Com 98 anos, Ayres Benedetti Cassol faz planos para chegar aos 100

Para a idosa, o segredo da vida longa e saudável está em não ter vícios, muita fé e a convivência com os filhos, netos e bisnetos. Aniversário de 98 anos foi comemorado no último domingo, com a família reunida

Com 98 anos, Ayres Benedetti Cassol  faz planos para chegar aos 100
Ayres Benedetti Cassol esbanja disposição, coragem e vitalidade. Segundo os filhos, 'ela chega aos 98 de forma lúcida e mentalmente imbatível'

Uma história que começou em 14 de fevereiro de 1924 e no que depender da disposição, coragem e vitalidade da protagonista, não tem data para acabar. A personagem principal é Ayres Benedetti Cassol, 98 anos, uma senhora muito conhecida e querida na comunidade três-maiense.


No último domingo, Ayres reuniu os filhos, netos e bisnetos para comemorar seus 98 anos de vida. Ao fim da confraternização, que rendeu muitos abraços, sorrisos e muito amor compartilhado em família, a matriarca se despediu dos convidados dizendo: “até o próximo”. A pergunta que fica: dona Ayres terá a honra e o privilégio de chegar aos 100 anos? No Brasil de hoje estima-se que cerca de 30 mil pessoas possuam 100 ou mais anos. Ayres fará parte dessa estatística em breve? Quem viver, verá ...


Natural de Guaporé, terceira filha do casal Festivo e Amália Benedetti que tentavam construir a sua história na Serra gaúcha, Ayres veio morar ainda criança (com pouco mais de dois anos) na localidade de Rocinha, em Três de Maio. Foi lá que ela viveu toda a sua infância até a vida adulta, junto com seus 10 irmãos.
Aos 22 anos de idade, no dia 16 de fevereiro de 1946, Ayres se uniu em laço matrimonial com Valentim Cassol (em memória). Foram 42 anos de vida conjugal. Após a perda de seu cônjuge, ela deixou o interior e passou a residir, ao lado de sua irmã e fiel escudeira, Margarida Benedetti, com quem divide morada até hoje, no centro da cidade.

 

11 filhos, 22 netos e 10 bisnetos

Da união com Valentim nasceram 11 filhos: Teresinha, Elemar Antonino, Milton Emiliano, Guido José (em memória), Hélio, Vicente, Maria de Lurdes, Tarcísio, Ana Inês, Marta (em memória) e Luís César. Esses 11 filhos foram concebidos dos 23 (ano de 1947) aos 45 anos de Ayres, num intervalo de 22 anos (da primeira ao último), numa média de um filho a cada dois anos.


Encerrada a geração em série dos filhos, chegou o momento de receber os netos. Ao todo, são 22: Albin Luís, Alessandro, Marcos Rodrigo, Nicéia, Márcio, Hamilton Marcelo, Francis, Jonas Eduardo, Nadiane Cristina, Rafaela, Vinícius, Abel, Tiago, Tanise, Luiz Felipe, Vanessa, Maria Amália, Martina, Tárcis Valentim, Luciana, Leonardo Antônio e Tássia. Já os bisnetos (10 no total), chegaram em 1998, quando Ayres tinha 74 anos, são eles: Luiza, Alvin, Gustavo, Lauren, Lucas, Cecília, Dora Maria, Artur, Irina e Gabriel. 


Evidentemente que tudo isso não aconteceria sem a presença de suas noras e genros. Se sucederam Albino (em memória), Mariza, Gene Maria, Nadir, Inácia, Líris, Tânia Maria, Leandro, Luciano, Maria Julia e Francisco, todos acolhidos como seus filhos, afinal de contas são eles(as) que fazem verdadeiramente a alegria dos seus legítimos filhos e também responsáveis pela sequência e perpetuação das gerações futuras.


A expectativa da dona Ayres é se ela irá conseguir ser trisavó. 

 

Participação na comunidade e na igreja

Ayres sempre dedicou a sua vida para cuidar da família e para ajudar na construção da comunidade de Rocinha, e mais tarde também contribuiu com a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Três de Maio. 


Mulher simples, batalhadora, ela também conserva uma memória invejável, capaz de lembrar as datas de aniversário de todos os seus filhos, netos, bisnetos, genros e noras, bem como de histórias que aconteceram em sua vida e na vida dos seus próximos com uma riqueza de detalhes que impressiona. 


Segundo a filha Teresinha, um dos segredos da longevidade da mãe é a sua fé, a religiosidade. “Ela é uma pessoa com forte espiritualidade, que acredita na força do Criador e que tem na fé a sua marca registrada”.

 

Idade avançada traz algumas limitações

Teresinha conta que a mãe tem uma vida regrada, sem vícios, exceto eventualmente um gole de vinho no almoço. Com a idade avançada, surgem algumas limitações, como problemas de visão e audição. “Ela reconhece os filhos pela voz. Também gosta de assistir as missas da Aparecida na televisão, com volume bem alto. Seus passos já não são mais tão firmes. As marcas da vida estão espraiadas por todo o seu corpo e não poderia ser diferente, mas ela chega aos 98 de forma lúcida e mentalmente imbatível”, destaca. 


Com ajuda, principalmente dos filhos e da irmã Margarida, 86 anos, que mora com ela, Ayres consegue se locomover, inclusive subir os degraus do prédio até seu apartamento. “Sobre o uso de medicação, os normais para a idade, mas sua saúde está muito bem, obrigada”, diz a filha.

 

Vida não precisa ser perfeita, mas vivida

A filha ressalta que a mãe tem coração generoso, que só quer o bem das pessoas. “Ela sabe que todos têm uma missão nessa Terra, a qual somente Deus será capaz de interromper, quando entender que chegou a hora. É claro que os serviços médicos são essenciais, mas buscar a fé nos momentos difíceis ajuda a superar os problemas físicos e emocionais”, afirma. 


Teresinha fala que, para mãe, a vida seria perfeita se fosse possível controlar a velocidade com que o tempo passa. “Infelizmente não temos essa possibilidade, mesmo com o avanço da ciência, bem como da expectativa de vida. Pois somos finitos, passageiros. Mas de tudo ficarão os ensinamentos deixados e o legado de acreditar na educação dos filhos e na importância da união familiar. O mais importante de tudo isso é que a vida não tem que ser perfeita, só tem que ser vivida”, conclui.

 

Muito conhecida e querida na comunidade três-maiense, Ayres reuniu  filhos, netos e bisnetos para comemorar seus 98 anos de vida, no 
último domingo, dia 27 de fevereiro.
Todos os filhos estiveram presentes na comemoração: Teresinha, Elemar Antonino, Milton Emiliano, Hélio, Vicente, Maria de Lurdes, Tarcísio, Ana Inês e Luís César.
Além dos filhos, Ayres tem a companhia inseparável da irmã e fiel escudeira, Margarida Benedetti, de 86 anos, com quem divide moradia