TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - A CASA COMERCIAL DE LUIZ BONAMIGO
A CASA COMERCIAL DE LUIZ BONAMIGO
Quando Luiz Bonamigo, nascido em 19 de junho de 1909, na Linha 9, em Ijuhy, conheceu a jovem Magdalena Ceccato, nascida em 03.02.1911 na Linha 11, não teve dúvidas de que havia encontrado a pessoa certa para constituir uma família. Os dois se casaram no dia 11 de outubro de 1930 e tiveram seis filhos: Arlindo (1931), Nilo (1932), Nelson (1935), Ademar (1939), Telmo (1942) e Maria Teresa (1946).
Os dois primeiros filhos nasceram quando o casal ainda residia em Ijuí, e um ano após o nascimento de Nilo, em 1933, Luiz Bonamigo se instalou com uma casa comercial e fábrica de vassouras na Linha 1-Leste, sendo que somente dois anos depois, em 1935, a família decidiu se mudar para a localidade de Santa Terezinha (hoje São José do Inhacorá), no município de Santo Ângelo, quando esta constituía apenas um pequeno arruado de moradores.
Em 1938, um cunhado de Luiz Bonamigo, Carlos Sartori, que trabalhava com o comércio de madeira na Vila Três de Maio, vendeu-lhe uma loja que possuía na Avenida Uruguai e se transferiu para Giruá, onde a linha ferroviária oferecia melhores oportunidades para o seu comércio. Naqueles anos, a Vila Três de Maio, distante 15 quilômetros de Santa Terezinha, crescia em ritmo acelerado e o comércio aflorava por todos os cantos.
Foi então que Luiz Bonamigo abriu sua casa comercial no principal ponto de movimento da Vila, na Avenida Uruguai, em frente à Praça da Bandeira. No estabelecimento passou a vender de tudo: farinha, arroz, feijão, roupas, sapatos, chapéus, pás, enxadas, facões, máquinas de costura, armas de fogo e munições, tudo sem qualquer documentação pois, na época, possuir uma arma de fogo era como possuir um bem qualquer.
Os produtos alimentícios eram armazenados a granel em tulhas de onde eram retirados com uma concha nas quantidades que eram solicitadas por quem estava comprando e colocadas em embalagens de papel produzidas pelo próprio estabelecimento, que depois eram pesadas na frente do cliente. Com a venda de banha ou mel se fazia o mesmo. Esses produtos ficavam armazenados em uma lata grande, e para comprá-los, o cliente trazia de casa uma pequena lata bem lavada, que era pesada na sua frente, para depois ser descontado no peso final.
Outro item que era bastante comum ser vendido eram as dinamites, normalmente utilizadas para abrirem poços para abastecimento de água em locais com muitas lajes. Logo, Luiz Bonamigo instalou uma bomba de combustível a manivela na frente de sua loja e começou a comercializar também gasolina, além de querosene e tintas de parede, e, mais tarde, quando a loja começou a comercializar tecidos, o nome do estabelecimento mudaria para “Tecidos Bonamigo Ltda”.
Os três filhos mais velhos de Luiz e Magdalena Bonamigo, assim como os pais, acabaram seguindo no ramo do comércio: Arlindo trabalhou por mais de quarenta anos com uma loja de calçados em Três de Maio, Nilo abriu uma loja de vestuário em Santa Rosa e Nelson se estabeleceu com um mercado ao lado da loja do pai, ao qual deu o nome de Mercado Bonamigo, contando sempre com a ajuda de sua esposa, Úrsula.
Foram nestes primeiros anos de existência do mercado, que Nelson contratou para trabalhar como vendedor itinerante de geladeiras da marca “Gelomatic” (marca de geladeiras que funcionavam a querosene para áreas rurais sem eletricidade) José Alexandre Casali, até então vendedor de porta em porta da empresa Becker, Lower & Matzenbacker Ltda, onde Casali havia criado uma boa cartela de clientes, vendendo aparelhos de rádio para os colonos do interior do município.
Tempos depois, José Alexandre conseguiu com Nelson uma vaga de trabalho para seu filho de quinze anos, Olívio, que naquele momento estava precisando de um emprego que lhe rendesse uma remuneração melhor do que a que estava conseguindo até então com outros trabalhos.
Logo, Olívio assumiu o caixa do mercado, ficando como responsável também por abastecer as prateleiras do estabelecimento. Um ano depois, precisando dar continuidade em seus estudos no Colégio Machado de Assis, em Santa Rosa, Olívio foi trabalhar na loja de confecções do irmão de Nelson, Nilo Bonamigo, estabelecido com sua loja em um ponto movimentado na estação rodoviária de Santa Rosa.
Três anos depois, após concluídos seus estudos, Olívio retornou a trabalhar no estabelecimento de Nelson em Três de Maio, só que desta vez como gerente comercial da loja, juntamente com Úrsula, esposa de Nelson, período em que desenvolveu bastante seu tino comercial, o que, em 1968, o levaria a inaugurar a primeira das seis lojas que viria a ter, as quais deu o nome de “Casas Casali”.
Os outros dois filhos de Luiz Bonamigo, Ademar e Telmo, tornaram-se médicos renomados em suas especialidades, e a filha caçula, Maria Teresa, formou-se professora.
O estabelecimento fechou as portas nos anos de 1970, e seu proprietário, Luiz Bonamigo, veio a falecer no dia 13 de agosto de 1979. Anos depois, o imóvel onde funcionava sua casa comercial foi demolido para a construção de um edifício da família, em cujo andar térreo hoje funciona a Caixa Econômica Federal de Três de Maio.
A Casa Comercial de Luiz Bonamigo foi o principal centro de comércio do lugar por muitos anos, sendo a primeira a se adaptar aos novos tempos onde as pessoas não mais precisavam solicitar suas compras num balcão, podendo elas mesmas escolherem os seus produtos diretamente nas prateleiras, uma transição que naquele tempo só poderia ser assimilada por alguém como Luiz Bonamigo, que tinha no sangue um verdadeiro espírito de comerciante.
Revisão do Dr. Prof. Leomar Tesche
e do Historiador Orlando Trage

A Casa Comercial de Luiz Bonamigo começou a funcionar no endereço
em frente à Praça da Bandeira no ano de 1938

Era grande a movimentação de carroças e clientes em frente à loja que vendia desde gêneros alimentícios a dinamites

Propaganda da casa comercial veiculada em jornais da época

Luiz Bonamigo e Magdalena Ceccato se casaram em 1930 e tiveram seis filhos









Comentários (0)