'Tenho muito orgulho em dizer que trabalho em uma serraria e que sou mulher e empreendedora', diz sócia que pretende dar continuidade ao negócio da família

Luciane Wächter, 37 anos, é um exemplo de mulher que rompeu barreiras em um meio que até pouco tempo era quase exclusivamente masculino. Há 14 anos, ela iniciou por acaso, na empresa do pai - a Serraria do Betão para não ficar longe da família, já que tinha uma filha pequena. Aos poucos, foi pegando gosto pela atividade, e foi em busca de conhecimento do ramo, com cursos na área de vendas, e especialização em gestão e empreendedorismo. Hoje ela é sócia da empresa e pretende dar continuidade ao negócio da família.

'Tenho muito orgulho em dizer que trabalho em uma serraria e que sou mulher e  empreendedora', diz sócia que pretende  dar continuidade ao negócio da família
Luciane Wächter é um exemplo de mulher que rompeu barreiras em um meio que até pouco tempo era quase exclusivamente masculino.

Luciane é a filha do meio,  do casal Adalberto Wächter, conhecido como Betão e Liani Wächter. Tatiana, a filha mais velha é enfermeira e, Luciane,  mais nova, é dentista. 

Ingressar no ramo empresarial não foi algo planejado por ela. Após concluir o ensino médio a opção foi pelo curso de Direito. “Havia concluído o estágio da faculdade. Estava sem trabalho, minha filha Amanda era pequena e não queria ir para longe daqui. Na época, começou a ser instalado o sistema eletrônico de notas na serraria e os meus pais não sabiam lidar com essa nova ferramenta eletrônica. Minha mãe pediu para eu ir na empresa ‘ajudar’, já que era jovem. Confesso que eu não entendia nada do ramo, nem de madeiras, nem de vendas. Porém, fui estudando, me dedicando. Fiz curso de vendas, de empreendedorismo e gestão. Hoje sou sócia do meu pai. Faço toda parte administrativa e burocrática da empresa”, conta a empresária orgulhosa da trajetória dentro da empresa – que trabalha como indústria e comércio de madeiras, desde o corte da árvore até a entrega do material na obra do cliente. 

Além da formação em Direito, Luciana é pós-graduada em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria.

 

Formada em Direito, Luciane se especializou em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria para levar adiante o negócio da família que começou com o avô

 

'Hoje me identifico como a Lu da serraria'

A família tem tradição no ramo madereiro. A serraria começou com o avô paterno de Luciane, que depois foi adquirida pelo pai, isso há mais de 40 anos. "Meu pai trabalha na serraria desde a adolescência. Naquela época era tudo diferente, todo o trabalho era braçal". 

Luciane conta que há uns 26 anos a mãe começou a trabalhar na serraria na parte administrativa e de venda. "Minha mãe conta que não foi fácil para ela entrar nesse ramo  voltado mais ao público masculino. Naquela época havia mais preconceito e não se via mulheres trabalhando em uma serraria, era ‘serviço de homem’. Nos últimos anos, a mulher conquistou e ganhou mais destaque em todos os setores”, avalia.

A empresária revela que que fui muito bem recebida pelos clientes e colegas de trabalho. "Sou bem reconhecida pela minha empresa. Acabo conhecendo muita gente, criando amizades dentro do meio, me reconhecem na rua, no supermercado, nas redes sociais. E eu sempre me identifico como a Lu da Serraria do Betão, com muito orgulho. Aqui na empresa temos um bom relacionamento entre todos. Pai, mãe, colaboradores e eu. Somos uma grande família. Acredito que isso seja o sucesso da nossa empresa familiar”, afirma Luciana.

A empresária lembra de algumas situações bastante curiosas, no decorrer da trajetória dentro da empresa.  “Uma vez, um senhor veio até a empresa e pediu para falar com meu pai, pois queria comprar umas madeiras e pediu para que meu pai fosse atendê-lo, já se mostrando que não queria ser atendido por mim. Enquanto aguardava meu pai chegar, ele pediu sobre nós – as filhas do Betão –, que ele lembrava de quando éramos pequenas. Falei que minha irmã mais velha, a Tatiane, era enfermeira do município, e a mais nova, a Fabiane, era dentista e atendia em seu consultório no centro. Ele então me olhou e disse: e tu guria, por que não estudou? Achando que eu estava aqui na empresa ‘tocando’ o negócio da família porque não tive outra opção. Então, mostrei para ele os meus diplomas, e disse com orgulho: trabalho aqui com formação e conhecimento”, recorda Luciane.

 

A mulher precisa acreditar no seu potencial

Luciane diz que sempre teve muito apoio dos pais. "Meus pais me dão muita credibilidade. Eles passaram boa parte da responsabilidade e compromissos da empresa para mim, o que me deixa muito feliz, pois eles sabem da minha capacidade. Quem sabe até eu tinha um preconceito em trabalhar aqui na serraria, quando era mais nova. 

Bobagem e ignorância de quem não tinha confiança em si mesma”, pontua. A empresária acrescenta que tenta passar essa confiança para outras mulheres e, principalmente, para a filha Amanda, que hoje tem 19 anos. "A mulher precisa ter autoconfiança para investir em si e em seu negócio. Precisa ser participativa na comunidade em que vive, se posicionar frente ao novo mundo e conquistar seu espaço nas empresas, nas associações e na política. Não ter vergonha e nem se deixar abalar com o que falam”,  diz.

Luciane faz parte do Núcleo das Mulheres Empreendedoras, formado em 2022 e da diretoria da Associação Comercial e Industrial de Três de Maio, e neste ano irá coordenar o promocional Três de Maio é Show. 

 

“Nos últimos anos, a mulher ganhou mais destaque no comércio e em diversos setores, inclusive industriais”, diz a empreendedora

 

‘Vou continuar levando o nome da Serraria do Betão adiante’

A empresária diz que tem muito orgulho por ser reconhecida como uma mulher que lidera uma empresa onde até pouco tempo, era um meio dominado pelos homens. “Tenho muito orgulho em dizer que trabalho em uma serraria e madeireira, e principalmente, que sou mulher e empreendedora. Com os anos, a empresa se modernizou. Seguimos sempre no mesmo sistema, mas tentando acompanhar o mercado de trabalho. O que ocorre é que hoje em dia o nosso serviço se tornou mais fácil, graças ao maquinário. Antigamente meu pai sofreu muito porque era tudo manual e braçal. Tenho muito orgulho do meu pai porque ele trabalhou sempre no pesado para nos dar estudo. Por esse orgulho que vou levar adiante o legado do meu pai – a Serraria do Betão ”, finaliza.