A vida dos três-maienses pelo mundo afora
A busca por qualificação profissional, através de uma bolsa de estudos, motivou a ida de Natália Rafaela Simon Gomez à Espanha. O curso máster em Gestão de Projetos vem proporcionando novas experiências no exterior à jovem que já tinha nacionalidade espanhola
Aos 25 anos de idade, Natália Rafaela Simon Gomez está morando na Espanha desde setembro do ano passado. O lugar escolhido foi Coruña, uma cidade litorânea localizada ao noroeste do país, na comunidade autônoma da Galícia, com aproximadamente 240 mil habitantes.
Filha de Manuel Adolfo Gomez e Hermete Amélia Simon Gomez, a jovem deve permanecer na Espanha até o término de seu curso - setembro desse ano -, o motivo de sua estada no país europeu. A temporada na Espanha foi uma oportunidade que apareceu ao longo de sua procura por uma especialização. A ideia inicial era de fazer o curso da Universidade da Coruña, à distância, permanecendo no Brasil, mas apareceram novos caminhos ao longo de sua inscrição. “Depois tive conhecimento do programa de bolsas para descendentes de galegos e resolvi me inscrever para ver no que dava, e acabei passando. Para ter direito à bolsa era necessário residir aqui, então acabei me mudando, não podia perder a oportunidade”.
A três-maiense é formada em Engenharia Civil, pela URI Santo Ângelo, pós graduada em Engenharia de Avaliações e Perícias pela Unijuí – Ijuí, e agora estuda no Curso Máster – o equivalente ao mestrado – em Gestão de Projetos, como bolsista pela Universidade da Coruña.
Há seis meses no exterior, Natália tem nacionalidade espanhola, dispensando a apresentação do exame de proficiência no idioma e, o que, segundo ela, “facilitou na hora da inscrição ao Máster, e também influenciou na decisão pela escolha do país”.
Adaptação aos horários
Natália conta que teve que se acostumar aos horários de funcionamento do comércio na Coruña. Em geral, o comércio funciona das 9h às 14h e das 17h às 20h. “Aqui onde moro, aos domingos tudo está fechado, inclusive mercados. No início era comum sair comprar algo e encontrar os estabelecimentos fechados às três da tarde”. Ela também ressalta que o horário do jantar é bastante tarde, em torno das 22h.
Culinária local
A região onde está morando é conhecida pelos mariscos, algo que é bastante consumido e comercializado. A bolsista também destaca o "pulpo gallego", um prato típico da Galícia com polvo cozido e batatas, “definitivamente é algo que deve ser provado”. A carne de porco é consumida no dia a dia dos corunheses e os embutidos são "especialidade da casa". E o vinho é o acompanhamento de tudo.
Além disso, ela conta que é bastante comum sair com os amigos para jantar e que às sextas-feiras e sábados as ruas dos bares e restaurantes ficam tomados de gente.
Bastante chuva e falta de sol
O clima é bem diferente do Brasil, principalmente em Coruña, onde chove bastante. Natália diz que a precipitação média anual é bastante elevada. “No inverno, chove praticamente todos os dias, e se não chove, está nublado. O que faz com que sintamos muita falta do sol”, relata. Quanto às temperaturas no inverno, são parecidas como as do inverno gaúcho. Alguns dias bastante frios - em torno de zero grau -, mas a média fica em 9 graus no decorrer do dia. Já no verão, não passam de 25 graus e por ser litoral, as noites são sempre bem fresquinhas.

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O Galego, língua da Galícia
A Galícia é uma região que faz fronteira com Portugal e, por essa proximidade, acabou por desenvolver um idioma que tem muitas semelhanças com o português, chamado de Galego. Natália diz que esse é um ponto positivo para quem chega do Brasil, pois a maioria das pessoas fala essa língua, além do espanhol. “Brasileiros que não falam espanhol podem se virar bem com o português”, completa.
Ela também ressalta que, por falar espanhol, a acolhida ao país foi facilitada. “São pontos de vista muito particulares, tive amigos que são de outros países que não tiveram a mesma experiência e receptividade que eu”, conta.
Dia a dia na Coruña
O seu curso se encaminha para a fase do estágio obrigatório. Mas no dia a dia, Natália assiste as aulas, além de estudar Mandarim, idioma falado na China, além de participar do coral da universidade. “O tempo livre uso pra fazer os trabalhos da faculdade e sair com meus amigos”, comenta. Ela diz que o curso e os amigos serão as principais conquistas em sua vivência no exterior.
Sistema de saúde
Diferente do Brasil, Natália conta que a saúde pública do país europeu não é universal, apesar da saúde ser gratuita a todo o cidadão que se enquadrar na condição de assegurado, o que depende do preenchimento de alguns requisitos. “Existe fila de espera para atendimentos públicos. Primeiramente se consulta com um médico de ‘cabeceira’ que fará a transferência para um médico especializado, se assim achar necessário (mais ou menos como funciona o SUS no Brasil).”
Realidade econômica
O salário mínimo da Espanha está em torno de 1.050 euros (aproximadamente R$ 5.700,00). Natália diz que o poder de compra do espanhol é maior que do brasileiro. “Na cidade em que moro se pode viver confortavelmente com um salário mínimo, a situação varia de acordo com a cidade; cidades maiores tendem ser mais caras”.
Ela também conta que a inflação vem sendo um desafio na Espanha. “Enfrentamos uma subida considerável em diversos produtos tanto de gênero alimentício quanto energéticos (luz, gás e combustível). Inclusive, os caminhoneiros se encontram paralisados no momento devido à alta do preço do combustível, e os supermercados já enfrentam desabastecimento”, conclui.
Distância da família e dos amigos
Como está apenas a seis meses na Espanha, o retorno de Natália ao Brasil só deve acontecer quando seus estudos forem concluídos. Sobre o que mais sente falta, a jovem fala sem hesitar: “com certeza da família e dos amigos; de não poder estar presente em momentos especiais da família e amigos. De restante, comida por exemplo, posso encontrar tudo por aqui”.
Inclusive, a jovem tem parentes que moram em uma cidade próxima à Coruña. “Vim sozinha, mas temos parentes em uma cidade aqui perto de onde moro, então às vezes passo os finais de semana com eles”, diz.
A vida dos brasileiros no exterior
Natália dá uma dica aos brasileiros que querem viver no exterior. “Começar a vida em um novo país, abandonar o conhecido e adaptar-se a uma nova cultura já é um grande desafio, então pesquisar por lugares que apresentem alguma facilidade, seja idiomática ou de obtenção de documentação é de grande valia. No mais, estar aberto a viver novas experiências e muita paciência pra entrar no ritmo” destaca.

Natália com a também três-maiense Carolina Bohn, em Bratislava, capital da Eslováquia









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