ECOS DO TEMPO

A história de Elcira Grenzel: um coração cheio de amor

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Elcira Grenzel diz que não sente saudades do passado, porque acredita que cada etapa da vida tem seu valor

Elcira Grenzel, hoje com 87 anos,  nasceu em Independência. A infância de Elcira foi marcada por simplicidade e encantos. Cresceu entre pomares, colhendo frutas diretamente do pé e inventando brincadeiras criativas com sua amiga inseparável, Iracema Becker. Juntas, faziam casinhas debaixo das árvores, cozinhavam em pequenos fogões improvisados e transformavam espigas de milho e mandiocas em bonecas lindas, que ganhavam vida nas brincadeiras de faz de conta.

Estudou até a quinta série e, desde cedo, já ajudava no supermercado da família. O pai era comerciante, mas, como ela mesma conta com humor, quem realmente mandava era a mãe.

Foi ainda jovem que conheceu o grande amor da sua vida, Almiro Grenzel, vizinho da família. O namoro virou casamento rápido, e entre risos, ela lembra: “casei grávida”. O pai não gostou muito no começo, mas tudo acabou dando certo. Da união, vieram muitos filhos: Valdir e Celso, que residem em Três de Maio, Roberto que reside em Boa Vista do Buricá e Angela que reside em Florianópolis. A família cresceu e se espalhou em histórias de trabalho, beleza e cuidado.

Elcira sempre foi dona de casa dedicada, mas também se reinventou: abriu um instituto de beleza, entregava cartas e fazia questão de ter seu próprio trabalho, seguindo o incentivo da mãe. Enquanto Almiro viajava como caminhoneiro, ela administrava o lar e cuidava dos filhos, sempre com a ajuda dos pais que moravam no mesmo terreno.

As lembranças da vida no interior também são fortes. Durante nove anos, viveram na colônia, em Esquina Bela Vista, onde tinham um alambique. No inverno  faziam cachaça e  tijolos no verão. Depois, mudaram-se para Independência e, mais tarde, para Três de Maio.

O maior desafio que enfrentou foi a perda do marido, em um acidente de trânsito em uma noite de neblina. Uma dor difícil, mas que fortaleceu ainda mais os laços com os filhos e netos. Hoje, com 15 netos, 14 bisnetos e um tataraneto, fala deles com brilho nos olhos: “para mim, eles são reis”. Sua maior alegria foi quando nasceu o Joaquim, seu tataraneto, pois queria muito ser tataravó, um sonho que realizou.

Há alguns meses, Elcira decidiu morar no Lar, onde se sente acolhida e bem cuidada. Gosta da comida, da companhia e diz que aqui encontrou a alegria que faltava na solidão. Não sente saudades do passado, porque acredita que cada etapa da vida tem seu valor.

Deixa um conselho aos jovens, fruto da própria experiência: “Trabalhem para construir o futuro. O trabalho dá dignidade e segurança.”

Assim segue Elcira: com a doçura de quem já viveu muitas histórias, com gratidão pela vida e com o coração cheio de amor pela família que construiu.