Alerta para casos de raiva herbívora em bovinos na região
A raiva é uma zoonose, ou seja, uma doença que pode ser transmitida do animal para o humano, conforme explica o médico veterinário Josimar Zorzo
Alguns municípios gaúchos registraram casos de raiva herbívora no rebanho bovino no último mês, inclusive na região, acendendo um alerta nos produtores. A raiva é uma zoonose, ou seja, uma doença que pode ser transmitida do animal para o humano, conforme explica o médico veterinário Josimar Zorzo, associado da Unitec.
“Causada por um vírus, a raiva herbívora é caracterizada por uma manifestação nervosa, com 100% de letalidade, ou seja, todos que tiverem contato com o vírus e manifestarem os sintomas, morrem. Um animal pode incubar a doença por até quatro meses ou manifestá-la 14 dias após ter sido infectado. Ela se apresenta através de manifestações nervosas, em que o animal fica bravo, avança contra humanos, tem perda progressiva na movimentação dos membros, até não conseguir mais levantar e saliva bastante”, acrescenta.
Diagnóstico e transmissão
O exame para diagnóstico confirmatório da doença é feito após a morte do animal ou sacrifício, por meio da coleta do cérebro para realização de teste de imunofluorescência ou prova biológica de inoculação em camundongos. “Como a doença é altamente letal, os infectados morrem. A principal forma de transmissão entre animais é através do morcego hematófago, que, entrando em contato com o sangue de um animal positivo, irá disseminar a doença a todos os demais animais que realizar a mordedura para se alimentar, pois transmite através da saliva.”
Outra forma de transmissão é através do contato com a saliva dos animais que estão manifestando a doença, sendo transmitido inclusive para humanos. É importante ressaltar que o morcego precisa ser portador do vírus para disseminar a doença, pois não são todos que possuem o vírus incubado.
Vacina é o único meio de prevenção
Segundo Josimar, por se tratar de uma doença viral, a raiva herbívora não possui tratamento. A prevenção ocorre por meio da vacinação, que é a única forma de evitar a doença. “A vacinação do rebanho é opcional aos produtores, sendo orientado que em regiões focos todos os seus arredores sejam vacinados, a fim de evitar a disseminação e eliminar os focos da doença.”
Com poucos e isolados casos, a raiva herbívora não preocupava tanto os produtores, já que sempre houveram casos positivos, mas não surtos como estão ocorrendo no Estado neste momento, o que pôs em alerta todas as autoridades locais para que ações fossem realizadas para controlar os focos devido ao perigo de transmissão a humanos e por se tratar de um problema de saúde pública.
“Como ficaram anos sem ter casos de raiva e estando controlada a população de morcegos hematófagos, muitas propriedades deixaram de vacinar seus rebanhos contra a raiva, por não ver necessidade, o que deixou os animais suscetíveis à doença. Outro ponto é que, por ter um período relativamente longo entre a infecção e possível manifestação, as negociações de animais entre todo o território espalhou animais positivos para todo o Estado, o que aumenta a disseminação da doença em áreas com a presença de morcegos hematófagos”, destaca.
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