Em seis anos, metade dos produtores de leite de Alegria desistiu da atividade
Conforme o diagnóstico realizado pela Emater/RS-Ascar sobre a atividade leiteira no município de Alegria, o número de produtores caiu de 191 para apenas 98 entre os anos de 2016 e 2022. Contudo, a produção leiteira aumentou de 32.700 para 39.400 litros/dia

Importante levantamento sobre a conjuntura atual da cadeia do leite no município de Alegria foi realizado pelo Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar, visando qualificar o planejamento da atuação da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) nesta área e a execução de políticas públicas em parceria com o Poder Público e outras entidades locais.
Para a atualização dos dados do diagnóstico, contemplando todos os produtores de leite do município, a Emater buscou a parceria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Secretaria Municipal da Agricultura, que acompanharam as visitas a 98 produtores de leite, os quais responderam um questionário de 42 perguntas sobre a estrutura, características sociais, econômicas e ambientais da atividade leiteira, no período de 28 de setembro a 3 de novembro de 2022.
O extensionista da Emater, engenheiro agrônomo Arlindo José de Moura Almeida, observa que a bovinocultura de leite tem se caracterizado nos últimos seis anos pela intensificação da atividade, de forma que para permanecer produzindo e garantindo o acesso ao mercado, diversas melhorias e adequações são condicionadas aos produtores pelos demais elos do setor. “O não atendimento das condições relacionadas ao volume de produção, qualidade do leite, instalações e equipamentos e boas práticas de produção exclui produtores e aumenta a concentração da produção nos estabelecimentos que alcançam os padrões exigidos”, explica.
Rebanho também teve queda significativa
Na análise comparativa entre os dados do diagnóstico realizado em 2016 com o de 2022, foram levantados os fatores que influenciaram no aumento da produção de leite de 32.700 para 39.400 litros por dia, na contramão da redução do número de produtores de 191 para apenas 98.
Em 2016, eram 2.724 vacas e, em 2022, o número passou para 2.159, uma redução de mais de 20%. O fato positivo é que apesar da redução no rebanho de gado leiteiro e no número de produtores, a produção aumentou de 12 para 14 milhões de litros de leite por ano.
Conforme o diagnóstico da Emater, a concentração da produção ocorre nos produtores onde ocorreu a modernização das estruturas e mudança nos sistemas de manejo do rebanho. “A forma de alimentação foi modificada visando reduzir a movimentação do rebanho e aumentar o movimento das máquinas para o fornecimento do volumoso, concentrado e mineral no galpão, o que justifica o incremento de 325 hectares na área de silagem, feno e pré-secado (bola)”, explica o engenheiro agrônomo.
Atualmente, 91% dos produtores fornecem alimentos conservados para o rebanho. De outro lado, somente 36% dos produtores possui sala de ordenha com fosso, com condições ergonômicas para que o ordenhador trabalhe em pé, e 66% dispõem de ordenha mecânica na estrebaria com necessidade de agachamento para a ordenha.
Levantamento aponta um aumento na média da produção de leite de 11,9 para 18,3 litros de leite/vaca/dia pelo total de vacas, e de 14,8 para 21,6 litros/vaca/dia pelas vacas em lactação, o que indica um aumento médio superior a um litro de leite diário por vaca nos últimos seis anos
Importância social e econômica da atividade
Apesar da diminuição significativa no número de estabelecimentos, a atividade leiteira continua assegurando a geração de emprego e renda no meio rural, de forma capilarizada.
Em 2016 eram 427 Unidades de Trabalho (UT) ocupadas nas 191 Unidades de Produção (UP), sendo 409 familiares e 18 contratadas, com média de 2,24 UT/UP.
Em 2022, são 298 Unidades de Trabalho ocupadas nas 98 Unidades de Produção Familiar, sendo 273 familiares e 25 contratadas, com média de 3,04 pessoas por UT/UP.
O valor da renda bruta mensal por Unidade de Produção subiu de R$ 2.259,90 em 2016 para R$ 11.200,87 em 2022, e a renda líquida passou de 1,02 para 3,09 salários por UT/mês.
Perspectivas para os próximos anos
Dos produtores que participaram do diagnóstico em 2016, 29% manifestaram que pretendiam deixar a atividade nos próximos seis anos. Porém, no final do período, 48,7% estabelecimentos deixaram a atividade, superando significativamente a previsão manifestada. “Se o desejo manifestado pelos produtores entrevistados em 2022 se efetivar, 54% dos atuais 98 produtores não estarão mais na atividade até 2032, devendo restar apenas 45 produtores no município”, alerta Almeida.
Nesse contexto, o engenheiro agrônomo destaca que a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) faz o esforço para entender e compreender a atual conjuntura e agir proativamente diante dos reflexos econômicos e sociais nas famílias mais vulneráveis, assim como na assessoria para o acesso às políticas públicas visando adequar ergonomicamente as estruturas, máquinas e equipamentos, a fim de diminuir a penosidade do trabalho nessa atividade.
- Dos produtores que participaram do diagnóstico em 2016, 29% manifestaram que pretendiam deixar a atividade nos próximos seis anos.
- Decorrido esse tempo, 48,7% deixaram a atividade, superando significativamente a previsão manifestada.
- “Se o desejo manifestado pelos produtores entrevistados em 2022 se efetivar, 54% dos atuais 98 produtores não estarão mais na atividade até 2032, devendo restar apenas 45 produtores no município”, alerta engenheiro agrônomo da Emater, Arlindo José de Moura Almeida.
- Em seis anos o rebanho leiteiro teve diminuição significativa. De 2.724 vacas no ano de 2016, caiu para 2.159 em 2022.
- Já a produção leiteira aumentou de 12 para 14 milhões de litros de leite por ano
INDICADORES DE PRODUTIVIDADE NO PERÍODO DE 2016 A 2022: Houve um aumento na média da produção de leite de 11,9 para 18,3 litros de leite/vaca/dia pelo total de vacas e de 14,8 para 21,6 litros/vaca/dia pelas vacas em lactação, o que indica um aumento médio superior a um litro de leite diário por vaca nos últimos seis anos. O consumo médio de ração passou de 2,58 para 4,35 kg/vaca/dia e de 3,2 para 5,14 kg/vaca/dia por vacas em lactação, elevando o consumo anual de 2,53 para 3,42 milhões de quilos de concentrado e de 8,13 para 14,2 mil quilos de sal mineral utilizados na atividade leiteira no município. |
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