Ventos fortes deixaram rastro de destruição em Giruá
Jovem fisioterapeuta, de 26 anos, perdeu a vida quando houve o desabamento da estrutura de uma quadra de padel. Outras 56 pessoas ficaram feridas
Em novembro, considerando até o dia 15, já choveu uma média de 226 milímetros no Rio Grande do Sul, o que representa 240% do que é esperado para todo o mês. Os números são de dados combinados de estações meteorológicas e satélite do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC).
O feriado de 15 de novembro foi marcado por chuva na maior parte do Estado com grandes acumulados de chuva, chegando em algumas cidades a 100 mm. O episódio mais grave se deu no município de Giruá, por volta das 21h, quando um temporal violento deixou uma rastro de destruição, causando uma morte e de dezenas de feridos.
Uma quadra de padel, em um complexo esportivo, veio abaixo com a força do vento, causando a morte da jovem Isabeli Soardi, de 26 anos, que foi atingida por uma estrutura de alvenaria. Conforme informações, 56 pessoas ficaram feridas, pois, no local, estava ocorrendo uma confraternização. Duas pessoa estão hospitalizadas, uma em estado grave. Nas redes sociais, Isabeli compartilhava dicas de saúde, rotina de exercícios e fotos de viagem. Antes do acidente, ela publicou stories treinando com o namorado.
Além do complexo esportivo, casas foram destelhadas, postes de energia elétrica cairam e árvores foram derrubadas pelo forte vento. A Defesa Civil municipal segue realizando levantamento dos danos causados.
Isabeli Soardi, 26 anos, era fisioterapeuta, com clínica em Giruá. Conhecida na comunidade, gostava de participar de competições esportivas e incentivava hábitos de vida saudável, compartilhando dicas de saúde nas redes sociais. Jovem era sobrinha da secretária de Saúde de Três de Maio, Jacira Taborda
Fenômeno CCM que atingiu Giruá causa tornados e microexplosões atmosféricas
O sistema responsável pelo temporal que causou destruição em Giruá trata-se do Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM), que é um grande aglomerado circular e de longa duração de nuvens muito carregadas, de grande desenvolvimento vertical, que podem atingir de dez a vinte quilômetros de altura. O fenômeno, costumeiramente, provoca chuva forte a intensa e tempestades, não raro, causando tornados e microexplosões atmosféricas.
De acordo com a Metsul, este complexo convectivo ocorre sob uma atmosfera quente e úmida, por isso é um fenômeno comum em meses da primavera e do verão, enquanto que no outono e no inverno são muito menos frequentes. Normalmente, ocorre em dias muito quentes, durante a noite, enfraquecendo durante o dia e com forte abafamento.
El Niño segue influenciando o clima em novembro, trazendo temporais, descargas elétricas e excesso de chuvas no RS
Novembro está sendo mais um mês sob influência do fenômeno El Niño no Oceano Pacífico, trazendo chuva excessiva em muitas áreas do Rio Grande do Sul. A previsão da MetSul Meteorologia vem se confirmando com chuva acima a muito acima da média em grande parte do Estado, dando prosseguimento ao padrão que se observa desde o inverno com a instalação do El Niño.
A maior frequência de chuva e a atmosfera mais aquecida, à medida que o verão vai ficando mais próximo, significa também que os temporais tendem a aumentar. São ocorrências associadas ao tempo quente e úmido, na maior parte dos casos, e se dão principalmente da tarde para a noite. Ciclones extratropicais também se tornam mais frequentes na primavera e, uma vez que os modelos indicam sinal de temperatura acima da média no Brasil, a MetSul avalia que há um maior risco de ciclones em novembro nas latitudes médias do continente, podendo ser até intensos.
A Metsul prevê ainda que o El Niño vai estar perto do pico de intensidade entre dezembro e janeiro. Já a Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que o fenômeno deve durar ao menos até abril de 2024. Segundo o relatório da entidade, que é vinculada a ONU, 2024 será um ano ainda mais quente que o atual, que já caminha para se tornar o mais quente da história. Conforme o relatório, o fenômeno se desenvolveu rapidamente em 2023 e pode atingir seu pico no primeiro semestre do próximo ano.
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