Noroeste Riograndense é a maior produtora de leite do Brasil, aponta levantamento da Embrapa
Região produziu 2,7 bilhões de litros em 2023

O leite é uma das commodities agropecuárias mais importantes do mundo, estando entre os cinco produtos mais comercializados, tanto em volume quanto em valor, conforme dados da Global Dairy Platform (GDP), organização internacional que reúne empresas e instituições ligadas ao setor leiteiro.
Os principais países produtores, com base em dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), são a Índia, Estados Unidos, China, Brasil e Alemanha.
No Brasil, o setor leiteiro é um dos pilares da agropecuária, gerando empregos, movimentando a economia e garantindo alimento essencial para milhões de pessoas. Em 2023, foram produzidos 35,37 bilhões de litros de leite, conforme dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgados no Anuário Leite 2025 da Embrapa. Os principais estados brasileiros produtores de leite são Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
A Região Noroeste Riograndense, conforme o Anuário Leite 2025, é a maior produtora de leite do país. Os dados são referentes ao ano de 2023, que indicam que a região produziu 2.727.427 mil litros de leite no ano. O total da região representa 7,7% da produção nacional, de 35,37 bilhões de litros. A produção do Brasil representou um aumento de 2,38% comparado a 2022.
O relatório também aponta que a região mais do que dobrou a produção de leite no período de 20 anos. Em 2003, a produção de leite era de 1,3 bilhão de litros, sendo a segunda maior produtora naquele ano. Em 2023, houve um aumento de 1,43 bilhão de litros, alta de 110%.
As pesquisas dos anos anteriores apontam que a região é a maior produtora de leite do país desde 2019. Naquele ano, a produção foi ainda superior à do último levantamento, alcançando 2,868 bilhões de litros de leite.
Apesar de deter a maior mesorregião produtora do país, o Rio Grande do Sul é o terceiro maior estado produtor, com 4,1 bilhões de litros. Minas Gerais lidera o ranking dos Estados, com 9,4 bilhões, seguido pelo Paraná, com 4,5 bilhões.
Outro dado apontado pelo Anuário é a relação de produtividade do rebanho das 10 principais mesorregiões produtoras. De 2003 a 2023, essas regiões registraram aumento de 72,31% na produção leiteira, sendo que, no mesmo período, o rebanho de vacas ordenhadas diminuiu em aproximadamente 24%. Assim, a relação litros de leite/vaca/ano mais do que dobrou. Em 2003, era de 1.319,07 litros/vaca/ano, passando para 2.987,43 litros/vaca/ano em 2023.
Bacia leiteira de Três de Maio produz 85 mil litros diariamente
Informações do escritório local da Emater-RS/Ascar indicam que a produção média diária de leite em Três de Maio é de 85 mil litros. “Hoje temos em nosso município um rebanho de 5.240 vacas em lactação. A raça predominante é a holandesa, seguida pela Jersey, além de algumas mestiças de holandesa com Jersey. O município tem um rebanho de genética de produção leiteira, mas o grande problema é a baixa lucratividade do setor”, ponderou o extencionista da Emater Leonardo Rustick.
Desde 2018 houve uma queda drástica no número de produtores, segundo a Emater local, porém vem se mantendo próximo aos 200 produtores no município. “O setor vem enfrentando uma crise há vários anos, principalmente pela redução da margem de lucratividade. Assim como todo setor do agronegócio vem sentindo essa dificuldade financeira, tanto de grãos como pecuária”, disse.
Leonardo destacou que este ano tem ocorrido no setor um movimento diferente dos anos anteriores. “Se pegarmos o histórico, no período entre junho e agosto, sempre tivemos um preço mais elevado do litro de leite e aumento de produção. E esse ano está sendo registrado queda no preço do litro do leite”, revelou.
Nos últimos dois meses houve uma queda média de R$ 0,20 a R$ 0,30 por litro de leite. “Isso é uma queda significativa, pois o preço do litro do leite já estava baixo e com mais essa redução, traz mais dificuldades ao setor”, frisou Rustick. O preço médio do litro de leite pago ao produtor está variando de R$ 2,10 até R$ 2,35.
Conforme a Emater, a atividade leiteira é a segunda maior renda do setor agropecuário em Três de Maio perdendo apenas para a soja. “Por isso que quando há queda no preço pago ao produtor, deixa o setor instável e gera preocupações. Os produtores rurais que permaneceram na atividade investiram, adotaram técnicas de produção, melhoraram a genética do rebanho, de seus equipamentos e instalações. A queda no preço, cria uma frustração muito grande para o setor”, acrescentou.
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