Na corrida e arremesso de dardo, estudantes três-maienses conquistam medalhas nos Jogos Estudantis
Wesley Hollweg Moreira dos Santos, 13 anos, e José Augusto da Rosa Kaulfuss, 14 anos, estudantes da Escola Municipal Cívico-Militar Caminhos Inovadores conquistaram o primeiro lugar em provas de atletismo na final estadual

Pelo significado do dicionário, esporte é toda atividade física competitiva com regras e objetivos bem definidos. Mas, para muitas crianças, adolescentes e jovens, o esporte está ligado à possibilidade de mudar a realidade em que vivem, realizar sonhos, superar desafios e chegar a lugares onde jamais poderiam imaginar.
E essa é a expectativa de estudantes de Três de Maio que se destacaram em importante competição: os Jogos Escolares do Rio Grande do Sul – Jergs, que são considerados uma oportunidade para novos atletas iniciarem suas trajetórias no esporte profissional.
Os garotos Wesley Hollweg Moreira dos Santos, 13 anos, e José Augusto da Rosa Kaulfuss, 14 anos, estudantes da Escola Municipal Cívico-Militar Caminhos Inovadores conquistaram o primeiro lugar na final estadual, disputada nos dias 15 e 16 de outubro, em Santa Maria, em provas de atletismo.
Wesley, aluno do 8° ano, foi campeão no arremesso de dardo infantil (com estudantes nascidos entre 2008 e 2010. Já José Augusto, do 9° ano, conquistou duas medalhas de ouro. Uma nos 75 metros rasos e outra nos 250 metros rasos, na categoria juvenil (com estudantes nascidos entre 2005 e 2007).
Já o aluno Luan Makovski, aluno do 8° ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Frederico Lenz, ficou com o 3° lugar, por empate técnico na categoria de 80 metros rasos na categoria juvenil.
Que estas conquistas sirvam como incentivo aos garotos, e que este seja apenas o começo de uma trajetória vitoriosa no esporte; os primeiros passos na construção de um futuro promissor para os estudantes três-maienses.
As duas medalhas de José Augusto
José Augusto disputou a corrida na categoria especial por ter deficiência física nos membros superiores. Por não haver competidores dentro de sua categoria, nas fases municipal, da 17ª Coordenadoria Regional de Educação de Santa Rosa e na Regional, em Ijuí, o garoto classificou-se para as finais do último final de semana.
Na disputa dos 75 metros, José Augusto correu com outros competidores de categorias diferentes. “A disputa foi apertada com um estudante que tem um braço amputado, mas que era de outra categoria, e que acabou ficando um milésimo de segundo na minha frente. Na minha categoria tinha mais um concorrente na disputa, mas que ficou muito atrás de mim”, revelou o adolescente.
Já na corrida dos 250 metros rasos, José Augusto competiu com outros dois atletas da categoria, além de fazer a prova junto com os competidores da categoria com deficiência intelectual. O mesmo ocorreu nesta categoria, passou na linha de chegada com um competidor de outra categoria, mas, na disputa entre seus concorrentes, venceu com bastante folga.
Participação em rústicas e atleta daescolinha do Botafogo
O estudante conta que começou a se interessar pelo esporte após participar de uma rústica. “No ano passado foi a minha primeira rústica, aqui em Três de Maio. Corri 1,5 km e ganhei o segundo lugar. Depois disso, comecei a me interessar pelo esporte. Pratiquei e treinei mais. Os professores também me apoiam muito e me dão bastante dicas para melhorar a performance na corrida. De lá para cá passei a correr em outras rústicas. Em 2022, eu já corri em outras três”, revela.
Na 1ª Rústica Escolar de Três de Maio, José Augusto conquistou o primeiro lugar na categoria juvenil (14 a 15 anos) de 1,5 km. Na IX Etapa do Circuito Noroeste Missões de Corrida de Rua, que ocorreu em Três de Maio ele ficou em terceiro lugar e em outra rústica, realizada em Santa Rosa, conquistou o segundo lugar.
Além da corrida, o garoto também pratica futsal e joga futebol de campo. “Eu sou atleta do Botafogo Esporte Clube, na categoria sub-15. Estou no time há dois anos. Já ganhamos muitos títulos com o professor Carlão”, comenta.
‘Com os treinos fiquei mais confiante’, diz o atleta
Com o os treinos, José Augusto diz que além de ganhar mais velocidade, conseguiu desenvolver mais a coragem. “Na minha primeira corrida, eu fiquei muito nervoso; mas depois dessa experiência, eu fiquei mais maduro e tive menos nervosismo. Também consegui desenvolver mais força e habilidade para a corrida”.
Os treinamentos são realizados tanto na escola quanto no poliesportivo. Ele também recebeu apoio de professor Kenny Gelain para a preparação ao Jergs. “Eu também gostaria de agradecer o apoio que recebi do Kenny, que me ajudou bastante a treinar. Tanto na academia quanto no poliesportivo”.
José Augusto quer seguir praticando corridas e tem o sonho de chegar à Seleção Brasileira Paralímpica de Atletismo. A conquista nos Jergs pode ser o caminho para o jovem, e, quem sabe um dia, representar o Brasil em uma Paraolimpíada. “Eu quero ir para as Paraolimpíadas no futuro, se Deus quiser”, diz.
Com a barra de ferro, Wesley treina todos os dias na escola. O estudante chega a atingir 15 metros de distância com o ‘dardo’ improvisado de 3 kg
Sem dardo profissional, arremessos começaram com barra de ferro de 3 quilos
Os treinos para arremesso de dardo de Wesley Hollweg Moreira dos Santos iniciaram a menos de dois meses antes da competição. “O professor de educação física havia pedido para disputar os Jergs na fase municipal e com o resultado, fui classificado para as fases seguintes”, revela o estudante.
Após a primeira etapa, o garoto passou a treinar com uma barra de ferro que pesa 3 quilos. A barra tem o tamanho aproximado de um dardo profissional, mas pesa cinco vezes mais que o dardo que sua categoria disputa, que é de apenas 600 gramas.
Os treinos realizados na escola foram muito importantes para Wesley melhorar a técnica. Ele lembra que inicialmente não tinha um arremesso tão longe, mas que, com os conselhos dos professores de educação física que desenvolvem trilhas na escola, Anderson Glier e Jeferson Meller, aprimorou os lançamentos. “Com os treinos, melhoraram a corrida para o arremesso e a forma de jogar o dardo. Em vez de pegar mais altura e cair mais cedo, passei a ter arremessos mais rasantes e longos”, explicou o jovem à reportagem do Semanal.
Etapas nos Jergs para chegar à final
Após a fase municipal, o atleta foi disputar contra as equipes da 17ª CRE, em Santa Rosa, e venceu por meio metro. “Em Santa Rosa eu quase perdi. Atirei em 24,85m e o segundo ficou com 24,3m. Antes eu tinha uma outra técnica de arremesso, que eu mesmo havia praticado. Mas, como o professor me ensinou uma outra técnica com corrida, facilitou os arremessos. Na outra fase dos Jergs, na Regional em Ijuí, eu arremessei mais longe, 35,59m”, relata.
Em Santa Rosa, Wesley participou dos jogos com seus colegas de escola no vôlei, mas, infelizmente, a escola não conseguiu passar para a próxima etapa. Além desses esportes, ele também pratica futsal.
No último final de semana, na final, o arremesso campeão mediu 34 metros, ficando 4 metros à frente do segundo colocado. “Estava jogando contra o vento. Podia chegar até uns 38m, mas está bom. Eu fui o último a jogar. Todos tinham atingido 30 metros e quando eu joguei o primeiro já havia superado todos.”, conta. A final teve seis competidores e cada um podia arremessar seis vezes, ficando com o melhor desempenho. Ele lembra que na fase regional, em Ijuí, venceu com um arremesso de 35 metros.
Um dia antes da final, a escola conseguiu um dardo emprestado com a Setrem e Wesley pôde treinar no poliesportivo, mesmo que o dardo, de quase um quilo, pesasse mais que o de sua categoria.
O estudante quer participar do Campeonato Brasileiro de Atletismo em sua categoria no próximo ano, o que também depende de bater uma meta superior a escolas particulares.
“O campeonato pode ser uma oportunidade de eu seguir meu sonho e ingressar na Seleção Brasileira de Atletismo e, no futuro, participar dos Jogos Olímpicos”, diz o jovem atleta.
Em tempo: A loja Casas Henkes auxiliou os três representantes de Três de Maio que foram a Santa Maria disputar a final dos Jergs, com um par de tênis para cada aluno.
Wesley e José Augusto têm o sonho de se tornarem atletas profissionais e, quem sabe, chegar à disputa de competições nacionais e internacionais
‘Trilhas na escola auxiliam os estudantes’, diz diretora da escola
Para a diretora Gessiane Maidana, a proposta de incentivo aos estudantes da escola, baseada em trilhas, auxiliou os atletas a conquistarem os resultados nos Jergs. Ela salienta que as atividades desenvolvidas na escola auxiliam tanto no esporte como no aprendizado dos estudantes. Segundo a diretora, são trilhas realizadas no contraturno da escola do 6° ao 9° ano, ligadas ao esporte, tecnologia, empreendedorismo, com um professor específico para cada trilha.
“Junto com as trilhas, existe o apoio pedagógico, que funciona como um reforço, no português e matemática. Para poder participar da trilha é preciso fazer um apoio”, explica a diretora.
“Antes a escola era bem diferente. Nós não participávamos de tantas atividades, e também não eram desenvolvidas as trilhas como são feitas hoje em dia. A escola nos incentivou bastante nessa parte do esporte”, comenta José Augusto.
Nas próximas semanas devem ocorrer os Jergs de xadrez, com a seletiva municipal. Os dois estão se preparando para a disputa. José Augusto comentou que recentemente conquistou o 3° lugar na competição da escola e está empolgado para mais este desafio.
Comentários (0)