Fumar cotonete: A nova moda entre adolescentes é perigosa e pode causar asma, bronquite e até câncer
Desafio propagado no TikTok, preocupa pais e especialistas em saúde

O mais novo desafio entre as crianças e adolescentes nas redes sociais, difundido principalmente pelo TikTok está preocupando pais e acendendo o alerta em médicos e especialistas. Em vídeos curtos, eles fumam cotonetes. Isso mesmo, queimam o algodão, o plástico e aspiram a fumaça tóxica que surge da junção dos dois.
Quem consome a fumaça gerada pela queima desse tipo de produto está exposto às substâncias tóxicas tanto do algodão quanto do plástico. Após o mais novo desafio de fumar cotonete popularizar no TikTok, pais, responsáveis e a comunidade médica alertaram para os perigos do consumo da fumaça gerada a partir da queima das chamadas hastes flexíveis. Segundo a pneumologista Michelle Andreata, ouvida por O TEMPO, há riscos tanto pela queima do algodão quanto pelo plástico.
Risco em dose dupla
Especialistas em saúde alertam que há riscos tanto pela queima do algodão quanto pelo plástico e são enfáticos ao dizer que isso não pode ser feito de forma alguma, visto que pode desencadear doenças graves respiratórias como bronquite, asma, ou formais mais graves como câncer e a bissinose, doença ocupacional de trabalhadores da indústria do algodão.
Quando submetidas à queima, as hastes plásticas e o algodão geram substâncias tóxicas em forma de fumaça. De modo geral, inalar qualquer tipo de fumaça resultante de queima de algum material tem riscos potenciais. Mas o plástico e o algodão causam problemas bem específicos.
A bissinose é gerada a partir da inalação forçada do linho, cânhamo e o algodão. A doença estreita as vias respiratórias e leva a uma respiração ruidosa (com chiado) e sensação de pressão no tórax, e consequentemente, com o tempo reduz a função do pulmão até o órgão parar de funcionar.
O algodão queimado ainda pode causar broncoespasmos, ou seja, o inchaço e fechamento das vias respiratórias que impedem o ar de circular dentro do sistema respiratório. A pessoa pode ter falta de ar, tosse, e, em casos mais graves, uma parada cardiorrespiratória. Além disso, pode também desenvolver doenças respiratórias crônicas e risco de internações.
Essas fibras presentes no algodão não se desfazem e nem são expelidas tão rapidamente.
Com o plástico não é muito diferente. Quando submetido à combustão, ele libera vários tipos de substâncias que, se inaladas, podem causar sufocamento e gerar crises de alergias e asma. A exposição prolongada pode causar a formação de câncer, doenças cardíacas, além de irritar olhos, garganta e provocar náuseas e dor de cabeça.
O lado emocional da nova onda
Para o neurocientista luso-brasileiro Fabiano de Abreu Agrela todas essas novas tendências advêm do fato dos jovens quererem fama rápida e reconhecimento dos amigos, mesmo que para isso tenham que se colocar em perigo.
Para Abreu, “a necessidade de chamar a atenção, de ser visto, faz com que alguns adolescentes e jovens sem conhecimento tomem atitudes que para os mais sabidos parecem imbecis. Mas temos que levar em consideração a imaturidade, assim como a educação em casa".
Para o neurocientista, os que seguem o TIkToc, também estão na mesma vibe dos que fazem, mas com menos coragem. "Este aplicativo - o TikToc - não impõe barreiras, é usado pelos adolescentes e jovens, que costumam ser mais imaturos, portanto, promovem muitas coisas negativas.”
Ao nível dos danos causados nos usuários da nova onda, o neurocientista alerta que “as substâncias químicas tóxicas produzidas pela substância em queima afetam além do pulmão, o cérebro. Inclusive afetando ainda mais a inteligência. A inalação de fumaça causa danos cerebrais caracterizados por ativação de astrócitos, danos neuronais e axônicos mielinizados e hemorragia. Partículas nos pulmões ou na corrente sanguínea podem alertar o sistema imunológico e desencadear inflamação no cérebro.”
Para finalizar, o neurologista diz que Iinfelizmente a juventude não pensa no longo prazo e em todas as nuances prejudicando a sua saúde à toa.
Pais devem ficar atentos
A cada ano, novos desafios surgem na internet entre jovens e adolescentes e especialistas destacam a importância de manter o diálogo com os filhos.
Para Cristina Borsari, coordenadora do departamento de psicologia do Sabará Hospital Infantil, mais do que controlar o que os filhos estão vendo na internet, a família deve estabelecer uma conexão por meio do diálogo, atuando de forma preventiva. “Claro, que não tem hoje como proibir o filho de ter uma rede social, faz parte do desenvolvimento dele, mas é possível limitar e criar regras. E sempre ser vigilante ao que está assistindo. Para ter controle participativo por meio do diálogo e não autoritário”, afirma.
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