‘Caminhada por Maria Clara’ pede melhorias no atendimento do setor de Urgência/Emergência do HSVP
Maria Clara tinha um ano e nove meses, veio a óbito após família buscar atendimento por duas vezes no setor de Urgência/Emergência do HSVP
A tarde do sábado, dia 9, foi marcada pela ‘Caminhada por Maria Clara’. O ato ocorreu no Centro de Três de Maio, onde a comunidade local e regional se manifestou pedindo por melhores condições nos atendimentos realizados no setor de Urgência e Emergência do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).
A iniciativa surgiu após o falecimento da menina Maria Clara Hirt Soares, de um ano e nove meses, ocorrido no dia 5 de novembro, no Hospital Vida & Saúde, em Santa Rosa. Familiares, amigos e comunidade se engajaram no ato. Cartazes com escritas ‘O Luto virou Luta’ e pedidos por justiça tomaram conta dos participantes, que percorrem o trajeto que iniciou na Igreja Matriz Católica e seguiu em direção ao HSVP.
O ato também contou com o apoio da Associação em prol da UTI Neonatal e Pediátrica do Rio Grande do Sul (AUNP-RS), com o presidente da entidade, Clayton Correa. Ao longo da caminhada, louvores foram cantados em homenagem à pequena Maria Clara. Ao chegar ao hospital, a entidade entregou à família o prontuário médico de Maria Clara.
O presidente da Associação em prol da UTI Neonatal e Pediátrica do Rio Grande do Sul (AUNP-RS), Clayton Correa esteve presente na caminhada
Óbito ocorreu por sepse, segundo o diretor técnico do HSVP
Conforme o diretor técnico do HSVP, Franklin Capaverde, durante uma entrevista coletiva concedida à imprensa na tarde da sexta-feira, dia 8, o primeiro atendimento à Maria Clara no setor de Urgência e Emergência ocorreu às 8h23 do dia 4 de setembro. Após a avaliação, a médica liberou a paciente com orientações de “sinais de alarme para retorno e antibióticos e sintomáticos.”
Ainda conforme o HSVP, a criança retornou ao hospital às 21h49 para nova avaliação, quando Maria Clara apresentava piora dos sintomas, tosse e febre. No atendimento, foi constatada pela médica plantonista a piora significativa dos sintomas. Com isso, foram realizados exames, e, após a avaliação, foi indicada a internação.
Segundo Capaverde, a paciente foi medicada e, inicialmente, apresentou uma relativa melhora, embora ainda se mantivesse em estado grave. Já internada, a médica plantonista discutiu o caso com o pediatra responsável. O diretor-técnico pontuou que a paciente não evoluiu bem: “a informação que recebemos é que, durante a noite, ela teve uma piora significativa. Com base nisso, como não há uma UTI Pediátrica no hospital, foi indicada a transferência ao Hospital Vida & Saúde. A transferência precisaria ser realizada com ambulância especializada. A não existência de ambulância com UTI Móvel na região obriga que o município cumpra este serviço. O município, então, resolveu essa transferência”. A paciente foi transferida ao Hospital, em Santa Rosa.
Na tarde da terça-feira, dia 5, Maria Clara faleceu. O óbito foi decorrente de septicemia (sepse), segundo o diretor técnico.
A direção técnica informou que está levantando os fatos relacionados ao atendimento e que os profissionais envolvidos serão ouvidos de maneira adequada, para visando uma avaliação imparcial para alcançar conclusões adequadas sobre o ocorrido. O Núcleo de Segurança do Paciente é o fórum adequado para avaliar os atendimentos no hospital. Capaverde acrescentou que o caso é apurado tanto pelo HSVP como pelo Hospital Vida & Saúde, que realiza a investigação pela Comissão de Óbitos, devido a morte ter ocorrido naquele hospital.
Capaverde reforçou, ainda, que é uma orientação da mantenedora do Hospital e das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus, que o caso seja avaliado da maneira mais criteriosa possível, e que, caso haja responsabilidade, a entidade não se eximirá de culpa ou responsabilização de qualquer um dos envolvidos.
A administração municipal de Três de Maio se manifestou na tarde de 7 novembro, por meio de uma nota oficial, ressaltando que a Poder Executivo está buscando esclarecimentos e apurando responsabilidades. O caso está sendo acompanhado de perto pelo prefeito Marcos Corso, juntamente com a equipe da Secretaria de Saúde. A nota também informa que a Prefeitura colocou à disposição profissionais para auxiliar a família enlutada neste momento tão difícil e que a comunidade será informada assim que as investigações estiverem concluídas.
O Jornal Semanal entrou em contato com os pais de Maria Clara para agendar uma entrevista, mas a mãe informou que, naquele momento, não queria falar. O Semanal se coloca à disposição da família para falar sobre o assunto.
Vereador protocola pedido de CPI para investigar óbito de Maria Clara
O vereador Diogo Wolf (PT) protocolou um requerimento na 27ª Sessão Ordinária da Câmara de Vereadores, ocorrida no dia 11, solicitando a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o óbito de Maria Clara, que ocorreu após atendimentos no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). Além de Wolf, a CPI conta com o apoio dos vereadores Alexandre Ott (PP), Eliane Fischer (PDT), Ernani Weimer (PT), Gérson Rodrigues (PP), Jonatan Jahn (PP) e Antonio de Oliveira (PP).
De acordo com o requerimento, a comissão tem o objetivo de apurar possíveis descumprimentos de normas e protocolos durante o atendimento médico à criança, além de avaliar a estrutura do sistema de saúde municipal e propor medidas para melhorar o atendimento à população, evitando que tragédias como essa se repitam.
Durante sua fala na Sessão Ordinária, o vereador Diogo Wolf destacou que a intenção da CPI é investigar os fatos e convocar as pessoas envolvidas para se explicarem sobre o ocorrido. Wolf também afirmou que a comissão buscará soluções para prevenir novos casos semelhantes.
Ao longo da sessão, os demais vereadores que se manifestaram na tribuna expressaram apoio à investigação pela Câmara.
De acordo com o regimento interno da Câmara de Vereadores de Três de Maio, as Comissões Parlamentares de Inquérito possuem poderes investigatórios próprios das autoridades judiciais. As conclusões da CPI, se for o caso, serão encaminhadas ao Ministério Público para promover a responsabilidade civil ou criminal dos envolvidos.
A CPI poderá determinar diligências e perícias, ouvir acusados, inquirir testemunhas, requisitar informações, convocar Secretários Municipais ou equivalentes e tomar todas as medidas necessárias para esclarecer os fatos.
Vereador Diogo Wolf protocolou um requerimento para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara
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