Florada das cerejeiras deixa o inverno três-maiense mais bonito e encanta a comunidade
Primeiras sementes das plantas ornamentais foram trazidas de Bragança Paulista, município do Estado de São Paulo, em 1988, pela três-maiense Carla Becker

Com a chegada do inverno, as ruas de Três de Maio ganham um charme especial: o tom rosado das cerejeiras em flor. A paisagem, que mais parece um cenário de filme, já virou símbolo da estação mais fria do ano na cidade. Nas últimas semanas, moradores têm compartilhado nas redes sociais inúmeras fotos e depoimentos, celebrando a exuberância da floração em 2025, considerada uma das mais bonitas dos últimos anos.
A cerejeira é uma árvore originária da Ásia e fortemente ligada à cultura japonesa — tanto que é comum ouvirmos falar em Sakurá, nome dado à flor no Japão.
Em Três de Maio, a história das cerejeiras tem nome e sobrenome: Carla Becker, arquiteta e urbanista que trouxe as primeiras sementes da espécie para o município em meados de 1988, vindas de Bragança Paulista, município do Estado de São Paulo. “Inicialmente pensei que fossem pessegueiros, porém, ao me aproximar, percebi que era outra planta. Vi que no solo estavam algumas sementes e deduzi que fossem dessa planta. Juntei e levei para casa”, relembra Carla. “Comecei a procurar em floriculturas, mas como não sabia o nome da árvore, não encontrei nenhuma informação. Fiz a semeadura em casa: preparei uma caixa com terra, coloquei as 15 sementes e cobri com uma camada de substrato”, acrescenta.
Foram necessários dois anos para que as sementes germinassem — e, mesmo assim, apenas dez germinaram. Por conta do calor e da falta de cuidados básicos, como regas regulares, apenas seis mudas resistiram. “Dei duas mudas para uma floricultura, mas foram perdidas por falta de manejo adequado. Uma outra dei para minha tia, que infelizmente matou a planta ao usar defensivos químicos para eliminar ervas daninhas. Sobraram três, que foram plantadas no jardim da minha casa”, conta.
Quatro anos até as primeiras flores
As primeiras flores surgiram quatro anos depois do plantio. Com o passar do tempo, a floração foi se intensificando, surgiram os frutos e, posteriormente, as novas sementes — que também levavam, naturalmente, cerca de dois anos para germinar. “Comecei a cultivar as mudas, mas quando as pessoas vinham procurar, muitas achavam caro pagar R$ 10 por cada uma. Mal sabiam o trabalho que dá cuidar de uma muda até o ponto de transplante. Algumas pessoas compravam, outras desistiam. Teve um ano em que doei mais de duas mil mudas para a prefeitura, e assim as cerejeiras começaram a se espalhar pela cidade e pela região.”
Hoje, estima-se que centenas de mudas de cerejeira estejam espalhadas por Três de Maio, todas descendentes das três primeiras árvores trazidas por Carla. Segundo ela, as sementes vieram de um local onde está instalada uma empresa japonesa que fabrica peças de motores para caminhões e máquinas pesadas — e que, ao se estabelecer no Brasil, trouxe a espécie do Japão.
Para Carla, o sucesso das cerejeiras no município se deve à exuberância da floração, às tonalidades das flores, que vão do rosa suave ao magenta intenso, e ao forte apelo visual, especialmente em tempos de redes sociais, que ajudam a eternizar a beleza do momento por meio de belas fotografias. Além disso, no verão, as árvores proporcionam ótimo sombreamento.
Na tradição japonesa, as cerejeiras, ou Sakurás, simbolizam prosperidade, elevação espiritual e paz. Em Três de Maio, mais do que um símbolo estético, elas se tornaram um verdadeiro patrimônio afetivo e paisagístico.
Floração deixou um tapete colorido pelas ruas da cidade (Foto: Alexandre de Souza)
Horto municipal oferece mudas gratuitas
A Secretaria Municipal de Gestão Urbana e Meio Ambiente de Três de Maio distribui mudas de cerejeira por meio do horto municipal sem custos para o cidadão três-maiense. No entanto, o órgão municipal limita o número de mudas para cada cidadão. “Tem um limite que a gente estipula como adequado, para que possamos disponibilizar para o maior número de pessoas possível, pois as mudas são produzidas no horto”, disse o responsável da pasta, Rafael Reinheimer dos Santos.
A florada das cerejeiras, no entanto, é um espetáculo de curta duração. Os próximos dias marcam o fim da floração em 2025. Até lá, moradores e visitantes continuam aproveitando cada instante desse cenário — e, claro, registrando tudo nas redes.
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