Produtores já confirmam perdas de 60% nas lavouras de soja

A estiagem que afeta a região tem causado perdas irreversíveis na produção agrícola em Três de Maio e municípios vizinhos. O produtor rural Evandro Schlosser estima prejuízo superior a 70% na colheita de soja deste ano.  

Segundo Schlosser, desde o fim de outubro do ano passado até quarta-feira, 12 de fevereiro, choveu apenas 90 milímetros em sua propriedade, localizada na comunidade de Nossa Senhora Auxiliadora, no distrito de Quaraim, interior de Três de Maio. Em sua área de cultivo, foram plantados 50 hectares de soja e outros 20 de milho.   “O problema é a pouca chuva, o sol muito forte e a temperatura elevada”, afirmou o produtor, que trabalha no meio rural há 50 anos.  

Schlosser relembra que já enfrentou períodos críticos semelhantes. “Já passei por muitas estiagens, algumas até piores que essa, mas temos que ir lutando  sempre, não tem o que fazer.”Diante da gravidade da situação, o Governo Municipal de Três de Maio decretou situação de emergência devido à estiagem. O decreto, assinado pelo prefeito Marcos Corso, foi publicado na edição de quarta-feira, 12, do Diário Oficial do Estado.  

Segundo a prefeitura, “a ausência de chuvas compromete as reservas hídricas do município e acarreta a falta de abastecimento de água potável”. Além disso, “outros setores também estão sendo severamente afetados, como a pecuária, piscicultura, horticultura e a bacia leiteira, causando um impacto econômico significativo aos produtores e ao comércio local”.  

Além de Três de Maio, os municípios de Independência e Alegria também decretaram situação de emergência. O prejuízo estimado nas duas localidades ultrapassa R$ 85 milhões.  

Em São José do Inhacorá, a Administração Municipal realizou uma reunião para analisar os impactos da seca na agricultura e pecuária. O encontro teve como objetivo levantar dados para a decretação do estado de emergência.  

Segundo informações preliminares, “a seca já causou prejuízos consideráveis na produção de soja e milho, além da redução na produção leiteira”.  

A escassez de água potável também preocupa os moradores. Relatos indicam o desabastecimento de poços utilizados para consumo humano e para a dessedentação animal, especialmente na comunidade de Santo Antônio do Inhacorá. O calor intenso, com temperaturas acima de 40°C, tem agravado ainda mais a situação.  

Até quarta-feira, a Defesa Civil do Estado contabilizava 109 municípios em situação de emergência — o equivalente a 21% do total de cidades gaúchas. O número mais que dobrou em relação à semana anterior.

O agronegócio gaúcho acumula perdas bilionárias devido à estiagem. De acordo com levantamento da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), “o setor deixou de receber R$ 319,1 bilhões nos últimos cinco anos”. Considerando apenas os produtores rurais, “a perda chega a R$ 117,8 bilhões”.