ECOS DO TEMPO: Tereza Grando Viapiana, quase um século de memórias

Tereza Grando Viapiana tem 97 anos de uma vida marcada pela simplicidade, trabalho e amor à família. Natural de Guaporé, cresceu entre dez irmãos, numa infância que ela guarda com carinho. Conta que brincava muito com as crianças da vizinhança e que a criatividade era seu brinquedo favorito: fazia bonecas com sabugos de milho, usava lã de ovelha para fazer os cabelos e ela mesma, auxiliada pela mãe, costurava as roupinhas das suas criações.

Estudou até a quinta série e, aos 19 anos, casou-se. Conheceu o marido em uma festa na Capela São José, em Três de Maio – cidade onde construiu toda a sua vida. O casal morou no interior, no Km 13, trabalhando como agricultores. Depois, com pouco mais de 30 anos, venderam as terras e se mudaram para a cidade. Ele passou a trabalhar serrando lenha, e ela cuidava da casa.

Teve quatro filhas: Lúcia, Maria, Irene e Iolanda. Sobre a vida ao lado do marido, Tereza resume com um sorriso: “Era uma vida boa”. Já faz 22 anos que ele partiu. Desde então, morou com uma das filhas, até que, há cerca de seis ou sete meses, foi acolhida pelo Lar dos Idosos. Ela reconhece que sente falta de casa, mas entende que o cuidado recebido no lar é necessário e diz que é muito bem tratada.

As filhas a visitam sempre que podem. Uma das filhas mora em Três de Maio e está sempre por perto; já as que vivem mais longe, nem sempre conseguem visitá-la com tanta frequência. Tereza entende. Ela mesma veio para o lar porque a filha Lúcia, que cuidava dela, está doente.

Tereza enfrentou momentos difíceis: passou um ano acamada após sofrer um derrame. Hoje, embora tenha dificuldades para caminhar, sente-se bem e está grata por tudo. E entre uma lembrança e outra, faz questão de reforçar: a vida na roça, ao lado da família, foi feliz. Muito feliz.