Cachorros abandonados causam transtornos em comunidade do Interior

Animais correm atrás de pessoas que circulam a pé, de moto ou bicicleta, pela localidade de Caúna Alta. Moradores temem acidentes e pedem ajuda às autoridades municipais. Moradora enviou carta ao Poder Público Municipal em busca de uma solução

Cachorros abandonados causam transtornos em comunidade do Interior
Animais foram ‘largados’ na comunidade. Uma única cadela deu quatro filhotes. Ou seja, cães já são ‘descendentes’ dos abandonados

A três-maiense Marli Hatje enviou ao jornal Semanal para  publicação, uma cópia do ofício encaminhado ao prefeito de Três de Maio,  Marcos Corso, através da Assessoria de Imprensa, onde relatou um problema recorrente envolvendo a comunidade de Caúna Alta, que é o abandono de cachorros. 


Conforme Marli,  inúmeros cachorros abandonados andam por toda vizinhança de seus pais, em busca de comida, matando galinhas e pintos. Além disso, ainda representam perigo às pessoas que circulam pelas ruas da localidade, seja a pé, de moto ou bicicleta. “Após conversar com várias famílias de Caúna, que constantemente se queixam da situação, achei pertinente tornar pública a situação, pois  é preocupante, considerando que na localidade também existe uma Escola do Campo para alunos do ensino fundamental – anos iniciais; trilhas para jipeiros; estradas utilizadas por grupos de pedal; além de  uma cascatinha muito frequentada aos finais de semana”, relata.


Marli, que mora em Santa Maria e é docente da UFSM, mas que constantemente vem à Caúna para visitar seus pais, diz que com a pandemia parece que a situação envolvendo a comunidade se agravou já que todos os moradores permanecem mais em casa e convivem mais ainda com o problema. “Já existem queixas entre eles e nosso temor é que haja desentendimentos entre os vizinhos por conta dos animais abandonados e dos problemas que causam”. A grande maioria tem ou sempre teve cachorros de estimação ou ‘cuidadores do pátio’, acrescenta.


Conforme Marli, na casa dos seus pais, junto ao antigo bolicho, existem no momento oito cachorros que são tratados com ração e restos de comida. “A propriedade foi cercada, também como uma tentativa de mantê-los presos no pátio, e evitar que avancem nas pessoas que circulam por lá. Mas, sempre que se entra e sai de carro, eles fogem para a estrada e aos pátios vizinhos. Além desses cachorros, existem pelo menos mais  cinco que andam diariamente no local. Como há cadelas entre eles, o número de filhotes só cresce e a fome também”, revela preocupada com a situação.

 


Preocupação com o ataque dos animais às pessoas


Marli conta que sempre que uma pessoa, carro, moto ou bicicleta passa por Caúna, os cães correm atrás, acompanham o veículo ou a pessoa e latem muito. As pessoas ficam com medo e os moradores se perguntam: quem será responsabilizado quando os cachorros causarem um acidente ou ferimentos em pessoas que circulam ou passam pelas ruas da comunidade, principalmente crianças?


Conforme Marli, hoje são pelos menos 13 os cachorros que vivem na comunidade, cuja origem foi o abandono por pessoas que não foram identificadas. A comunidade não é a dona dos cachorros, mas se sente constrangida e revoltada com a situação.  “Os oito  cachorros que estão no pátio dos meus pais não são deles por escolha ou interesse, embora minha mãe goste muito de cachorro e trata eles com afeto. Começamos a cuidar e tratar de dois, porém, no decorrer de um curto espaço de tempo, o número de cachorros aumentou para 16. Aos poucos alguns morreram ao comer fígado com veneno ou porque foram apedrejados. Foi muito triste ver a situação, já que eles morreram no pátio dos meus pais. Dois conseguimos recuperar com tratamento”, revela, porém, segundo Marli, um deles até hoje não consegue sentar direito porque foi alvejado, possivelmente com tiros, revela e pergunta: “Quem cometeu o crime na vizinhança? Até hoje estamos sem resposta, assim como não sabemos quem abandona cachorros na estrada em Caúna.”

 


Família providenciou a castração de cinco cadelas


A professora universitária também diz que em função do estresse causado pela  situação, há um ano ela compra, todos os meses, 40 quilos de ração em Santa Maria para alimentar os cães. Além disso, como uma tentativa de impedir a procriação, há três meses a família providenciou a castração de cinco cadelas em uma clínica veterinária particular de Três de Maio. “Mas, não conseguimos solucionar o problema porque a cada dia aparece um novo cachorro e o problema só aumenta” diz indignada com a situação.


A três-maiense diz que espera uma resposta do Poder Público Municipal, a partir das leis que tratam da proteção de animais. “Todos estamos de mãos amarradas, mas ainda solidários enquanto comunidade, mas gostaria de frizar que meus pais não são os donos dos cachorros que circulam por lá e nem pelos problemas que causam”, finaliza.