Com jornada tripla, professores das escolas municipais realizam paradas pedagógicas semanais
Medida está gerando descontentamento entre alguns pais. Secretária Vera Kuhler esclarece que as paradas servem para auxiliar alunos que não estão participando das aulas

Nos últimos dias, alguns pais procuraram a imprensa local para questionar o fato de algumas escolas da rede municipal terem aulas diariamente e outras com revezamento, prática que acontece até mesmo na mesma escola.
Em contato com a reportagem do Semanal, a secretária Vera Kuhler revela que as escolas municipais organizaram a logística de atendimento em acordo aos seus planos de contingência, que determina o distanciamento social com respeito de 1,5m entre os ocupantes da sala. Para tanto, otimizaram todos os espaços disponíveis. Sendo assim, “temos escolas e turmas em que não há necessidade de revezar, o que determina isso é o espaço físico”.
Justificativa da parada pedagógica
Referente ao questionamento dos pais sobre a parada pedagógica, Vera explica que este dia será dedicado ao atendimento dos estudantes que optaram pelas aulas não presenciais, uma vez que a presença física é facultativa e na rede há um quantitativo de estudantes nesta condição. Ela lembra que a rede estadual também adota a parada pedagógica desde que iniciaram as aulas presenciais, e que essa prática visa auxiliar os alunos que não estão participando das aulas na modalidade híbrida, parte das atividades em casa e parte na escola.
“Nosso professor está em plantão pedagógico no dia da parada. O motivo: sabe aquele aluno que não está vindo nenhum dia para escola? Mesmo ele não indo, precisa fazer os trabalhos, porque é aluno e é exigida sua participação. Então, quando é que o professor vai olhar esses trabalhos? E se o aluno tiver dúvidas? Esse plantão pedagógico é para esses alunos que não estão indo presencialmente e também para atender aqueles que apresentam maiores dificuldades”.
Professores devem organizar materiais que são disponibilizados para alunos fazerem em casa
Alternância nos dias
A justificativa de ser em dias alternados e não fixos, conforme Vera, é para não prejudicar a matriz curricular de apenas um componente. “Ou seja, daqui a pouco, se a parada for toda sexta-feira, estamos atingindo somente o professor de matemática (por exemplo), e o estudante vai perder a oportunidade de aprender com a presencialidade física do professor de matemática. Temos que pensar na aprendizagem do aluno. O educando está em primeiro lugar para nós”, observa a secretária.
A secretária frisa ainda que os professores estão fazendo tripla jornada e que toda essa situação é muito complicada. “Nosso professor tem que dar aula híbrida, atender alunos na modalidade presencial e remota (uma semana vem metade da turma, outra semana vem outra) e ainda, nossa internet não permite e não tem condições do professor dar aula em sala em tempo real para quem está em casa. Além disso, temos muitos estudantes sem acesso aos materiais digitais, assim, o professor ainda tem que planejar e organizar material impresso para as aulas daqueles que ficam em casa.
Contudo, Vera informa que a parada pedagógica não se aplica para a Educação Infantil, creche e pré-escola.
Avaliação dos alunos
Na semana passada, a rede municipal realizou uma série de avaliações envolvendo os diferentes componentes curriculares com ênfase na linguagem e matemática. “Nós precisamos saber como estão os nossos alunos, se sabem ler, escrever, produzir textos e realizar cálculos, pois estas são as competências gerais. Assim, os quatro dias de aulas remotas foram de extrema necessidade”, informou a secretária. Na mesma semana realizaram-se os conselhos de classe e a elaboração dos pareceres descritivos e notas objetivando a expressão dos resultados de cada estudante neste período, os quais, em acordo com o cronograma, serão entregues aos pais ou responsáveis.
Uso de ferramentas tecnológicas
“Quando os professores passaram no concurso público ou seleção para o cargo, não era exigência ter ‘conhecimento em tecnologia educacional’. Hoje o professor tem que enviar vídeo, fazer reunião virtual... interagir com os alunos através da tecnologia, entre outros...”, descreve Vera. Em virtude disto, os professores estão se especializando e fazendo aulas à noite para poder lidar com essas ferramentas; são dois grupos de formação em andamento (Google for Education). “Na missão de garantir educação de qualidade, precisamos analisar todo o sistema, permitindo que ele funcione como uma engrenagem: mantenedora, escola, aluno, família e sociedade”, conclui a secretária de Educação.
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