A busca por qualidade do solo e altas produtividades
Parceria quer ampliar o debate, gerar dados e encontrar soluções viáveis para produtores da região de Três de Maio
O Sistema Plantio Direto (SPD) representou e ainda representa um sistema que, quando bem manejado, pode contribuir para diminuir vários problemas com impactos econômicos e ambientais. “O efeito das culturas de cobertura em esquemas de rotação traz resultados e benefícios que abrangem a qualidade física, química e biológica do solo, além dos benefícios ambientais no que tange menor uso de fertilizantes minerais e a ativação da vida no solo”, explica o engenheiro agrônomo, Dr. Antônio Luis Santi – Professor da UFSM, coordenador do LAPSul e diretor técnico da ConnectFARM e da Startup ConnectBIO.
De acordo com o engenheiro agrônomo, mesmo assim, ainda são escassas as informações quanto à forma correta de manejar as diferentes espécies de plantas tanto em cultivo solteiro como em consórcio quanto a maneira que se possa melhorar zonas com baixa e média produtividade sem ‘perturbar’ as zonas que apresentam elevada qualidade do solo e expressem altas produtividades ao longo dos anos.
Esta constatação baseia-se principalmente nas incertezas quanto aos reais efeitos que causam diferentes tipos de plantas de cobertura no solo, o que sugere a necessidade de um monitoramento mais criterioso no campo. “O sucesso depende das mais diversas ações, como acompanhar a lavoura o ano todo, principalmente no intuito de evitar a variabilidade nos períodos em que as culturas de interesse econômico como soja e milho não estão presentes na área. O momento requer sistemas que congreguem multi-plantas”.
Para Santi, não há segredo, porém, é preciso relembrar um pouco do que já foi proposto por conta da adoção do SPD. “Uma lavoura de alta produtividade começa a ser manejada ainda na safra anterior com a erradicação de plantas daninhas, eficiente manejo de pragas e doenças e, principalmente, um planejamento conservacionista em que transcende apenas evitar a erosão, mas ‘alimentar’ o sistema para que, se congregue a implementação dos princípios básicos e qualitativos do SPD que são: controle eficiente e econômico da erosão; eliminação de plantas daninhas resistentes; diminuir a variabilidade química do solo; reduzir a compactação do solo; ampla utilização de adubos verdes preferencialmente coquetel de plantas; produzir e acumular palha na superfície; implantar o uso da rotação e consórcio de culturas (solo coberto o ano todo); ser persistente, insistir e insistir... e aproveitar as ‘janelas’ entre as culturas principais para produzir palha para ‘alimentar o sistema’. Compreender o potencial de cada espécie para com os processos do sistema solo/planta”, explica.
Para o engenheiro agrônomo, muito mais que apresentar resultados, é alertar para com a importância da eliminação completa do vazio outono/inverno, para com a solidificação de sistemas de rotação que considerem a importância do manejo da variabilidade do solo e de suas variáveis o ano todo e não apenas nos meses em que as culturas de interesse econômico como soja e milho estão implantadas.
Santi alerta ainda para algumas propostas, como: nenhuma tecnologia corrige um erro de manejo; um dos grandes desafios atuais da agricultura é manejar a variabilidade no perfil de solo e as plantas de cobertura tem uma grande importância benéfica; uma lavoura sem palha não merece receber tecnologia alguma; é necessário saber tratar a variedade de dados como parte de um todo – um tipo de dado pode ser inútil se não for associado a outro”, alerta.
Foi pensando em tudo isso, que uma parceria entre a Agren Agronegócios, Universidade Federal de Santa Maria, e as empresas ConnectFARM, ConnectBIO, Raix e Bayer surgiu para ampliar o debate, gerar dados, achar soluções viáveis do ponto de vista econômico, técnico e ambiental para produtores da região de Três de Maio. “Esse projeto inédito no Brasil também busca incluir tecnologicamente pequenos, médios e grandes produtores disponibilizando tecnologias de ponta e de última geração aliadas a um estudo complexo da contribuição das plantas de cobertura para o armazenamento de água no solo, ciclagem de nutrientes, atividade enzimática, sequestro de carbono e saúde do solo. Mais que produzir, queremos produzir com muito amor pela natureza e responsabilidade ambiental”, aponta Dr. Santi.
Comentários (0)