Aumento no número de internações hospitalares coloca a região em alerta

Prefeitos buscam ampliação do número de leitos de UTIs

Prefeitos estiveram reunidos na manhã de ontem, em videoconferência para tratar do assunto. Porém, a implantação deve levar alguns dias, e será viabilizada através de rateio entre os municípios e parcerias com empresas privadas

Tendo um crescimento diário no número de casos de Covid-19 na região, onde todos os municípios que compõem a Associação dos Municípios da Fronteira Noroeste (Amufron) têm ou tiveram pacientes infectados, agora, a preocupação dos gestores municipais é com relação ao atendimento da demanda  hospitalar regional.
Na manhã de ontem, quinta-feira, os prefeitos que integram a Associação, coordenados pelo presidente Vilmar Horbach, prefeito de Boa Vista do Buricá, decidiram – em reunião por meio de videoconferência – optar pela Cogestão do Distanciamento Controlado, que será feito pelo Centro de Operações de Emergências (COE) Regional, cujo coordenador é o médico Luiz Antônio Benwegnú, que também é vice-prefeito de Santa Rosa.

Indisponibilidade de leitos de UTI
Os gestores municipais relataram a apreensão sobre a indisponibilidade de leitos e UTI Covid e que tal situação deixa a região em alerta, pois, numa curva ascendente de casos, se continuar desta forma, não haverá condições da absorção da demanda pela rede hospitalar regional (veja tabela), especialmente na Unidade Dom Bosco, especializada em problemas respiratórios e Covid-19, em Santa Rosa, e o Hospital São Vicente de Paulo, em Três de Maio.  
Uma das ações sugeridas para suprir a necessidade de atendimento especializado, foi a ampliação do número de leitos de UTIs. A implantação deve levar alguns dias, e será viabilizada através de rateio entre os municípios e parcerias de algumas empresas privadas. Os trâmites legais deverão ser realizados através do Consórcio Regional Fronteira Noroeste (Cofron) que atualmente é presidido pelo prefeito de Santa Rosa, Alcides Vicini. Ação semelhante já foi realizada no início de julho, quando também havia um aumento significativo de casos de Covid-19.
Ao encerrar a reunião, o presidente da Amufron fez um apelo aos prefeitos que reforcem a necessidade do cumprimento dos protocolos de prevenção para evitar a contaminação. A região encontra-se na bandeira vermelha, onde enfrenta, atualmente, baixa capacidade do sistema de saúde e de média para alta propagação do vírus.

Cogestão das Bandeiras
O Modelo de Distanciamento Controlado do Rio Grande do Sul foi construído com base em critérios de saúde e de atividade econômica, sempre priorizando a vida. Criou-se um sistema de bandeiras, com protocolos obrigatórios e critérios específicos a serem seguidos pelos diferentes setores econômicos. Estão definidos quatro tipo de bandeiras, conforme o grau de risco de propagação da Covid-19: amarela (risco baixo); laranja (risco médio); vermelha (risco alto) e preta (risco altíssimo).
A Cogestão do Distanciamento Controlado do governo do Estado significa, na prática, que as regiões que não estiverem de acordo com a leitura de bandeiras de riscos ao coronavírus poderão alterar os protocolos de restrições, caso tenham a concordância de pelo menos 2/3 dos prefeitos que compõem a respectiva região.

'Momento exige distanciamento social, evitando aglomerações tanto de familiares como de amigos', alerta a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Tatiane Wächter

Três de Maio teve aumento de mais  100% no número de casos em 14 dias

Nos últimos 14 dias Três de Maio teve aumento de 110% no número de casos confirmados de coronavírus. No dia 6 de agosto o município tinha 56 contaminados e, até ontem, o número subiu para 118. Destes, 85 já estão recuperados. A faixa etária com maior número de contaminação é de 40 a 50 anos. Um bebê de um ano é o mais jovem a testar positivo no município e a mais idosa é uma senhora de 91 anos.
De acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Tatiane Wächter, as pessoas não estão levando a sério a necessidade do distanciamento social e do isolamento quando existe síndrome gripal. "A fiscalização está tendo bastante trabalho para conscientizar as pessoas com síndrome gripal da necessidade de ficarem em casa até o resultado do exame ou até passar os 14 dias de isolamento, saindo apenas quando realmente necessário". Segundo ela, as pessoas, principalmente da mesma família, contaminam umas as outras porque continuam fazendo visitas.
Tatiane chama atenção para o aumento no número de internações por coronavírus, tanto no Hospital São Vicente, quanto na Unidade do Dom Bosco, que está com os leitos de UTI praticamente esgotados. "Todas as orientações dadas, desde o início desta pandemia, são para não culminar no que já está quase acontecendo, que é não ter leito disponível no caso de agravamento de pacientes com coronavírus", justifica Tatiane.
A 14ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) contabilizava 949 casos de coronavírus em 6 de agosto, ontem o número chegou a 1433, um aumento de 51% nos últimos 14 dias. Destes, 73,7% já estão curados. Todos os 22 municípios da 14ª CRS já registraram casos. 

Ocupação dos leitos hospitalares*
Santa Rosa: Unidade Dom Bosco, especializada em Problemas Respiratórios e Covid-19 para pacientes de toda a região. 
– UTI
Leitos: 20 disponíveis
           15 ocupados
– Internação
Leitos: 20 disponíveis
           09 ocupados

Três de Maio: Hospital São Vicente de Paulo (HSVP)
– UTI
Leitos: 6 disponíveis
           1 disponível para Covid-19
           5 pacientes internados (3 com Síndrome Respiratória Aguda Grave, sendo 1 positivo para Covid-19)
– Internação clínica
Leitos: 6 disponíveis
           3 ocupados
*Relacionados à Covid-19 e internações por síndromes gripais