TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - GERMANO DOCKHORN

GERMANO DOCKHORN

Germano Dockhorn nasceu no dia 1° de março de 1896, no 3° distrito de Santa Cruz, local denominado de Linha Brasil.
Neto de imigrantes alemães, seu pai, Nicolau Dockhorn, chegou a lutar na Guerra do Paraguai e veio a falecer quando Germano tinha apenas 11 anos. Aos 16, também perdeu sua mãe, Elisabetha Stamm. 
A vida começou a se impor cedo para o jovem Germano, que logo foi trabalhar em uma fábrica de móveis em Neu Württemberg (hoje Panambi), onde acabou se tornando supervisor. Em 1917, casou-se com Paula Henn, filha de Felippe Henn e Guilhermina Stumm. Em 1922, veio a Buricá, onde um irmão mais velho, João Alfredo Dockhorn (nascido em 1884) já estava instalado com uma Casa Comercial na localidade de Flor de Maio. 
Germano também abriu a sua própria Casa Comercial, com um capital de 9 contos de reis e uma carroça com dois cavalos (que em 1923 foi roubada pelos revolucionários). E, e apesar de ter que enfrentar algumas adversidades nos anos seguintes, logo começou a prosperar e em poucos anos tornou-se um homem de muita influência em toda a região. 
Seu comércio se tornou um centro vital para milhares de colonos que vinham até ele negociar seus produtos, principalmente derivados da suinocultura, como a banha. Em 1939, construiu um enorme casarão ao estilo germânico no entroncamento da avenida Uruguai com a Travessa Montevideo (atual Travessa Bruno Dockhorn), com o qual homenageou sua esposa Paula, dando-lhe o nome de “Vila Paula”. 
Em 1941, inaugurou a “Laticínios 3 de Maio”, recebendo 218 litros de leite no primeiro dia, destinados à produção de manteiga. Famosa pela qualidade, a manteiga “Rainha do Sul” era distribuída em toda a região, chegando a uma produção diária de cerca de 1.000 kg. 
Em 22 de agosto de 1947, comemorou o Jubileu de Prata da Sociedade Dockhorn Ltda, oferecendo um almoço para cerca de três mil convidados que vieram de todas as partes em caminhões, aranhas, carruagens, automóveis, cavalos, burros e carroças. A repercussão foi tão grande que chegou até a virar notícia na Revista do Globo de Porto Alegre, com o título: “O homem que convidou três mil”.  
Em 1948 assumiu como vice-prefeito de Santa Rosa, ao lado de Alfredo Leandro Carlson (prefeito), cargo que renunciou após dois anos para dedicar-se ao primeiro movimento emancipatório de Três de Maio. 
Após isso, a convite de Getúlio Vargas, candidatou-se a deputado federal pelo PTB, tendo sido eleito para o cargo em 1950, o que acabou o tornando uma das figuras políticas mais influentes já surgidas por aqui. Em seu mandato, que durou até 1954, conseguiu muitos benefícios para a região, como a instalação de órgãos federais, pontes, estradas e escolas, entre as quais a Escola Normal Rural Getúlio Vargas (SETREM) com verbas federais e da Alemanha, e para a qual doou oito hectares de suas próprias terras. 
No famoso casarão, estiveram figuras de peso no cenário político nacional, como Leonel Brizola e o ex-presidente da república, João Goulart, entre muitos outros.
 Em 1955, fundou a Rádio Colonial e, após a emancipação de Três de Maio, tornou-se o segundo prefeito do município, assumindo a função entre os anos de 1960 e 1963, período no qual, entre outras coisas, foi o responsável pelo início e boa parte da obra de construção do atual prédio da prefeitura. 
Através dos anos, Germano Dockhorn formou um complexo comercial e industrial de grande importância no sul do país, contando com as empresas Sociedade Dockhorn, Laticínios Dockhorn S.A., Industrial Dockhorn, Cereais Dockhorn, Cia Administração Germano Dockhorn e Rádio Colonial Ltda., com filiais em várias localidades da região, além de Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro.
Germano Dockhorn faleceu no dia 11 de fevereiro de 1973, aos 77 anos de idade.

O início da construção do casarão no estilo germânico, no entroncamento da Avenida Uruguai com a Travessa Montevideo (atual Travessa Bruno Dockhorn), em 1939.  O casarão recebeu o nome de Vila Paula em homenagem à esposa Paula