TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - OS CAPUCHINHOS PARTE 1
TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - OS CAPUCHINHOS PARTE 1
Quando em 1946, o então padre Vicente Testani, vigário da paróquia de Três de Maio, começou a enfrentar problemas de saúde, necessitando frequentemente internar-se no hospital em Ijuí, este fez insistentes pedidos a uma fraternidade da ordem capuchinha, pertencente a chamada “Província Capuchinha do Rio Grande do Sul”, com sede jurídica em Caxias do Sul e, à época, com presenças pastorais na Diocese de Uruguaiana (Diocese a qual Três de Maio também era ligada), para que a fraternidade disponibilizasse religiosos para virem se estabelecer em Três de Maio e trabalharem em cooperação com o pároco.
Na época, a Província do Rio Grande do Sul, que já possuía frades nas cidades de São Francisco de Assis e Rosário do Sul – Também pertencentes à Diocese de Uruguaiana – viu com simpatia a possibilidade de erguer um seminário menor na então Vila Três de Maio, onde eram promissoras as possibilidades vocacionais em vista das inúmeras famílias italianas que viviam no local.
A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, fundada no século XVI, na Itália (03.07.1528), tinha por objetivo observar rigorosamente a regra e vida dos frades menores, escrita por São Francisco de Assis, mas dedicando-se à vida missionária, anunciando a todos o Evangelho de Jesus Cristo, sempre seguindo a inspiração de São Francisco de Assis.
Desta forma, os religiosos andavam por diversos lugares pregando o Evangelho, exercendo atividades pastorais (paróquias, missões populares, escolas, seminários etc), levando uma vida simples, de contato direto com o povo, dedicando-se aos mais necessitados e trabalhando para o próprio sustento.
Então, atendendo também a convite do Bispo de Uruguaiana, Dom José Newton de Almeida Batista, no dia 05 de abril de 1946, vieram a Três de Maio os freis Alberto Stawinski, Provincial da sede em Caxias do Sul, e Caetano de Montebelo, conselheiro provincial, a fim de examinarem a possibilidade de a Província abrir uma casa religiosa em Três de Maio. Para este fim, foram procurados diversos terrenos na localidade e arredores, momento em que começaram a surgir dificuldades por todos os lados, como a distância do povoado, a falta de água e a má vontade dos proprietários de áreas.
Foi então que decidiram tratar com o senhor Antônio Bonfanti, que possuía um lote de 33 hectares na zona suburbana, mas que já havia fechado contrato de venda do mesmo lote com um senhor chamado José Rohr. Assim, graças a uma hábil diplomacia do Ministro Provincial, o comprador do lote desistiu da compra em favor dos freis capuchinhos, pelo que foi gratificado com Cr$ 3.000,00 (três mil cruzeiros) e o lote acabou sendo vendido por Antônio Bonfanti aos religiosos pelo preço de Cr$ 63.000,00 (sessenta e três mil cruzeiros). Adquiriram, também, outros 12 hectares de terras do Sr. Claudio Bombardelli, onde começaram a dar andamento a seus projetos. Entre estes, estava a construção do Ginásio Pio XI (“Ginásio”, até a década de 1970, era conhecido como o período escolar correspondente aos quatro anos finais do atual Ensino Fundamental), empreitada para a qual decidiram alugar uma olaria de propriedade de Armando Spillari, para que assim pudessem eles próprios produzir os tijolos que seriam utilizados na construção da escola e, também, na construção de um seminário.
Os terrenos, ricos em água e com um mato branco de oito alqueires, numa localização privilegiada, foram considerados como uma benesse da Santa Providência pelos religiosos, e assim que fora fechado o negócio, frei Alberto, Provincial, prontificou-se a escalar, no prazo de um mês, dois padres para iniciar o apostolado em Três de Maio.
Com isso, alguns dias depois, o provincial partia com seu carro de Marau com destino a Três de Maio, levando consigo os freis Silvio de Vacaria (Silvio Armiliato) e Nicolau de Segredo (Nicolau Bortolotto), tendo como motorista o frei Egídio de Alfredo Chaves.
Eles chegaram à Três de Maio no dia 5 de maio de 1946, sendo recebidos de forma solene na entrada da Vila, quando o povo em procissão, no meio de aclamações, vivas e saudações, acolheu-os festivamente. Após a missa das dez horas, realizou-se mais uma cerimônia em homenagem aos recém-chegados, pela Ação Católica, quando o vigário Testani manifestou imensa satisfação pela chegada dos religiosos, rendendo graças a Deus por aquele benefício e fazendo votos que seus paroquianos dali para a frente se tornassem “mais devotos, mais piedosos e mais franciscanos”.
Três dias depois, no dia 8 de maio, frei Alberto Stawinski, Provincial, e o frei Egídio de Alfredo Chaves, retornaram para Caxias do Sul, deixando os padres Silvio de Vacaria e Nicolau de Segredo auxiliando o padre Testani nas funções paroquiais e, provisoriamente, residindo com ele na casa canônica.
Quando no dia 21 de maio, o padre Testani empreendeu viagem a Porto Alegre, com a finalidade de dar andamento a diversos compromissos, os freis Silvio e Nicolau decidiram sair em caminhada pelo interior, visitando diversas capelas, capelinhas e casas de particulares, conhecendo assim todos os moradores. Logo, o padre Silvio passou a ocupar-se mais do centro (catecismo nas escolas e no Ginásio, etc), e o padre Nicolau continuou com o trabalho de percorrer todo o interior, levando por toda a parte a luz da palavra de Deus e o conforto dos santos sacramentos.
Depois, vieram também a Três de Maio os freis Virgílio Primon, Floriano do Prata e Virgílio de Getúlio Vargas, pois neste momento a fraternidade capuchinha de Três de Maio já havia se estabelecido em um belo casarão situado nas terras que haviam adquirido na zona periférica do povoado, ao qual deram o nome de “Residência Medianeira”.
Mas, logo, os ventos que pareciam soprar calmos a favor dos religiosos se tornaram um vendaval, e tudo o que começaram a construir aqui, começaria subitamente a desmoronar.
À esquerda (sentado), padre Vicente Testani; ao centro, o provincial dos capuchinhos, Alberto Stawinski, em registro feito na residência dos freis capuchinhos, onde hoje situa-se o bairro São Francisco
Registro feito em frente à"Residência Medianeira", pertencente aos freis capuchinhos em Três de Maio
Participou das pesquisas para elaboração deste artigo o Dr. Professor Leomar Tesche
Fontes: Publicações e Registros do livro tombo da Província Capuchinha do Rio Grande do Sul
Revisão: Província Capuchinha do Rio Grande do Sul
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