‘Aos poucos fui pegando gosto pelo negócio. Meu pai é agricultor, o meu avô foi agricultor e o avô dele também.... a agricultura já estava no sangue da família’

A sucessão rural está na quarta geração na família Retore. Samuel Luiz Retore, 22 anos, filho de Arcênio Retore, 53 anos, e Arlete Ivânia Hoesel Retore, 48, está dando continuidade ao legado da família. Eles moram no Distrito de Manchinha, interior de Três de Maio, e possuem uma propriedade de 180 hectares de terra. Samuel é irmão de Eduarda, 24 anos, formada em Direito e residente em Horizontina, que não participa das atividades rurais da família.
Nem sempre permanecer na agricultura estava nos planos de Samuel. “Quando mais novo, eu não tinha interesse em trabalhar na agricultura. Mas também eu tinha pouca vivência e praticamente não acompanhava meu pai na propriedade. Eu gostava de informática, de mexer com computadores. Quando entrei no Ensino Médio, fui mudando de ideia... meus pais foram adquirindo mais áreas de terra, e foi se criando a necessidade de mais mão de obra, então eu comecei a trabalhar com o meu pai aos poucos”, conta.
Ao concluir o Ensino Médio, a opção foi trabalhar efetivamente com o pai. “Aprendi a plantar, colher, enfim os serviços de lavoura em geral. Peguei gosto pelo negócio e vi que era bem rentável. Foi aí que eu percebi que assim como o meu pai é agricultor, o meu avô foi agricultor e o avô dele também, trabalhar com a agricultura já estava no sangue da família”, destacou.
Para ter mais conhecimento na área e acompanhar as constantes mudanças e avanços que acontecem em todos os setores, inclusive no meio rural, ele optou pelo curso de Agronomia. “Continuei morando com os meus pais. Os novos conceitos e a teoria, fui aprendendo na faculdade à noite na cidade e, durante o dia, fui aprendendo na prática, trabalhando na nossa propriedade. Agora, estou terminando o curso, falta só o estágio curricular” revela, satisfeito com a escolha do curso e por ter optado em pela sucessão rural.
Na opinião do jovem, no Agro não é diferente. “Precisamos nos atualizar e sermos profissionais para nos manter competitivos no mercado. Antigamente se a pessoa não queria estudar ficava na agricultura. Hoje, precisa conhecimento, estudar e acompanhar as mudanças que estão acontecendo”, enfatiza Samuel.
Ele pondera que a agricultura é uma área em pleno desenvolvimento, com uma demanda imensa de produtos e serviços.
“Qualquer pessoa hoje – seja um técnico ou um agrônomo – já possui oportunidades no mercado, mas para se manter nele depende de seus conhecimentos. Esse é um dos fatores que me atrai: a grande possibilidade de crescimento no setor”, ressalta Samuel.
‘Pouco se discute o quanto sustentável é a nossa agricultura e o quão sustentável ela pode vir a ser com os manejos adequados’
O carro-chefe da propriedade da família Retore é a produção de grãos como milho, soja e trigo. Para Samuel, o mais relevante para os jovens é conhecer as diversas possibilidades que o Agro pode proporcionar, tanto ao produtor rural – seja ele de pequeno, médio ou grande porte – quanto aos técnicos que estão ao campo.
O jovem empreendedor rural cita um fator que merece atenção sobre a sucessão rural: a falta de conhecimento e informações aos jovens rurais, principalmente para os agricultores familiares. “Alguns órgãos públicos como o Sindicato Rural e o Senar realizam diversos programas e cursos para atender esses produtores, mas ainda existe muito a ser feito”.
Para ele, a tecnologia veio para transformar a realidade das pessoas, e na agricultura não é diferente. “O conhecimento técnico é fundamental para ter o maior aproveitamento das lavouras e incremento na produtividade. Hoje muito se fala no aquecimento global e na emissão dos gases de efeito estufa, mas pouco se discute o quanto sustentável é a nossa agricultura e o quão sustentável ela pode vir a ser com os manejos adequados”, compara.
Um fato bem interessante que Samuel aprendeu é que quanto mais sustentável for o sistema de produção de uma propriedade mais produtivo ele tende a ser, principalmente na produção de grãos. “Atualmente o setor agrícola está se renovando, não somente com pessoas mais jovens, como eu por exemplo, que estão entrando no mercado, mas os próprios agricultores estão entendendo a necessidade de ter mais informações sobre o sistema produtivo e estão buscando evoluir, para produzir mais e de forma mais barata e sustentável”, considera.
Contudo a resistência às novas tecnologias, segundo ele, ainda é grande por parte dos agricultores com mais idade. “É normal ser receoso com o desconhecido, mas gradualmente os manejos são implantados, as tecnologias difundidas e as pessoas se adaptam à nova realidade”, finaliza Samuel.
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