TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - MARIANO LORO

MARIANO LORO
Mariano Giácomo Loro, nascido no dia 25 de julho de 1908, em Nova Pádua, no município de Caxias do Sul, era o décimo filho do casal Domênica Brustolin e Giuseppe Loro.
Frequentou a escola primária local e, desde criança ajudava os pais e irmãos nas lidas na roça, nos parreirais e cuidando das criações. Aos quinze anos, começou a trabalhar como pedreiro, construindo principalmente cantinas, muros e fundamentos de pedras para as moradias dos colonos da localidade, tudo com pedra, material que era abundante na região.
Rapaz profundamente religioso, seguia sempre à risca as orientações do vigário Dom Giulio Scardovelli, por quem tinha grande admiração, e que acabou influenciando-o a ingressar na vida eclesiástica, passando alguns meses com os irmãos Lassalistas no Instituto Pão dos Pobres, em Porto Alegre.
Em 1920, seu pai, o italiano Giuseppe Loro (nasc. 15.07.1862), viajou até a região de Santa Rosa – Buricá, onde adquiriu 10 colônias de mato para distribuí-las entre seus filhos homens, sendo que o mais velho deles, Abramo (nasc. 16.03.1894), foi um dos primeiros a mudar-se para a região, em 1923.
O local onde Giuseppe havia adquirido as colônias ficava no quilômetro 10 de uma estradinha vicinal recentemente aberta pelo governo, que se estendia até uma região de terras ainda devolutas e mais afastada, onde, no fim da tarde, os colonos viam o sol se pôr no horizonte, e talvez por isso passaram a chamar o lugar de região do “Bello Horizonte”, a qual, depois, com o surgimento de um povoado, passou a se chamar “Vila Horizonte” e, mais tarde, “Horizontina”.
Havia mata fechada de ambos os lados do caminho, sem nenhuma casa construída ao longo de todo o percurso, e, aos poucos, as árvores que margeavam a estrada foram se fechando por cima dela, impossibilitando a penetração dos raios do sol, o que mantinha o chão sempre úmido e lamacento, tornando o local intransitável para as carroças. A terra vermelha escorregava como sabão e a lama grudava nas rodas, acumulando-se rapidamente de forma a quase paralisar seu andamento, o mesmo acontecendo com a sola dos calçados de quem se aventurava a pé por aquele caminho.
Nessas circunstâncias, o Governo do Estado determinou que todo o agricultor proprietário de áreas ao longo da estrada roçasse e derrubasse todo o mato às margens do caminho, numa faixa de três metros de cada lado, assim como também, derrubassem todas as árvores altas que estivessem a menos de vinte metros de seu leito.
Em 1926, Abramo Loro, sobrecarregado com o trabalho em suas roças, convidou seu irmão, Mariano Loro, para vir até Buricá para roçar e derrubar as árvores ao longo do trecho da estrada que passava por sua propriedade e, então, durante três meses, Mariano viveu em uma casinha de paus roliços rachados, coberta de tabuinhas lascadas, a qual foi a primeira residência de Abramo e sua esposa quando por ali chegaram.
Foi neste período que Mariano decidiu mudar-se também de Nova Pádua e estabelecer-se em Buricá, tendo chegado no dia 3 de maio de 1930, com sua mãe, Domênica Brustolin Loro (seu pai havia falecido em 1925), e com a esposa e filha recém-nascida de um outro irmão, chamado Fiore, que ainda estava servindo ao Exército, para residirem na casa construída para recebê-los, sobre um lote adquirido junto ao povoado de Buricá, no Quilômetro 3 (hoje Bairro Glória).
Logo que se estabeleceu na Vila, Mariano rapidamente entrosou-se com o padre Vicente Testani, homem de ríspida disciplina e que exercia grande influência na formação e na vida dos católicos do lugar, o qual, alguns meses depois, nomeou Mariano para integrar a comissão dos fabriqueiros da Igreja Matriz Católica, comissão da qual, alguns anos depois, se tornaria presidente, sendo reeleito por dezoito anos consecutivos, período em que se dedicou com afinco aos interesses da comunidade católica, administrando seus recursos, ajudando na preparação de festas e promoções e arrecadando fundos para diversas finalidades, como por ocasião da construção da nova Igreja Matriz, construída em alvenaria por meio de um projeto elaborado na Itália a pedido do padre Testani.
Também foi o primeiro presidente do movimento denominado “Ação Católica”, que visava ampliar a influência da igreja na sociedade, “salvando as almas pela cristianização dos indivíduos, da família e da sociedade”, conforme justificou o Papa Pio XI na época.
Foi presidente da “Liga Eleitoral Católica”, criada pelo padre Testani com o objetivo de orientar os católicos a bem votar por ocasião de eleições.
Em 1932, começou a trabalhar como carpinteiro juntamente com Emiliano Cassol, quando, entre outros trabalhos, ajudou a construir o Hospital São Vicente de Paulo, obra que durou duzentos e quarenta e oito dias, encarregando-se de executar todos os serviços de carpintaria e marcenaria, desde o telhado, assoalhos e forros até as portas, janelas, armários e bidês. Emiliano não trabalhou na obra, mas contratou-a e era o responsável. Quem executou o serviço foi Mariano Loro, auxiliado por Carlos Martini.
No dia 30 de outubro de 1933, Mariano Giacomo Loro casou-se com Hermenegilda Viapiana, filha de Anselmo Viapiana e Ângela Dalfarra, residentes no Quilômetro 13, e o casal veio a ter nove filhos: Marta (1934); Gemma (1935); Raphael (1937); Zélia (1939); Nicolina (1941); Clara (1943); Maria Irene (1945); Tarcísio (1947) e Beatriz (1948).
Em 1934, por iniciativa do padre Testani, Mariano Loro e Patricio Fin deslocaram-se até a Vila Cinqüentenário (hoje município de Tuparendi) a fim de entenderem o funcionamento de uma cooperativa que existia naquela localidade, para assim criarem uma também na Vila Três de Maio, a qual passaria, inicialmente, a funcionar no prédio da carpintaria de João Callegari.
Em 1937, Mariano tornou-se gerente da cooperativa e no ano seguinte resolveu transformá-la em uma sociedade por cotas de responsabilidade limitada, com a razão social “Sociedade Comercial Três de Maio Ltda”, e como muitos continuavam se referindo a empresa como “cooperativa”, Mariano decidiu mudar o nome para “Tecidos Buricá Ltda”, empresa através da qual ajudou a financiar diversos empreendimentos de interesse da comunidade, como a construção do Ginásio Pio XII.
Em 1950, Mariano concorreu a uma das cadeiras de vereador do município de Santa Rosa, sendo eleito com folgada margem, tornando-se o vereador mais votado daquele pleito.
Sua primeira luta como representante do povo do distrito de Três de Maio na Câmara de Vereadores de Santa Rosa foi a defesa da emancipação de Três de Maio, conquistada ao fim daquela legislatura, em 15 de dezembro de 1954.
Depois, foi candidato a vereador na já emancipada Três de Maio, por ocasião da segunda turma da Câmara de Vereadores que, por exigência da Lei, deveria assumir o Legislativo do município um ano após a primeira turma, e também desta vez, Mariano foi eleito com a maior votação.
Mas alguns meses depois, por desentendimentos com o prefeito Walter Ullmann, o qual era seu colega de partido no PSD, acabou licenciando-se da Câmara Municipal e não mais retornou, tendo assumido sua vaga o suplente, Prof. Francisco Sales Guimarães, também ligado ao PSD.
Devido a esta ruptura, nas eleições seguintes foi convidado a concorrer como candidato a vice-prefeito ao lado do empresário, ex-deputado federal e ex-vice-prefeito de Santa Rosa, Germano Dockhorn, que naquele pleito de 1959, lançou-se como candidato a prefeito por Três de Maio, assumindo a prefeitura no período de 1960 à 1963.
Mas Mariano demoveu-se da proposta e continuou ligado ao PSD, assumindo a presidência do diretório municipal do partido por muitos anos.
Em março de 1970, mudou-se com Gilda para Porto Alegre, onde já residiam três de seus filhos. Fixou residência no Bairro Belém Novo, onde começou a produzir pêssegos, laranjas, tomates, pepinos, legumes e hortaliças, que vendia em uma pequena quitanda, atendida por sua sempre atenciosa esposa, Gilda.
Hermenegilda Viapiana Loro faleceu em 19 de maio de 1985, vítima de um problema na aorta, o que fez Mariano entrar em um estado semi depressivo e, assim, perder progressivamente o ânimo, que antes era amparado por seu principal estímulo para viver.
Dessa forma, no dia 3 de novembro de 1986, Mariano Giácomo Loro também viu sua luz se apagar e entregou sua alma a Deus, sendo certamente recebido com festa no céu por Aquele que tanto adorou e procurou honrar, deixando grandes contribuições durante sua caminhada nesta terra, especialmente em Três de Maio.
Mariano e Hermenegilda, com os filhos, em um registro feito por ocasião da formatura no magistério das duas filhas mais velhas, Marta e Gemma
Mariano Giácomo Loro, ao longo de sua vida,
se dedicou de forma abnegada à comunidade três-maiense
Fontes: LEDRA, Victório (2005) - A família Loro no Brasil /documentos e depoimentos de familiares.
Revisão do Dr. Prof. Leomar Tesche e do dentista e historiador Orlando Vanin Trage
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