Avós e netos: Mais tempo disponível e maturidade tornam a relação leve e tranquila

Os avós recebem diversas definições, como pais em dobro, pais com açúcar e por aí vai. Parece que eles têm todo o amor, carinho e calor do mundo armazenados dentro deles. O amor incondicional e o aconchego infinito criam um vínculo especial entre as duas gerações. De acordo com a psicóloga Salete Xavier São Bernardo, o convívio entre avós e netos pode ser enriquecedor, com laços estabelecidos de forma mais horizontal, ou seja, com o afeto tomando mais espaço que a autoridade, embora a relação de respeito continue sendo preservada. Ela defende que para os avós é uma segunda oportunidade de participar na criação de crianças na família, mas desta vez de forma mais leve e tranquila, já que além de ter mais tempo disponível, também são mais maduros e experientes. Não é difícil encontrar avós que cuidam dos netos para os pais trabalharem, ainda mais neste período de pandemia, quando crianças e adolescentes passaram muito tempo longe da escola. Seja no dia a dia, ou nos momentos de urgência, a certeza é uma só. Eles marcam a vida dos netos de maneira muito especial. O Jornal Semanal traz algumas histórias sobre a convivência de avós e netos em Três de Maio. É muito amor envolvido!

Avós e netos: Mais tempo disponível e maturidade  tornam a relação leve e tranquila
Vô Nena e vó Beti com as netas Anabel e Bárbara

‘Revivemos nossa história com nossos filhos, através
das nossas netas. É um viver cheio de amor e doçura’

Para Luis Carlos Pereira, o Nena, 66 anos e Elisabete Rigon Pereira, a Beti, 56,  ao se tornarem avós, mais uma vez têm a oportunidade de viver a perfeição da criação humana. “Revivemos nossa história com nossos filhos, através das nossas netas. É um viver cheio de amor e doçura”, relata o casal, avós de Anabel e Bárbara, de 4 anos e seis meses.


Beti diz que com o tempo começaram a perceber e peneirar algumas coisas da vida. “Quando nossos filhos eram pequenos, ‘corremos’  atrás de muitas coisas, que com o passar dos anos, perderam totalmente a importância. Quando jovens, priorizamos as crianças, mas também tivemos que nos dedicar ao trabalho, aos estudos, além do nosso próprio tempo em outras atividades”, diz Beti.


Quando o casal teve os filhos – Betina e Fabrício –, contou com a ajuda dos pais. E hoje, veem a oportunidade de retribuir isso, com as suas netas. “Quando a Betina falou que estava grávida, sem ela nos dizer, nossos corações já sabiam que seria menina, e para maior felicidade, vieram duas. E tivemos sempre a certeza de que elas poderiam contar conosco em todos os momentos, e tem sido assim desde sempre”, lembra o casal.


O primeiro ano das netas foi de apreensão para os avós, por serem duas e, consequentemente, demandavam mais tempo com os cuidados. “Eu ainda tinha uma loja, e trabalhava muito. Além disso, o Nena e eu temos nossas questões de saúde que exigem tempo e cuidado, além dos nossos trabalhos voluntários. Mas tudo foi se organizando com o tempo”, revela.   


E então a pandemia chegou, e com ela o medo, as restrições. Os avós queriam estar bem para estar o mais próximo das netas. “Elas deixaram de ir à escola, e os momentos juntos que já eram muitos, aumentaram ainda mais. E isso nos deixou muito felizes”.


E este período foi de muito aprendizado tanto para os avós como para netas. “Quantas e quantas vezes deixamos as cadeiras de lado e sentamos no chão com as meninas. Comemos muita comida invisível, pintamos tudo que antes mal era tocado, compomos músicas, fizemos teatro, dançamos, etc. Graças a Deus tivemos pessoas maravilhosas ao nosso lado, que também largaram tudo para nos ajudar. Foram inúmeras as atividades, cafés da tarde ao ar livre, programas diferentes, que fazem muito bem para nós também”.


O casal conta que no período em que as netas não estiveram na escola, conheceram lugares lindos aqui bem pertinho, plantaram flores e árvores, cuidaram de rios, recolheram lixo, brincaram com animais... “Conviver tão intensamente com os netos é viver muitas experiências diferentes a cada dia. e isso é muito gratificante”.


Para Betti, a família é o bem mais precioso. “Além dos nossos filhos, Fabrício e Betina, a chegada da Anabel e da Bárbara, nossas netas lindas, nos fez querer ajudar e sermos presentes na vida delas. O tempo vai trazendo mais sabedoria, podemos dar continuidade ao que aprendem na casa delas, com os pais – que os avós adoram fazer tudo o que não pode, também é verdade –, porém, quando elas estão conosco, também  deixamos o nosso legado e a nossa marca nos corações delas, e isso ficará com elas para sempre”, avalia Beti.


Nem tudo são flores, chorar juntos também faz parte
Nena e Beti contam que a cada dia Deus os capacita para o cuidado com as netas. “Em alguns dias os ânimos estão mais exaltados e algumas vezes nós quatro choramos juntos. Mas sempre permitimos que as emoções saíssem, para depois lavar o rosto e seguir firmes e fortes”.


“Temos por nossos netos um amor simples, de cuidado, carinho, travessuras e brincadeiras, de beijos doces e abraços apertados. Vivemos a bênção de ter nossa família. E a cada dia, tempos novos surgem pela frente, com a certeza de que estaremos juntos sempre”, finalizam os avós, emocionados.

 

‘O que veio de um momento ruim que todos vivemos, acabou se tornando uma grande oportunidade de aproveitar a primeira infância das meninas de forma intensa e cheia de amor’

Betina Rigon Pereira e Douglas Moraes, são pais das gêmeas Anabel e Bárbara, de 4 de quatro anos, e acreditam que elas têm a sorte de encontrarem nos avós, carinho, conforto e dedicação em todos os momentos. Com a chegada da pandemia, por conta  da limitação das aulas e com o trabalho dos pais, as meninas que já ficavam bastante tempo aos cuidados dos avós, ficavam ainda mais. “E o que veio de um momento ruim que todos vivemos, acabou se tornando uma grande oportunidade de aproveitar a primeira infância das meninas de forma intensa e cheia de amor”, consideram.


O casal conta que os avós maternos, vô Nena e Vó Beti, ficam mais tempo com as netas por conta do trabalho dos avós paternos. Para Betina, com os avós, as filhas vivem muitas aventuras e brincadeiras, além de muitas memórias afetivas que vão levar para a vida toda. “Aos avós das meninas, a gratidão é imensa. Nós só temos a agradecer por todo o amor, dedicação e disponibilidade, abrindo mão de muitas coisas pelo conforto delas”.
 

Avós Lúcia Moraes e João Moraes, com as netas Anabel e Bárbara

 

 

‘Ser avó e avô significa ser mãe e pai duas vezes’

Para o avô Nelson Marasca, 58 anos, e a avó Estela Maris Marasca, 59, os netos “são joias preciosas... pacotinhos de amor que são dados pelos filhos”.


Eles definem a palavra avós como um carinho que nunca acaba. “Como moramos perto, nossa rotina começa bem cedo. Abro as janelas e lá estão eles vindo ao nosso encontro para nossa alegria”. Os netos são Caetano, 9 anos e Mariano, 5; filhos de Thiago Marasca, 37 anos e Luzia, 37. 


Os avós contam que cada neto tem sua personalidade, suas brincadeiras preferidas. “Como moramos no interior o contato com a natureza se faz mais presente e aproveitamos isso ao máximo. Eles andam a cavalo, jogam bola, andam de bicicleta. Também tem os dias dentro de casa, aí vem o computador, filmes e jogos”.


Com a pandemia e sem aula presencial, os netos ficaram ainda mais próximos dos avós,  auxiliando aos pais sempre que precisavam. “Quanto às regras, com certeza somos mais flexíveis, pois nos tornamos mais doces, sempre querendo fazer o melhor para eles”. Mesmo assim, os avós ressaltam que não interferem nos limites que são dados pelos pais de Caetano e Mariano. 


“Um sorriso, um abraço, um pedido especial nos amolecem. Pois eles são amor incondicional, bondade, paciência, humor e lições de vida”, definem os avós. Eles encerram a entrevista com a seguinte frase: “Dizem que os avós fazem com os netos o que não fizeram com os filhos.... pode ser que sim, pois ser avô e avó é bom demais”.
 

Os avós Nélson e Estela Maris Marasca com os netos Mariano e Caetano

 

 

“Hoje, são eles que nos acompanham nas idas ao médico, dentista ... estão sempre presentes, nos amparando...

Os avós Lígia Beatriz, 66 anos e Vilmar Canabarro, 70 anos se consideram privilegiados pelos netos que têm. “Ser vó é uma benção!”, resume Lígia, orgulhosa dos netos Muriel, 29 anos; Ana Beatriz, 20; e Helena, 16 anos. “Eles são atenciosos, dedicados e pacienciosos conosco. Amo eles, e desde pequenos abri mão de qualquer coisa para cuidar deles, participar da vida deles, ajudar a apontar suas virtudes, e também os erros”, revela Lígia. Eles dizem que interagem com os netos na educação. 


Os netos são muito presentes no dia a dia da vida dos avós. “Eles nos ajudam, e hoje são eles que nos acompanham ao médico, ao dentista...em vários outros momentos das nossas vidas estão sempre presentes, nos amparando. E eu, também estou sempre pronta a atendê-los seja nos bons momentos e naqueles não tão bons”, diz a avó Ligia. “Que Deus nos conceda a graça da vida para estarmos muito tempo ainda com eles”, conclui Lígia.

 

Vó Lígia com os netos Muriel, Ana Beatriz e Helena

 

“Ser neto da vó Lígia e do vô Vilmar é muito bom; eles sempre estão do meu lado, prontos para me amparar, me corrigir, e com um abraço me confortar quando preciso. Toda semana recebemos aquele pão quentinho especial em casa feito com muito amor pela vó, sempre preocupada com o nosso bem-estar. É um privilégio ter avós como eu tenho assim bem pertinho. Amo eles!”
Muriel Canabarro Zart


“Ser neta da vó Lígia é muito especial, pois ela está sempre presente na minha vida e em cada passo meu, sempre me acolhendo com todo amor e carinho que existe, ajudando no que preciso, incentivando na minha caminhada com a faculdade e nos estudos. A vó Lígia é um ser de muita luz, tão forte, batalhadora e disposta a fazer o bem por onde passa. Tenho tanta sorte de ter uma vó como ela e palavras não são suficientes para agradecer por tudo o que faz por mim e pela 
nossa família!” 

Ana Beatriz Canabarro Zart


“A vó Lígia e o vô Vilmar são os melhores avós do mundo! Aqueles que sempre foram meu exemplo de fidelidade e companheirismo. Obrigada por tudo e por serem os melhores avós que eu poderia ter. Amo vocês!” 
Helena Canabarro Zimmermann