Região registra prejuízos em consequência do grande volume de chuvas

Entre segunda e terça-feira, região ainda foi atingida por ventos fortes

Região registra prejuízos em consequência do grande volume de chuvas
A chuva que cai desde segunda-feira fez o Rio Uruguai transbordar, causando prejuízos. Casas nos balneários Ilhas do Chafariz e Londero foram tomadas pelas águas do Rio Uruguai. Em Porto Mauá (foto), na madrugada de ontem, o nível do Uruguai chegou a 15,5 m, inundando casas e estabelecimentos comerciais. A travessia de balsa entre Brasil e Argentina continua suspensa

O grande volume de chuvas das últimas semanas tem causado danos e transtornos em vários municípios da Região Noroeste. Somente nessa semana, de segunda a quarta-feira, foram registrados 167 milímetros de chuva, conforme dados da Comanja, que realiza o acompanhamento diário de chuvas na área central de Três de Maio.

Na noite de segunda e madrugada de terça-feira, tempestades afetaram o município e a região. O abastecimento de água em Três de Maio foi interrompido por conta de uma falha de energia elétrica na captação de água bruta no Lajeado Biriva, que foi normalizado durante a tarde de terça.

Outro fato que causou transtornos foi um raio que atingiu o Hospital São Vicente de Paulo, por volta das 21 horas da segunda-feira. Conforme o diretor administrativo, Jarle Rinaldi, a descarga elétrica danificou a central do gerador do HSVP. “Nossos técnicos conseguiram retomar parte da energia elétrica do hospital. Por segurança, durante a noite, transferimos dois pacientes que estavam internados na UTI para Santa Rosa e montamos uma estrutura na área em que estava funcionando a energia para atender os pacientes críticos”, ressaltou. Os procedimentos eletivos foram cancelados na terça.

 

Galhos, árvores caídas e água interromperam algumas ruas e estradas do interior

Desde o início do mês, os estragos são contabilizados e equipes da Secretaria da Agricultura têm recuperado pontes e estradas. No dia 10 de outubro, em uma parceria com a Prefeitura de Horizontina, foi possível recuperar a ponte em Lajeado Caneleira, na divisa dos municípios. A ponte havia sido danificada pela grande quantidade de chuvas na primeira semana do mês.

Conforme o tempo possibilitou, a pasta realizou revitalização das estradas. Na semana passada ocorreu a limpeza de sarjetas de estradas em Mato Queimado e a instalação de bueiros em Lajeado e Barra do Caneleira. As ações visaram melhorar o escoamento da água da chuva. No dia 16, a secretaria consertou e instalou novos tubos no travessão Leviski, em Medianeira, e reparos em estradas de Esquina União e Nossa Senhora de Lurdes.

Já com as chuvas dessa semana, a secretaria focou em desobstruir as estradas com árvores e galhos caídos desde a terça-feira. Na cidade, a Secretaria de Obras realizou o trabalho nas ruas.

Em casos de emergência, as pessoas podem pedir ajuda pelos telefones da Defesa Civil de Três de Maio (55) 9 9981-0932, Corpo de Bombeiros 193, SAMU 192 e WhatsApp da Prefeitura de Três de Maio (55) 9 9917-7346.

Conforme o tenente Fabrício Agnoletto, comandante do Corpo de Bombeiros de Horizontina e Três de Maio, os danos no município horizontinense foram maiores. Em Três de Maio, a maioria dos estragos foram de árvores caídas. Os atendimentos, na maioria, foram realizados ainda na terça.

A reportagem do Semanal recebeu registros de uma estrada totalmente tomada pela água, em Esquina Bado, no acesso ao distrito de Consolata. Conforme as informações repassadas por um morador, que prefere não se identificar, o local, próximo ao Lajeado Mosquito, tem um bueiro que não consegue dar vasão a grandes volumes de água, sendo que, de acordo com o relato, é um problema de décadas. A foto foi registrada na terça-feira. A estrada é utilizada por moradores e, inclusive, pelo transporte escolar. O morador também informou que os responsáveis foram informados sobre o problema. 

Grande volume de água na pista em estrada de Esquina Bado interditou o trânsito na terça-feira

 

Equipes das secretarias de Agricultura e de Obras de Três de Maio trabalharam na terça-feira para desobstruir o trânsito em vias públicas nas áreas rural e urbana

 

Perdas nas lavoras de trigo podem passar de 40% por conta das chuvas

As chuvas seguem impactando a safra de trigo. No começo de outubro as estimativas da Emater/RS-Ascar apontavam perdas de 25% na produção do cereal. Essas projeções foram revisadas, conforme o último balanço da entidade, em função dos grandes volumes de chuvas, e as perdas se acentuaram atingindo 40%.

Ou seja, da expectativa inicial de colheita de 55 sacas/hectare, os triticultores devem alcançar, na média, 33,3 sacas/ha (2.000 kg/ha). O chefe do escritório local da entidade, Leonardo Rustick, reforça que os prejuízos podem ser ainda maiores, caso as chuvas permaneçam, pois, a colheita ainda não foi concluída na região.

Leonardo lembra, ainda, que a safra como está se apresentando não irá cobrir os custos de produção, o que preocupa os produtores. “Muitos deles já estão acionando seguro agrícola, seja Proagro ou seguros particulares. Ou seja, os agricultores que, com uma safra normal de trigo, não conseguiriam cobrir os custos da produção em virtude dos baixos preços de comercialização, ainda registram perdas decorrentes do clima”, contextualiza Rustick.

 

Em 18 dias de outubro já choveu o dobro do mesmo mês em 2022

Em 18 dias de outubro foi registrado o dobro de chuvas que o   mês inteiro de outubro de 2022. São 445 milímetros de chuva no período. Em 2022, foram 214 milímetros.

Os dados da Comanja, que realiza o levantamento de chuvas desde o ano de 2000, revela que o mês de outubro é o mais chuvoso do ano. Porém, em 2023, o volume tem sido muito acima da média histórica do período.

A média é de 256 milímetros de chuva na área central da cidade. Assim, este mês choveu 73,8% a mais que a média histórica.

As previsões de Super El Niño podem fazer com que o corrente mês seja o que registre a maior quantidade de chuvas desde o início do monitoramento. O outubro mais chuvoso ocorreu em 2018, quando foram registrados 489 milímetros, ou seja, precisaria chover 44 mm em 10 dias.

Já na estação da primavera, em apenas 26 dias já choveu mais que a metade da média histórica. O volume pluviométrico fica em torno de 625 milímetros na estação. Até o momento, há registro de 456 mm, ou seja, 65,9% do que costuma chover na estação que termina em 22 de dezembro.

Setembro também registrou chuvas acima da média. Foram 315 mm, quase o dobro do que é registrado normalmente para o período (165 mm).

 

Chuvas em setembro e outubro nos últimos seis anos

Ano Setembro Outubro
2018 128 489
2019 57 233
2020 56 45
2021 119 263
2022 83 214
2023 (até 18/10) 315 256