Aumento de adultos com sobrepeso acende alerta para os riscos à saúde

SOBREPESO cresce entre adultos e acende alerta para riscos à saúde
SOBREPESO cresce entre adultos e acende alerta para riscos à saúde
Três de Maio registrou em 2024 um aumento de 4,28% no número de adultos com sobrepeso em relação ao ano anterior. Conforme dados extraídos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), 32,13% da população de 20 a 60 anos atendida na Atenção Primária à Saúde (APS) do município está acima do peso ideal. O percentual equivale a 4,43 mil moradores de Três de Maio e está muito acima da meta estipulada pelo Ministério da Saúde, que é de até 23%. O índice também se aproxima da média estadual, que é de 33,19%.
O cenário acende um alerta não apenas para os riscos cardiovasculares, mas também para o câncer. Conforme o Observatório do Câncer, o sobrepeso é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de tumores como o de mama, próstata e colorretal. Estudos apontam que hábitos alimentares não saudáveis, especialmente o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, são responsáveis por cerca de 4% dos casos de câncer no Brasil.
A chefe da sessão das Políticas Transversais do Departamento de Atenção Primária da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Maisa Pedroso, reforça que “a alimentação e a nutrição são fatores de proteção para doenças, inclusive o câncer, e os dados nos mostram que o sobrepeso e a obesidade são problemas a serem enfrentados com urgência”.
Panorama em outras faixas etárias
O excesso de peso também é uma realidade entre crianças e adolescentes de Três de Maio. Na faixa de 0 a <2 anos, houve melhora entre 2023 e 2024, com a taxa de sobrepeso caindo de 7,37% para 3,31% — ainda acima da meta de 3%, mas próxima do ideal. Já entre crianças de 2 a <5 anos, o percentual saltou de 8,81% para 13,44%, superando tanto a média estadual (8,78%) quanto o limite considerado muito acima da meta (9%).
Entre os adolescentes, os dados também preocupam: 22,92% apresentaram sobrepeso em 2024, enquanto a meta é de até 12%.
Baixa notificação sobre o consumo de ultraprocessados
Um dos principais fatores associados ao sobrepeso é o consumo de alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados e macarrão instantâneo. Em 2024, no entanto, apenas 1% dos usuários do SUS em Três de Maio teve esse consumo registrado, índice muito abaixo da meta de 25%. No Estado, o percentual de registros é exatamente 25%.
A baixa notificação não significa, necessariamente, baixo consumo, mas sim ausência de dados consistentes para análise. “Esse indicador é fundamental para garantir intervenções direcionadas. Sem ele, o planejamento de ações de saúde pública se torna mais difícil”, explica Maisa.
Monitoramento e planos de ação
A recomendação do Ministério da Saúde é que todos os indivíduos atendidos na APS tenham seus dados antropométricos e alimentares registrados ao menos uma vez por ano. No caso de crianças menores de 2 anos, os acompanhamentos devem ocorrer com frequência ainda maior, em intervalos de meses.
Para auxiliar os municípios a alcançar as metas, foram elaborados planos de ação específicos. Esses documentos orientam os gestores na ampliação do registro do consumo de ultraprocessados e no incentivo à alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados.
Independência tem a população mais magra da microrregião, apontam os números do SISVAN
Município é o único a atingir meta entre adultos
Entre os municípios da microrregião de Três de Maio, o município de Independência se destaca ao apresentar o menor índice de adultos com sobrepeso: 20,55% da população entre 20 e 60 anos. O município possui mais de 3,25 mil adultos, segundo o último Censo do IBGE. O percentual está abaixo da meta estabelecida, que é de até 23%, sendo o único da microrregião a atingir esse indicador.
Nos demais municípios, os índices de sobrepeso entre adultos permanecem elevados. Nova Candelária lidera com 38,07%, seguida por São José do Inhacorá (37,48%), Alegria (37,31%) e Boa Vista do Buricá (31,96%). Todos estão muito acima da meta estipulada, que classifica como ideal até 23%, aceitável até 28% e preocupante acima deste valor. A média do Rio Grande do Sul em 2024 é de 33,19%.
Índice das crianças
Além da população adulta, o excesso de peso entre crianças e adolescentes também acende um sinal de alerta na microrregião.
Para a faixa etária de 0 a 2 anos, apenas Alegria (4,76%) e São José do Inhacorá (4,84%) apresentam índices próximos da meta de 3%, mas ainda acima. Os demais municípios estão muito acima do ideal: Boa Vista do Buricá (10,07%), Nova Candelária (8,22%) e Independência (5,77%).
Na faixa de 2 a 5 anos, apenas Nova Candelária atinge a meta (2,7%). Os demais apresentam percentuais considerados preocupantes: Independência (14,52%) e Boa Vista do Buricá (9,57%) estão muito acima do recomendado. A média do Rio Grande do Sul nessa faixa etária é de 8,78%.
Já entre crianças de 5 anos até adolescentes, todos os municípios superam a meta de 12%. Alegria (24%), Boa Vista do Buricá (21,18%) e São José do Inhacorá (19,62%) ultrapassam inclusive o limite considerado “muito acima da meta”. A média estadual é de 21,22%.
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