ECOS DO TEMPO: Vozes que atravessam gerações

Sorrisos, pescarias e muitos causos para contar
Eva Pasternack tem 72 anos de pura simpatia e boas histórias. Nascida em Quaraim, interior de Três de Maio, ela é a segunda de cinco irmãos – dois meninos e três meninas. Desde pequena, já demonstrava uma força incrível: com apenas seis anos, trocou as bonecas pela enxada e foi “carpir” com os pais na roça. Vida de criança raiz!
Estudou até a quinta série, e com um detalhe engraçado: acompanhava o irmão na escola porque ele tinha medo de ir sozinho. Resultado? Ele reprovou na primeira série e ela passou! “Coisas da vida”, diz ela.
Na infância, brincava de casinha e com bonecas de pano que a mãe costurava com carinho. Aos 15 anos, sonhava em ser freira – mas a roça falou mais alto. “Naquela época, era tudo na base da enxada, então fiquei para ajudar o pai e a mãe na lavoura”, conta com orgulho.
O amor chegou perto de casa: conheceu o marido também em Quaraim. Casaram e enfrentaram juntos os altos e baixos da vida no campo. Ela lembra de uma seca que não deixou nada para colher, mas o carinho entre os dois era colheita certa. Criaram três filhos – um mora em Três de Maio, outro em Santa Catarina e o terceiro foi se aventurar até o Paraguai!
A vida melhorou um pouco com a aposentadoria, mas as vacas continuaram firmes e fortes na lida da família. Como não dava pra deixar as bichinhas sozinhas, quando um ia visitar os filhos, o outro ficava de plantão no estábulo. E quando os filhos apareciam com o carro, Eva já ia “de carona garantida”.
Ela mora no lar há dois anos e meio, desde que sofreu uma queda na casa do filho no Paraguai. Foi então que os filhos decidiram que ali seria o melhor e mais seguro lugar para a mãe. E ela? Adora o lar! Conversa com todo mundo, dá risada, e tem a Iracema como melhor amiga de prosa.
Dos filhos, o que mora em Três de Maio vem com frequência, os outros visitam duas ou três vezes por ano – a distância é grande, mas o amor não diminui. Lembra com orgulho que sempre disse aos filhos: “Trabalhem, casem e construam a própria família”. Conselhos de mãe sábia!
A cabeça continua afiada – “graças a Deus!” – mas as pernas já não são mais as mesmas. O que ela sente mais falta? Das pescarias! A casa da família ficava a 300 metros do rio, e ela se esbaldava pescando. Uma vez pegou um peixe de 10 quilos! E sabia nadar melhor que muita gente por aí. As vacas, sempre prestativas, mantinham tudo limpinho até a beira do rio. Um verdadeiro paraíso rural.
Eva é dessas mulheres que deixam a gente com vontade de puxar uma cadeira, sentar ao lado e escutar por horas. Sua história é feita de simplicidade, coragem e muito bom humor.
PROJETO ECOS DO TEMPO APOIADORES:
Diretoria da Associação Tresmaiense dos Amigos dos Idosos
Amara Werle - Jornal Semanal
Betina Cesa - Nossa Revista
Narjana Pedroso - @npagenciacriativa - gravação e edição dos vídeos
Luciana Thomé Chedid (Luka) Loja O Boticário - cabelo e maquiagem
Arlene Bender - entrevistas
Miréia Bohnen - edição escrita das histórias
OBS: as entrevistas e publicações foram autorizadas pelos familiares.
Comentários (0)