais caloroso e informal de lidar com as pessoas. Aprendi que muitas vezes eu não poderia ‘dar um jeitinho’ para tudo. Ser pontual também é algo muito importante. Existe uma diferença marcante quanto a responsabilidade e pontualidade, pois na Alemanha, os horários são levados muito a sério”, destacou.
Outro ponto que chamou atenção de Lara, é quanto os alemães criam seus filhos para serem independentes. “Os estudantes vão e voltam da escola sozinhos, cuidam de parte da rotina sem depender dos pais, claro que o sistema de transporte é seguro e funciona muito bem. Também achei incrível como a natureza é valorizada. A Alemanha cuida muito do meio ambiente e adota diversas medidas para a sustentabilidade e cuidado com o planeta”, acrescenta.
A falta da espontaneidade, típica do brasileiro, do afeto nas relações e da comida foi o que mais sentiu falta quando esteve longe do Brasil. “Especialmente do churrasco do meu pai e do arroz e feijão da minha mãe. A minha maior dificuldade foi com a língua, principalmente no início, quando ainda não dominava o alemão. Mas com o tempo, praticando no dia a dia, tudo foi ficando mais fácil”, complementa.
Lara morou em Hamburgo - que é uma cidade linda - ela também conheceu Berlim, Munique, Dresden, Frankfurt, Harz, Lübeck, Düsseldorf, Flensburg, Kiel, a ilha de Föhr e de Wangerooge, além de algumas cidades da Itália, Escócia, República Tcheca, Eslováquia, Áustria, França e Holanda. "Foi uma experiência indescritível e é impressionante como na União Europeia pode-se circular livremente entre os países membros sem precisar de vistos ou burocracia excessiva. Muitas das viagens eu fiz com minha família anfitriã”, conta.
Lara e suas colegas do time de vôlei SC Wentorf
‘Colecionei novas amizades, memórias inesquecíveis e uma segunda família’
Do intercâmbio, Lara levará a visão de mundo, a importância da independência e uma nova forma de amadurecimento. “Aprendi a lidar com a saudade, com desafios e, principalmente, a me adaptar a uma nova cultura respeitando as diferenças. Ganhei novas amizades, memórias inesquecíveis e uma segunda família."
Lara revela que voltou diferente, com outras perspectivas e outros propósitos. “O intercâmbio não muda só a forma como você vê o mundo, mas também como você se vê dentro dele e quantas oportunidades ele tem a nos oferecer”, finaliza.
Se tivesse uma outra oportunidade de participar de um intercâmbio, ela responde sem hesitar: “Sem dúvidas, sim! Viver um intercâmbio é algo único. Se eu pudesse, faria tudo de novo e levaria junto minha família para conhecer”, finaliza a jovem.
Família anfitriã e Lara, durante viagem à Escócia









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