O CTG Tropeiros do Buricá escreveu mais um capítulo na história do tradicionalismo gaúcho. Em sua primeira participação no Encontro de Artes e Tradição Gaúcha - Enart, Pré-Mirim, Mirim e Juvenil, os representantes de Três de Maio chegaram às finais em todas as categorias que participaram e o gaiteiro Enzo Maganha Szmanski retornou com o troféu de campeão estadual de 2025 na modalidade Gaita Piano Juvenil. O evento ocorreu em Erechim, nos dias 5 e 6 de julho. 

Entre os finalistas estavam Afonso Augusto Zimmer na Declamação Masculina Mirim; as prendas Lavinia Tiecher da Silveira e Renata Schmieder Pierin na modalidade Declamação Feminina categoria Juvenil e Lavínia dos Santos na modalidade Declamação Feminina categoria Mirim; a Invernada Juvenil na Danças Tradicionais e Miguel da Motta Krever na modalidade Gaita Piano Juvenil.

Para a patroa do CTG Tropeiros do Buricá, Noemia Sartor, ver esses jovens tendo a oportunidade de correr atrás dos seus sonhos é gratificante. “Para a nossa entidade, essa conquista representa uma grande vitória. Somos um CTG pequeno diante de tantas outras entidades que participam, e mesmo assim alcançamos 100% de aproveitamento com nossos representantes”, pontuou.

Noemia ressaltou o empenho de todos para que o sonho fosse concretizado. “Isso só se torna possível porque há muitas pessoas envolvidas em cada trajetória: as famílias, que incentivam e apoiam seus filhos, a própria entidade, a Prefeitura de Três de Maio e a Secretaria Municipal de Cultura”, acrescentou.

Para ela, essa união é o que permite que cada objetivo, seja ele individual ou coletivo, se concretize. 
 

Invernada Artística Juvenil, que participou do Enart no último final de semana em Erechim

‘Estar entre os 15 melhores do Estado é resultado do comprometimento e dedicação do grupo ’

Com 17 peões e 20 prendas na Invernada Juvenil, organizar o grupo para que todos pudessem participar das danças, já que o número máximo de dançarinos nas danças tradicionais são 12 pares e nas coreografias, 32 dançarinos, não foi tarefa fácil, avalia a instrutora de Danças Tradicionalistas Gianna Kettner de Carvalho (Profe Gica).

Conforme a profe Gica, a preparação grupo - que se consolidou em 2023 -, foi bastante intensa para o Enart, ‘pois acaba sendo uma preparação física e mental, tudo regado com um toque de alegria, diversão e cuidado’.

O grupo apresentou a nova coreografia de entrada: Imigrantes Italianos, 150 anos de História e três danças tradicionais, além da  apresentação entre-danças, com trechos da coreografia da Festa Do Filó. As apresentações ocorreram no sábado e no domingo. “Ter um grupo qualificado para participar de um ENART é uma conquista, mas  que demanda um grande investimento financeiro, de tempo, de dedicação, de abdicação. Os dançarinos abdicam diariamente de outros compromissos para estarem presentes nos ensaios, e, sem o apoio e a parceria da família, nada disso é possível”, ressaltou a instrutora.

A professora destacou a necessidade de cada integrante se dedicar para o melhor desempenho do grupo. “Pertencer a um grupo requer que o dançarino esteja disposto a deixar a sua vaidade e o seu querer de lado, em prol do bom desenvolvimento do todo, além de ter humildade e espírito de equipe para se encaixar da forma necessária”, ressaltou.

Para Gica, a classificação para a finalíssima, entre os 15 melhores grupos do evento, fala por si só. “É a realização de um sonho e a conquista do nosso objetivo para o ENART Pré-mirim, Mirim e Juvenil 2025! Sinto um amor, um carinho, um orgulho que extravasa por esses dançarinos e por suas famílias. E também sinto que é recíproco. Somos todos uma linda equipe e uma verdadeira família. Que Deus nos conserve assim e continue nos abençoando em busca de mais e novos sonhos”, declarou.

Gica finalizou, ressaltando a contribuição da equipe de coordenadoras e o apoio da patronagem. “Esse apoio foi essencial para o grupo se desenvolver e conseguir chegar nesse patamar. Todos têm se esforçado muito, juntamente com os dançarinos”, salientou.

A coreografia de entrada da Invernada Juvenil foi Imigrantes Italianos: 150 anos de História. Ao longo da apresentação das danças tradicionais, dançarinos realizaram entre-danças com trechos de coreografias da Festa do Filó Urbano

Gaiteiro campeão dedica troféu à avó, falecida um dia antes do Enart

Enzo Maganha Szmanski conquistou o título de campeão do Enart na modalidade Gaita Piano categoria Juvenil

O campeão da categoria Gaita Piano Juvenil, o  gaiteiro  Enzo Maganha Szmanski, 17 anos, contou que sua preparação para o evento foi bastante intensa. “Tanto em horas de ensaio de gaita, como também para as danças com o grupo juvenil. A minha família foi muito importante nesse processo, tanto pelo tempo gasto por eles, como pelo dinheiro investido com o evento e com as aulas com meu professor Adalto Pires, que hoje é meu padrinho. E do CTG Tropeiros do Buricá nem se fala, sempre me apoiando, me auxiliando e se não fosse o CTG, nem no ENART eu estaria”, disse.

Nas apresentações, Enzo, que é gaiteiro há seis anos, tocou músicas de seu ídolo Albino Manique. “As apresentações foram muito boas, tanto sábado, que era o dia da classificatória, como no domingo, que era o dia da finalíssima. Tudo o que eu ensaiei em casa e com meu professor, eu consegui demonstrar nos dois dias”, acrescentou.

O gaiteiro não esconde o sentimento de concretizar um sonho. “Para mim, significa um sonho de menino realizado. O sonho era um dia participar de um Enart, porém nunca imaginei que iria ser campeão. Foi uma experiência incrível. Quero agradecer meus pais, Ângela Regina Maganha Szmanski e Rogério Luis Szmanski, meu professor, meus colegas de CTG, todos que ajudaram não somente a mim, mas também todos os dançarinos para podermos estar no ENART e o próprio CTG Tropeiros do Buricá. Saibam que sem vocês nada disso teria se tornado realidade”, declarou.

Emocionado, Enzo lembrou de sua avó, que faleceu enquanto a família estava se deslocando para o evento. “Esse troféu também vai em homenagem a minha avó paterna Emília, que faleceu enquanto eu estava na estrada, indo para o Enart. Meus pais voltaram para Santa Rosa para a despedida da minha avó. Eles me incentivaram a ficar e dar o meu melhor por ela, tanto nas danças como na gaita. Então esse troféu vai para ela”, finalizou.