A vida dos três-maienses pelo mundo afora

A oportunidade de morar fora do país era algo que o três-maiense Dieivase Chrischon, 35 anos, alimentava desde muito cedo. A concretização do sonho, iniciou em 2014, quando Dieivase foi cursar seu doutorado de Física em Madrid, capital da Espanha. O jovem já morou por períodos em Cracóvia, na Polônia e Santiago no Chile. Desde o início do ano, o três-maiense e sua namorada, Vanessa Angonesi Zborowski, 31 anos, moram em Paris, capital da França.

A vida dos três-maienses pelo mundo afora
Dieivase Chrischon, 35 anos, e a namorada Vanessa Angonesi Zborowski, 31

Filho de João Chrischon e Janete Chrischon, Dieivase Chrischon mora em Paris, capital França, desde o começo do ano, com a namorada Vanessa Angonesi Zborowski. Os dois se conheceram em Santa Maria, quando cursavam doutorado na Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, em 2019.

Dieivase fez o Ensino Fundamental e Médio da Escola Estadual Castelo Branco de Três de Maio. Tem graduação em Física e em Engenharia Acústica, ambas pela UFSM. Seguiu sua trajetória acadêmica na UFSM, onde fez Mestrado em Física e, com a oportunidade de fazer um doutorado sanduíche em Física pelo Instituto de Ciencia de Materiales de Madrid (ICMM), ele foi morar em Madrid, Espanha, na metade de 2014. 

O doutorado sanduíche é o doutorado em que parte dele é realizado fora do país de origem. “No meu caso, fiz um ano de doutorado na Espanha, na cidade de Madrid”, detalha.

Ele ainda morou em outros países. Em 2015, passou um curto período na Cracóvia, cidade que fica a 290 km de distância da capital da Polônia, Varsóvia. Em agosto de 2018 foi para o Chile, onde também morou por um tempo na capital Santiago. “Cada país tem suas particularidades, além do idioma, a principal diferença em relação ao Brasil é a comida. Em todos os lugares os brasileiros são bem recebidos. Somos conhecidos pela nossa alegria e simpatia”, relata.

No final de 2018, Dieivase retornou para o Brasil onde permaneceu até o começo de 2022.

Hoje na França, o três-maiense trabalha como Gerente de Atividades Técnicas da ProAcústica. Já a namorada dele é pesquisadora do Institut des Neurosciences Paris-Saclay, onde cursa pós-doutorado. Vanessa é formada em Farmácia (UFSM) com Mestrado e Doutorado em Bioquímica Toxicológica (UFSM)

 

Sonho de morar no exterior

Desde muto jovem, Dieivase sempre teve o sonho de morar no exterior, nem que fosse só por um período. O sonho concretizou-se ao realizar parte de seu doutorado na Espanha, em 2014. “O sonho se realizou durante o meu Doutorado, onde consegui realizar parte dele na Espanha, no Instituto de Ciencia de Materiales de Madrid (ICMM). Eu e a Vanessa já tínhamos a ideia de sair do Brasil ao terminar o Doutorado e ir morar na Europa. Quando surgiu a oportunidade, não pensamos duas vezes”, frisa.

As demais oportunidades surgiram ao longo das atividades científicas e contribuições acadêmicas, mas todas antes de conhecer sua namorada. No início de 2022 o casal foi morar em Paris, a partir de uma oportunidade de Vanessa em cursar seu pós-doutorado. “Como tenho a possibilidade de trabalhar de forma remota e pretendia estudar outros idiomas, decidimos partir”, ressalta.

 

Dia a dia 

O cotidiano do casal três-maiense é normal, como em qualquer outro lugar. “O que dá para diferenciar é que aqui, de um modo geral, as pessoas realmente dão importância para a saúde e bem-estar. Você tem um horário de trabalho mais flexível e então tem tempo para se cuidar, como praticar um hobby, realizar atividade física ou mesmo descansar”, relata.

O casal conta que geralmente prepara a comida em casa, pois encontra praticamente todos os produtos que existem no Brasil. "Sempre que possível, compramos na feira local, com produtos direto do produtor”.

Mesmo vivendo longe do Rio Grande do Sul, eles mantêm o hábito de tomar chimarrão, com erva-mate produzida no sítio da família, na localidade de São Miguel, Independência”, revela.
 

Em Paris, o três-maiense trabalha como Gerente de Atividades Técnicas e a namorada atua como pesquisadora

 

Franceses investem em qualidade de vida

Segundo o engenheiro acústico, os franceses adoram aproveitar o verão e os dias de sol. “Nestes dias é normal ver muitas pessoas nos parques da cidade, onde é comum eles almoçarem na companhia da família ou amigos, desfrutando do dia ensolarado”, salienta.

Os franceses também gostam de refeições longas que possuem prato de entrada, prato principal e sobremesa, junto com pão e queijo. O três-maiense revela que eles são exigentes quanto aos alimentos. “Gostam de produtos naturais, sem uso de agrotóxicos, além de apreciar uma grande variedade de doces bem elaborados, porém menos doces ao paladar em comparação à confeitaria brasileira”, comenta.

Conforme o casal, os franceses se mantêm ativos, independentemente da idade. "Desde os jovens até os mais velhos têm o hábito de praticar atividades físicas, mesmo nos períodos mais frios do ano”, conta. 

Os franceses gostam de falar ao telefone e isso vale tanto para os jovens quanto para os mais velhos. “É muito difícil ver um francês passando horas digitando mensagens no celular, eles preferem telefonar mesmo. Além disso, costumam falar baixo e manter silêncio em locais públicos", revela.

Com relação às habitações, elas são preparadas para ter um bom condicionamento térmico e acústico principalmente para enfrentar os dias de frio intenso. “Nos últimos anos as pessoas têm sofrido com as ondas de calor extremo, pois pouquíssimas residências possuem condicionadores de ar para enfrentar o calor”, observa.

 

Desafios e conquistas

O jovem avalia que na primeira vez em que foi morar no exterior encontrou mais desafios. “Novos costumes, outros idiomas, inexperiência. Desta vez foi mais natural e tranquilo, apesar da distância, nossos familiares sempre que podem vêm nos visitar”.

Quanto às conquistas, as principais foram enriquecimento cultural e a interação com diferentes pessoas e culturas. “Novas amizades e crescimento profissional”, afirma o casal.

 

Saúde na França

Conforme o três-maiense, a população local tem acesso a uma excelente qualidade de vida, levando em conta a boa educação, saúde e a renda per capita ser considerada alta. “Além disso, o país tem como prioridades investimentos em ciência e tecnologia”, informa.

Ele acrescenta ainda que “a França esteve entre os países mais afetados pela pandemia, mas conseguiu retomar a sua economia graças a um expansivo suporte fiscal e uma efetiva contenção do vírus”.

Quando chegaram à França, a pandemia estava sob controle, porém, com o uso obrigatório de máscaras. “Em diversos locais da cidade de Paris foram montadas tendas para realizar teste rápido de Covid de forma gratuita”, conta.

 

Sufoco na Polônia

Dieivase revela que quando sua família foi passar as férias com ele na Polônia, seu pai, João Chrischon, acabou se lesionando na neve. “Era final de janeiro, em pleno inverno europeu. Meu pai acabou se acidentando na neve, fraturando o acetábulo esquerdo (osso da região pélvica). Em função da lesão, precisou ficar internado em um Hospital de Cracóvia, até ter condições de viajar. Fomos muito bem assistidos, o atendimento médico foi excelente. E após duas semanas de internação ele foi liberado pela equipe médica para viajar de volta ao Brasil”, descreve.

 

Receptividade dos franceses surpreendeu o casal

O casal ficou surpreendido com a recepção que tiveram com os franceses. “Quando chegamos aqui tínhamos a ideia de que os parisienses eram fechados e ríspidos com os estrangeiros. Na verdade, eles são extremamente educados e respeitosos, amigáveis e altruístas. Mas claro, têm preferência por falar no idioma francês”, explica Dieivase.

 

Presença de brasileiros no exterior tem se tornado comum

Dieivase ressalta que está sendo cada vez mais comum encontrar brasileiros morando no continente europeu. “Atualmente o Brasil é um expulsor de cérebros para nações mais ricas. Este fenômeno é causado pela saída de profissionais extremamente qualificados, cenário que se agravou nos últimos anos, mediante a ampla crise econômica e política brasileira”, considera. “Os franceses gostam dos brasileiros, veem como um povo alegre, divertido, sempre bem-humorados”, conclui.