Três-maienses estão comprando menos carne

Cortes tradicionais tiveram queda de até 30% nas vendas nos supermercados locais

Três-maienses estão comprando menos carne
Desde o início do ano, mercados registram uma queda de até 30% nas vendas de carne bovina. Venda de carne de porco e frango também teve diminuição - Foto: Ederson Rambo

Os constantes aumentos no preço da carne provocaram mudanças na mesa dos brasileiros, que cortaram o consumo de carne bovina para o menor nível nos últimos 25 anos, de acordo com dados do governo federal, que calcula a disponibilidade interna do produto subtraindo o volume exportado da produção nacional.


Não bastasse a perda de renda da população devido à pandemia, os preços de cortes bovinos dispararam, limitando o consumo interno. Agora, cada brasileiro consome 26,4 quilos desta proteína ao ano, queda de quase 14% em relação a 2019. Este é o menor nível desde 1996, início da série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).


Em Três de Maio, o reflexo dos altos preços também reflete na queda do consumo. De acordo com Sidinei Gilmar Rossi, encarregado de açougue de um supermercado, cortes tradicionais como costela, maminha e vazio tiveram redução de cerca de 15% nas vendas. “São cortes que agregam valor e, consequentemente, encarecem mais”, explica. 


Atualmente as carnes mais vendidas são a carne bovina, tendo como cortes preferidos a costela e a chuleta; seguida pela carne de porco, como paleta e pernil com pele. “Aqui no mercado a carne de gado aumentou cerca de 20% em alguns cortes desde o início de 2021, o frango aumentou cerca de 40% em alguns cortes. Já a carne suína teve redução de até 40% em alguns cortes”, revela Sidinei, ressaltando que na Semana Farroupilha, a venda de carnes aumentou em torno de 20% em relação a outras semanas. 


Tiago Benedetti, sócio proprietário de supermercado, revelou ao Semanal que a venda de carne de gado teve queda de aproximadamente 30% desde o início de 2021. Carne de porco e frango também tiveram queda na procura, mas num percentual menor. Os cortes mais vendidos são de carnes de segunda, inclusive para churrasco, em função do preço.


“De modo geral o consumo de carne, principalmente a bovina, caiu bastante em função do aumento do preço. Isso porque não aumentou só o preço da carne, mas de quase todos os setores do supermercado e do comércio, menos o salário mínimo. Subiu energia, subiu o gás, então isso acaba refletindo no consumo, a pessoa não consegue consumir mais, ganhando a mesma coisa”, considera Benedetti.


Cristiano Hensel é sócio proprietário de um açougue inaugurado no início do mês diz que a Semana Farroupilha alavancou as vendas. “Embora estejamos em funcionamento há poucas semanas, na Semana Farroupilha registramos  aumento das vendas de carnes em geral, principalmente para churrasco”. Segundo ele, os cortes mais procurados foram costela, vazio, picanha e chuleta. 
 

 

Carne é o produto mais caro da cesta básica gaúcha


No Estado, a Semana Farroupilha foi com um churrasco mais magro. Com a cesta básica mais cara do país e um aumento de 35% no preço da carne bovina em 12 meses, consumidores buscaram alternativas para o prato típico gaúcho.


De acordo com Daniela Sandi, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), “a carne é o produto de maior gasto na cesta básica, pela alta do dólar, encarecimento dos custos de insumos, farelo de milho e soja", analisa.


Segundo pesquisa Datafolha divulgada na última segunda-feira, 85% dos brasileiros reduziram o consumo de alimentos desde o início do ano, com destaque para carne de boi, seguida de arroz, feijão, frutas, legumes e pão. O ovo, ao contrário, ganhou espaço nos lares do país como substituto da proteína, segundo o levantamento, realizado entre 13 e 15 de setembro. Na região Sul, o item mais cortado da cesta de compras foi a carne bovina, citada por 58% das pessoas.