TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - A EMANCIPAÇÃO

TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - A EMANCIPAÇÃO

A EMANCIPAÇÃO

Após aquela primeira tentativa frustrada de emancipação, os ânimos da população do distrito de Três de Maio permaneceram recolhidos como que tentando entender ou processar o que havia dado errado. 
Mas poucos meses depois, novamente murmúrios acalorados falando em “emancipação” começaram a surgir pelos cantos, e no dia 20 de março de 1951, em matéria publicada no Jornal do Dia de Porto Alegre, Egon Theophilo Heinsch, nascido na localidade de Restinga Seca, próximo a Barrinha, publicou uma matéria tentando fazer as pequenas faíscas que surgiam pelos cantos tornarem-se aos poucos novamente uma chama, e começou trazendo a tona um assunto delicado que vinha causando muitos problemas para o distrito desde que no dia 08 de março de 1949, a antiga ponte de madeira que ligava Três de Maio a Santa Rosa, em virtude de sua precária situação, acabou ruindo quando dois homens a cavalo passavam sobre ela, ocasionando a morte de um deles e dos dois cavalos, e desde então nada havia sido feito pela prefeitura de Santa Rosa para corrigir o problema. Heinsch assim escreveu: “Nesta altura, é importante ressaltar quão útil seria a restauração da ponte sobre o Rio Santa Rosa que servia de ligação entre o atual distrito e a sede do município. A sua paralisação acarreta angustiante contratempo a prejudicar o escoamento da produção. A administração municipal nada fez para neutralizar essa irregularidade, senão colocar uma barca, que muito mal atende as necessidades da região. Para agravar esta contristadora situação, as estradas que dão acesso a Três de Maio encontram-se geralmente em péssimo estado de conservação [...]. Muitos hão meditando sobre a abertura de uma ampla e moderna estrada á cidade de Ijuí, ou melhor, a adaptação da que já existe, a fim de convertê-la plenamente apta a corresponder aos transportes de Três de Maio e circunvizinhanças”. 
Após, Egon Heinsch teceu várias considerações sobre os anseios da população em conseguir emancipar-se de Santa Rosa, e finalizou: “... Por tudo isso, municipalizar Três de Maio é uma providência cuja efetivação se impõe. Nada de malabarismos políticos e nem de subterfúgios. Precisamos de ação, saturada de serenidade e responsabilidade para, afinal, ser satisfeito o caloroso desejo do povo. Avante, pois, povo do dadivoso recôndito de Três de Maio, que o dia da vitória não tardará!”. 
Os protestos da população começaram novamente a serem percebidos por todos os lados, até que finalmente, no dia 11 de junho de 1953, reuniram-se no Clube Buricá um grupo de pessoas decididas a organizar, em caráter oficial, a segunda “Comissão Pró-Emancipação de Três de Maio”. 
Hegon Heinsch foi o secretário desta reunião, e a ata foi encaminhada à Assembleia Legislativa do Estado contendo o seguinte texto: “Ata n° 1 – Aos onze de junho do ano de um mil novecentos e cinquenta e três, estando reunidos em Assembleia Geral, às 20:30 horas, no Clube Buricá, elementos representativos da sociedade local interessados na emancipação de Três de Maio, após abordarem diversos assuntos a este respeito e aceito o convite formulado a mim, Egon T. Heinsch, para lavrar a presente ata, deliberaram organizar em caráter oficial, a ‘Comissão Pró-Emancipação de Três de Maio’, com a finalidade de pleitear junto aos poderes competentes a criação do município de Três de Maio. Procedida a eleição secreta para a escolha de sua diretoria, esta ficou assim constituída: Presidente - Dr. Henrique de Souza Gomes; Vice-Presidente - Carlos Verri; 1° Secretário - Walter Ullmann; 2° Secretário - Egon T. Heinsche; 1° Tesoureiro - José Rucker e  2° Tesoureiro - Mariano Giacomo Loro”. 
Foram aclamados para membros do Conselho Deliberativo da referida diretoria: Dr. Brutus Portinho Nessi, Pe. Dionisio Peluso, Pastor Gustavo Huedepohl, Luiz Bonamigo, Jacob Emilio Reinher, Mario Froes da Silva, José Sala Sobrinho, Oswaldo Fleck, Erwino E. Mensch, Dr. Frederico Krebser, João Raul Borges e Edibaldo Stiegelmeier. 
A Comissão deu andamento desde logo aos contatos que deveriam ser realizados com deputados estaduais e com outras cinco Comissões Pró-emancipação no Estado – que em 1949 haviam participado do último plebiscito – Panambi , Marau, Cerro Largo, Sananduva e Rolante.
Nesta nova empreitada a proposta de formação do novo município incorporaria os distritos de Ivagaci (hoje município de Boa Vista do Buricá) -- até então pertencente a Três Passos -- São José do Inhacorá, parte de Independência e parte de Inhacorá (Três Vendas), então distritos de Santo Ângelo, e claro, o distrito de Três de Maio. 
Mas para se dar andamento neste processo, conforme exigência da Lei, seria necessário uma petição assinada por no mínimo um quinto dos eleitores de cada zona a ser anexada ao novo município, a qual, após realizada, acabou apresentando o seguinte resultado: Em Três de Maio, um quinto dos eleitores somava 476 indivíduos, assinaram favoravelmente 540. Em São José do Inhacorá, quinto de 134, foram favoráveis 184. Ivagaci, quinto de 336, foram favoráveis 675. Independência, quinto de 307, foram favoráveis 393. Inhacorá (Três Vendas), quinto de 235, foram favoráveis 232.  
Assim, tendo a região das Três Vendas do distrito de Inhacorá por muito pouco  não alcançado o número mínimo de assinaturas (faltaram apenas três), impôs-se a exclusão do referido distrito do processo de emancipação de Três de Maio. 
Outra alteração que acabou impondo-se naquele momento dizia respeito ao distrito de Ivagaci. 
Ao mesmo tempo em que Três de Maio corria para tentar emancipar-se,  Crissiumal também tentava alcançar a sua emancipação do município de Três Passos, e em seu processo de emancipação, a sua comissão havia especificado a intenção de anexar a seu território a região de Ivagaci, também pertencente a Três Passos, para conseguirem alcançar os mínimos necessários no que dizia respeito a número de habitantes e receita tributária anual, a qual, sem o distrito de Ivagaci, alcançava um montante de Cr$ 555.156,00, ou seja, um pouco abaixo do mínimo de seiscentos mil cruzeiros exigido por lei. 
Desta forma, incluiu-se apenas uma parte do território de Ivagaci no processo de emancipação de Crissiumal, área está formada pelas localidades de Bom Jardim, Araçá e Candelária (hoje pertencentes ao município de Nova Candelária), agregando a sua receita tributária anual mais Cr$ 58.055,60, o que acabou viabilizando sua emancipação, e o restante da receita do distrito, no valor de Cr$ 148.537,00, ficou com o Três de Maio que, após a exclusão de Inhacorá e das três localidades de Ivagaci, ainda somava em sua receita um montante total de Cr$ 1.048.062,50 e 40.814 mil habitantes. 
Dr. Henrique de Souza Gomes, Presidente da Comissão Pró-Emancipação de Três de Maio, tomou parte, em meados de julho de 1953, de uma reunião dos Presidentes das demais Comissões, já então em número de doze, sendo eleito presidente entre todas elas e, ao mesmo tempo, sendo suplente de Deputado Estadual, assumiu uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado, com a finalidade de se empenhar mais objetivamente na defesa da emancipação, fazendo diversos pronunciamentos na tribuna do Legislativo, a fim de sensibilizar os demais parlamentares. 
Com o intuito de complementar a documentação exigida, foi intensa a coleta de assinaturas dos eleitores favoráveis à emancipação em todos os distritos, conforme algumas listas. 
Realizado pela segunda vez o plebiscito, a apuração dos votos iniciada no dia 21 de dezembro de 1953, em Santo Ângelo, apresentou os seguintes resultados: Três de Maio: Votos sim: 960 – Votos não: 10. Independência: Votos sim: 498 – Votos não: 41. São José do Inhacorá: Votos sim: 175 – Votos não: 6. Ivagaci: Votos sim: 301 – Votos não: 20. Total geral a favor da emancipação: 1934 votos, contra 77 votos. 
Portanto, o movimento emancipacionista sagrou-se finalmente vitorioso em 1953, e para que Três de Maio pudesse dar início a sua primeira administração ao mesmo tempo das demais, no dia 15 de dezembro de 1954, o Governador do Estado Ernesto Dorneles assinou a Lei n° 2.526, criando oficialmente o município de Três de Maio, que no próximo dia 3 de maio, por conveniência, completa 70 anos. Parabéns!!

 

Participou das pesquisas
o Dr. Prof. Leomar Tesche

 

A emancipação de Três de Maio foi alcançada em 1953, a Lei criando o município foi assinada em 15 de dezembro de 1954 e o município foi oficialmente instalado no dia 28 de fevereiro de 1955

 

SUGESTÕES PODEM SER  ENVIADAS   PARA 
WhatsApp  (55) 99706-0456   ou para o  e-mail clemar637@gmail.com