TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - A ENERGIA ELÉTRICA EM TRÊS DE MAIO

14 Ago 2023 | 09:08 2016 0

A ENERGIA ELÉTRICA EM TRÊS DE MAIO

Nos primeiros anos de colonização desta área, a iluminação se dava somente através de velas, fogueiras e lampiões. Até que no ano de 1922 foi instalada em Três de Maio, então Buricá, uma usina termelétrica com capacidade de 12kw, movida por uma locomóvel Lanz de 18 HP, de propriedade do senhor Augusto Zillmer.
Entre 1925/1926 Zillmer vendeu a Guilherme Hirsch a locomóvel e a respectiva rede de distribuição. Em 1928 o novo proprietário elevou a capacidade instalada em Três de Maio, com a aquisição de outra locomóvel de 23/33 HP e um gerador de 25kw de corrente continua.
Em 1937, Ricardo Tesche adquiriu a usina e ampliou novamente a capacidade necessária ao crescimento populacional da vila. Anexou ao equipamento comprado de Hirsch, uma locomóvel de 24 HP, um gerador de corrente contínua de 25 kw e estendeu a rede de distribuição.
Em 1941, Três de Maio teve novamente sua geração de energia elétrica aumentada, foram adquiridos um motor Deutz a lenha, de 76 HP e um gerador trifásico de 220/380 volts, a rede de distribuição foi remodelada e a usina registrada no Ministério da Agricultura.
Alguns anos depois, em 1948, o eletricista, mecânico e desenhista alemão, Paulo Trepte, começou a colocar em prática um ousado empreendimento de construir uma usina hidrelétrica no Rio Inhacorá. A usina ficou pronta em 1954, quando então, Ricardo Tesche cedeu a sua rede distribuidora à firma Trepte & Hickmann, por arrendamento, passando a firma a responsabilidade pela distribuição de energia elétrica em Três de Maio. O disjuntor principal, onde a energia era ligada e desligada todas as noites, foi instalado em uma estrutura de alvenaria construída em um canteiro no meio da avenida Uruguai, parecendo uma torre de cinco metros de altura, com um pequeno telhado em cima. O responsável pelo acionamento das chaves, por muitos anos foi o senhor Delmar Magalhães.
Além de atender Três de Maio, a Trepte & Hickmann começou a abastecer de energia outras comunidades da região. O fornecimento de energia elétrica para os três-maienses funcionou desta forma até o dia 16 de maio de 1957, quando o serviço foi encampado pela CEEE, através de decreto desapropriatório assinado pelo então Presidente da República, Jucelino Kubitschek de Oliveira.
Porém, pela falta de interesse das concessionárias da época em expandir suas redes e levar energia à área rural, o prefeito Walter Ullmann, em sua segunda administração (1969 a 1972), – juntamente com outros colaboradores –, fundaram em 23 de novembro de 1969, a Cooperativa de Eletrificação Rural Entre Rios Ltda - Certhil, que viria a iniciar suas atividades em dezembro de 1971, após conseguir o registro definitivo de Permissionária Exclusiva para os serviços de eletrificação rural em seus cinco municípios associados: Três de Maio, Horizontina, Independência, Tucunduva e Tuparendi.
Tempos depois, a Certhil iniciou suas atividades com a instalação de 10 transformadores. Já em 1972 eram 49, e, em 1973, o número quase que triplicou, passando para 131 transformadores.
Nos anos seguintes, a cooperativa progrediria com estes números significativamente. Em 1977, passou a contar com 402 transformadores instalados, proporcionando 2.313 KVA de potência instalada, número que no ano seguinte subiu para 425 e elevou a potência total para 3.694 KVA.
Todos estes números proporcionaram aproximadamente 2.000 HP instalados e foram distribuídos da seguinte forma: 65% para a agricultura (iluminação e força); 25% para a indústria e cerca de 10% para o comércio.
Até 1978, apenas 20% dos moradores do interior do município de Três de Maio possuíam energia elétrica em suas propriedades. Foi quando o prefeito Olívio José Casali, em sua primeira administração (31/01/1977 a 31/01/1983), conseguiu através do GEER - Grupo Executivo de Eletrificação Rural em Brasília, uma verba no valor de 100 milhões de cruzeiros (financiada através do Banco Interamericano de Desenvolvimento - Bid, exclusivamente para cooperativas de eletrificação rural), e então deu-se início a uma ampla rede de distribuição que estendeu fios a todos os recantos mais afastados do território do município.
Finalmente Três de Maio estava eletrificada.

Local onde estavam instaladas as chaves do disjuntor que fornecia energia elétrica para Três de Maio, quando esta
era fornecida pela firma Trepte & Hickmann