Área destinada a cultura da soja deve permanecer a mesma da safra anterior

Emater estima que lavouras atinjam produtividade média de 53,3 sacas/hectare

Área destinada a cultura da soja deve permanecer a mesma da safra anterior
Até o momento, cerca de 20? lavoura destinada a cultura já foi implantada

A principal cultura da região   começou a ser implantada em Três de Maio. Segundo o escritório local da Emater/RS-Ascar, Três de maio deve cultivar 21 mil hectares com soja, com uma expectativa inicial de colheita de 3.200 kg/hectare (53,3 sacas/ha). A área se mantém a mesma da safra 2022/2023 no município.

Por outro lado, a esperança é de que a safra não registre perdas como ocorreu na última, em que a produtividade média ficou em 35,7 sacas/ha. Isso porque a Região Sul tem sido fortemente impactada pelo fenômeno El Niño, caracterizado por chuvas em grandes quantidades. “Para as culturas de verão, analisando o histórico da região, nos anos em que este fenômeno ocorreu, nós registramos supersafras, em especial a soja e o milho. Por isso a expectativa é de que tenhamos uma ótima safra em questão de rendimentos, pois irá aliar umidade e calor”, é o que explica o chefe do escritório local da Emater, Leonardo Rustick.

Conforme a Emater, os produtores rurais já implantaram cerca de 20% da área, próximo de 4,2 mil hectares. “Ao longo dessa semana, os produtores intensificaram a semeadura da cultura, pois houve condições adequadas quanto ao clima”.

Para Leonardo, os produtores do município têm apostado e investido bastante na questão da conservação de solo, utilizando a rotação de culturas e terraceamento. “Por isso, mesmo com esses grandes volumes de chuva, não tivemos tantos problemas nas áreas de terra”, acrescenta o extencionista.

 

Chuvas prejudicaram produtividade do trigo e a média fica em 33 sacas por hectare

Já quanto a cultura do trigo, que está encerrando a safra com prejuízos, Leonardo detalha que ocorreram perdas em torno de 40% na produtividade. “Tivemos uma área de 12 mil hectares. Inicialmente, a estimativa era de colher 3.300 kg/hectare (55 sacas/ha), que não se concretizou. Atualmente, a média da colheita está em 2.000 kg/ha (33,3 sacas). Essas perdas ocorrem em função da chuva excessiva, principalmente no período de colheita. O produto perdeu qualidade, em especial naquelas áreas colhidas depois que passou a chover com mais intensidade. Aqueles produtores que conseguiram colher antes dessas chuvas, até tiveram um trigo de boa qualidade, mesmo assim, o rendimento não foi satisfatório”, pontua.

Nas áreas colhidas após as chuvas, além de perder qualidade no trigo, houve perdas no rendimento. “Tivemos um grande volume de trigo que virou triguilho”, relata.

Para Leonardo, foi uma safra de inverno frustrante, tanto na questão de preços, quanto de produtividade. “Quando os triticultores contrataram os financiamentos para custeio, o preço da saca estava em torno de R$ 76 e, na colheita ficou em R$ 52. Ou seja, houve uma perda de 31% no preço  e  40% de perda na produção”, observa Leonardo. 

Se a produção de 55 sacas sacas por hectare, a R$ 75, tivesse se confirmado, um hectare poderia render R$ 4.125. Já com uma produção de 33,3 sacas/ha ao preço de R$ 52, um hectare rendeu  apenas R$ 1.733,33, ou seja, uma queda de 57,9% no rendimento médio da lavoura. “Este cenário, não cobre nem os custos da produção. Muitos produtores rurais acionaram o seguro agrícola, para não ficar com dívidas com os agentes financeiros”, finaliza.