POLUIÇÃO DO AR: Aumenta procura por atendimento médico com sintomas respiratórios decorrentes da fumaça

POLUIÇÃO DO AR: Aumenta procura por atendimento médico com  sintomas respiratórios decorrentes da fumaça
Diversas cidades do estado registraram alta concentração de fumaça decorrentes das queimadas da Amazônia

Quem olhou para o céu nos últimos dias,   percebeu um sol mais alaranjado escondido no meio da fumaça. Ao olhar a linha do horizonte não via  mais o céu azul que comumente é observado. Além disso, o ar que respiramos está seco e com partículas que prejudicam a respiração.

Isso tem ocorrido em virtude do Rio Grande do Sul estar encoberto por fumaça decorrente de queimadas na Floresta Amazônica e do Pantanal, que começaram a aparecer no estado no final de agosto e se intensificaram nos últimos dias.

A Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul tem alertado a população sobre a piora da qualidade do ar em todo o território gaúcho e que pode ocasionar problemas respiratórios. 

Esse ar está carregado de fuligem e poeira, tem causado um aumento na procura por atendimentos decorrentes de sintomas que atacam os órgãos do sistema respiratório, como relata o médico pneumologista Jean Zanetti. O especialista concedeu uma entrevista ao Semanal para orientar a população sobre os cuidados que podem ser tomados neste período para evitar problemas no sistema respiratório.

 

Médico pneumologista alerta para cuidados que podem ser adotados enquanto a qualidade do ar estiver afetando a região

Segundo o médico pneumologista, em entrevista  à reportagem do Semanal, está havendo um aumento expressivo no número de consultas nos últimos dias, com pacientes com os mais variados sintomas respiratórios. “Desde tosse, rinite, crises de asma, exacerbação de sintomas respiratórios prévios (pessoas que já tinham problemas e que acabam intensificando os seus sintomas)”, relatou Zanetti.

A procura por atendimento ocorre em diversas faixas de idade, desde crianças, adultos e  idosos. “O que se nota é uma predominância entre crianças e idosos, principalmente porque essas faixas etárias possuem incidência maior em alguns tipos de doenças respiratórias mais específicas, como asma, bronquite, rinite e doença pulmonar obstrutiva crônica. Geralmente também acabam tendo uma gravidade um pouco maior, por isso, são as faixas que procuram por uma maior atenção médica”, contextualiza o pneumologista.

Para evitar problemas de saúde relacionados à poluição do ar,  Zanetti recomenda que as pessoas evitem se expor ao ar contaminado. “Nós sabemos que é algo difícil pelo nosso cotidiano. Precisamos sair de casa, entrar em contato com o clima, mas algumas coisas podem ser adotadas. Principalmente para quem gosta de praticar exercícios físicos ao ar livre, onde ocorre um aumento da demanda respiratória e cardiovascular, em teoria você terá um contato muito maior com o ar e a poeira, fumaça e pólen. O clima muito seco desidrata rapidamente a via aérea, por isso não é recomendado, pelo menos enquanto não passar essa situação extrema, que as pessoas se exercitem ao ar livre e que prefiram praticar exercícios dentro de um ambiente controlado”, explica.

O especialista reforça para que as escolas tenham  cuidados quanto às atividades ao ar livre. “Eu orientaria que as atividades abertas, por exemplo a educação física, que eles segurassem neste momento. Primeiramente pelo calor e pelo tempo seco. Tem fumaça no ar, então, uma atividade física mais intensa não é recomendável. Dentro de um ginásio, com um ambiente mais controlado, com uma umidificação mais adequada, pode ser um pouco mais tranquilo”, diz.
 

“Se a tosse for persistente e começar a atrapalhar as atividades da vida diária, houver a presença de febre, dor e desconforto para respirar, estes são sintomas que demandam atenção médica”, alerta Jean Zanetti

 

Com sintomas persistentes,  população deve procurar assistência médica

O pneumologista reforça que a população procure por atendimento médico assim que perceber alguns sinais de alarme. “Eu diria que, se a tosse for persistente e começar a atrapalhar as atividades da vida diária, houver a presença de febre, dor e desconforto para respirar, estes são sintomas que demandam atenção médica, pelo menos para uma avaliação inicial para que se possa identificar algum problema em fase inicial”, frisa.

Zanetti acrescenta que, os pacientes que já possuem problemas respiratórios,  devem procurar atendimento médico caso os sintomas se intensifiquem. “O médico irá avaliar da melhor forma para tentar ajustar a medicação. Eventualmente pode precisar de algum reforço na dose de medicamentos ou, até mesmo, acrescentar algum outro, principalmente para controle de asma e rinite, que são as doenças que se exacerbam em momentos como este”, salienta.

Quanto ao uso de máscara, o médico  observa que as partículas muito pequenas conseguem atravessar uma máscara mais simples. "Por outro lado, eu recomendaria que aquelas pessoas que precisam lidar com situações de mais poeira, pessoas que trabalham com o solo, como agricultores, por exemplo, que, quando forem trabalhar nessas atividades, utilizem uma máscara N95, que possui uma cobertura ou uma proteção maior, ou, ainda, máscaras com carvão ativado, pois a chance de entrar em contato com uma quantidade grande de poluentes é ainda maior para esses trabalhadores”, finaliza.

 

CUIDADOS PARA AMENIZAR O EFEITO DO AR POLUÍDO

- Evitar a prática de exercícios físicos ao ar livre. Se possível substituir por exercícios em ambientes fechados;
- Manter os ambientes fechados, para evitar a circulação de partículas tóxicas dentro das casas, locais de trabalho, escolas, etc.
- Tentar manter um ambiente mais umidificado. O uso de umidificador de ar é recomendado. Utilizar recipientes de água e toalhas umedecidas nos ambientes em que mais circula, principalmente à noite, ao dormir
-  Hidratação é fundamental para este período. Passagem de soro fisiológico no nariz. Colírio com soro fisiológico para os olhos se for preciso. E beber muita água.