A importância da família nas aulas remotas

Com as aulas remotas, devido à pandemia, a família desempenha um papel fundamental no aprendizado do aluno. Auxiliar nas tarefas escolares e demonstrar interesse pelas atividades dos filhos podem ter impacto positivo tanto na aprendizagem acadêmica, quanto no desenvolvimento socioemocional das crianças. Para Sandro Ergang, diretor-geral da Setrem, nunca ficou tão evidente e necessário o envolvimento da família no processo de ensino dos filhos. No registro, Ângela Kiesel auxiliando o filho Matheus, 9 anos, aluno da 3ª série do Ensino Fundamental da Setrem, nas atividades da escola

A importância da família nas aulas remotas
Com dois filhos em idade escolar, a bancária Ângela Kiesel avalia que, com a situação de pandemia em que estamos vivendo, ter aulas online ainda é a melhor forma de manter os filhos (alunos) ocupados e desenvolvendo habilidades e conhecimentos

'Durante a pandemia, a Setrem adotou projeto pedagógico que sustenta as práticas dos docentes, visando mínimo de prejuízo no processo ensino-aprendizagem dos estudantes', afirma o diretor-geral da Instituição, Sandro Ergang

Atuando em todos os níveis de ensino, da Educação Infantil ao Ensino Superior, a Sociedade Educacional Três de Maio (Setrem) atende  mais de 1,8 mil estudantes, sendo 898 na Educação Básica e Ensino Profissionalizante (Técnicos), 874 na Graduação e 44 na Pós Graduação.
Desde que foram suspensas as aulas presenciais – em 18 de março –, a Instituição adotou aulas remotas. Conforme o diretor-geral Sandro Ergang, na Instituição as aulas remotas ou online estão ocorrendo em várias plataformas disponíveis, como o Google Meet, Zoom, Classroom, e outras com finalidades específicas oferecidas ou parcerias com editoras e fornecedores de materiais didáticos ou para atender algumas demandas de avaliações ou desafios com os estudantes. 
“Embora a plataforma mais utilizada é o Google Meet que adotamos como a principal ferramenta de interação com os estudantes e familiares, através das aulas online, a Instituição também dispõe de um Sistema de Gestão Acadêmica denominada LOGOS, que possibilita a interação com os estudantes e familiares, permitindo a postagem e compartilhamento de materiais e conteúdo para que o estudante tenha acesso a qualquer tempo, além do acesso as aulas já realizadas (que ficam gravadas), na eventualidade de algum estudante não ter conseguido participar. Em tese, as aulas continuam acontecendo da mesma forma, mas obviamente, com metodologias, tempos, interações, formas de compreensão diferentes”, justifica o diretor-geral.

Protocolo pedagógico e metodologia de ensino
A Setrem também estabeleceu um Protocolo Pedagógico com vistas a dar clareza e evidências sobre cada uma das atividades  propostas e realizadas durante este período de pandemia, com um projeto pedagógico que sustenta as práticas dos docentes, e para que os estudantes tenham um mínimo de prejuízo no processo ensino aprendizagem. 
Cada nível de ensino, cada componente curricular, cada atividade tem uma particularidade toda especial, nenhuma é igual a outra, compara Sandro. “Existem necessidades diferentes para cada nível de ensino, a adaptação às tecnologias de comunicação e aprendizagem, tem em si um grande obstáculo. Nas Séries Iniciais, especialmente no processo de alfabetização, há uma necessidade muito intensa de um trabalho mais direcionado e individualizado; ao contrário das Séries Finais, Ensino Médio, no Ensino Superior onde os estudantes já são mais autônomos e dominam muito bem as novas tecnologias. As realidades são muito discrepantes. Cada nível de ensino tem em si, suas facilidades e as suas dificuldades. Se por um lado você tem um grupo com mais autonomia na aprendizagem, surgem outras dificuldades que são o trabalho, as práticas profissionais que compõem um outro rol de habilidades necessárias ao professor para poder dar conta da aprendizagem”, observa.

Avaliação das aulas online
Desde 2017, a Setrem já estava trabalhando em um projeto de inserção do Ensino Híbrido como estratégia pedagógica institucional, tanto na utilização das plataformas quanto na formação de professores. “A pandemia só abreviou a sua implantação, tanto que na semana posterior a suspensão das aulas presenciais, já estávamos trabalhando com as aulas online”. 
Segundo Sandro, evidentemente, a Instituição encontrou várias dificuldades na implantação, tanto com docentes quanto com discentes e também as famílias. “Foi um processo de reorganização nas casas, nos escritórios; dificuldades com os dispositivos disponíveis, acesso à internet; mas desafios estes que foram sendo superados aos poucos. E, este sistema de ensino tem se mostrado uma excelente alternativa adicional ao processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, esta experiência tem nos revelado uma verdade. Quanto mais experimentamos a virtualidade, mais convicção temos de que o ensino presencial – a troca de experiências – é insubstituível. De outra parte, nunca ficou tão evidente e necessário o envolvimento da família no processo de educação dos filhos”, avalia o diretor-geral.

Comunicação entre escola e família
Sandro ressalta que a escola tem mantido um canal de comunicação constante com as famílias e com os estudantes. Uma série de reuniões, lives e eventos foram e estão sendo realizadas nas mesmas plataformas de comunicação que são usadas para as aulas. “Tem sido um processo muito gratificante, pois recebemos as críticas e sugestões, as avaliamos e, assim,  ainda temos a oportunidade de juntos construir e corrigir alguns pontos que não estavam de acordo. Aos poucos fomos nos adaptando, nos reinventando, a comunicação fluindo, e assim estamos até este momento. Mas também é preciso reconhecer que nem tudo são flores, tivemos problemas nestes processos, mas, na medida do possível, estão sendo resolvidos”, explica.
 
Cancelamento de matrículas e inadimplência
O diretor-geral revela que, evidentemente, de alguma forma ou outra, a pandemia teve algum impacto na vida financeira de grande parte das famílias, porém não de todas. 
Conforme Sandro, desde o início a Instituição se colocou à disposição para atender as demandas específicas em caso de necessidade de alguma família ou acadêmico que tenha tido alguma dificuldade neste período. “A Setrem é uma instituição comunitária, sem fins lucrativos com certificado de filantrópica, em que em contrapartida de alguns poucos benefícios tributários oferece Bolsas Sociais para as pessoas que segundo os critérios do MEC/FNDE são consideradas carentes. Em uma condição normal, nossa obrigatoriedade seria de 20% de contrapartida em Bolsas Sociais, no entanto,  no ano de 2019 e também em 2020 nosso percentual de beneficiados chegou próximo aos 40% de auxílio para os estudantes,  praticamente o dobro de que teríamos como obrigatoriedade. Em valores nominais são aproximadamente R$ 5 milhões em benefícios à famílias.”
Contudo, houve trancamentos pelos mais diversos motivos. “Tivemos trancamentos na Educação Infantil, pela dificuldade das famílias em manter a matrícula, estes sim, justificados pela pandemia. Já na Educação Básica (Séries Iniciais, Finais e Ensino Médio) foram alguns casos isolados. No entanto, no Ensino Profissionalizante e Ensino Superior houve o número mais significativo de trancamentos". De acordo com a direção, quanto à inadimplência, houve um aumento significativo, especialmente no início do segundo semestre. 

Ajustes na Instituição
Quanto à jornada de trabalho, a Setrem não adotou a redução da jornada de trabalho nem suspensão temporária, nem para colaboradores, tampouco para professores. “Especialmente no que diz respeito aos professores, estávamos trabalhando integralmente na forma remota, com a mesma carga horária e com o mesmo cronograma de aulas previsto desde o início do ano, não se justificando, desta forma, uma redução. Mas houve alguns ajustes de funções em alguns setores da instituição no sentido de ajustar os custos”, ressalta o diretor-geral.

‘Esta experiência tem nos revelado uma verdade. Quanto mais experimentamos a virtualidade mais convicção temos de que o ensino presencial – a troca de experiências – é insubstituível. De outra parte, nunca ficou tão evidente e necessário o envolvimento da família no processo de educação dos filhos’, afirma Sandro Ergang

 

Volta à sala de aula

Sandro relata que a Setrem está acompanhando muito de perto as indicações sobre o processo de retorno as aulas presenciais, e tão logo o Governo do Estado publicou o Decreto Nº 55.292 de 4 de junho de 2020 e a Portaria Conjunta SES/Seduc/RS Nº01/2020, a instituição criou o seu COE-E Local (Centro de Operações de Emergência em Saúde para a Educação).
O diretor-geral complementa que a Instituição tomou as medidas necessárias para assim que possível retornar as aulas presenciais, para garantir a saúde e a integridade dos professores, colaboradores e estudantes; seja com a aquisição de equipamentos, adaptações físicas das unidades de ensino, ou nos procedimentos desde a saída da casa dos estudantes, transporte, ingresso à estrutura, distanciamento necessário em sala de aula, nos intervalos, além das orientações de assepsia e higiene, até o retorno às suas casas. 
Conforme Sandro, quanto ao retorno dos alunos em sala de aula, o que a Setrem tem até o momento é que deverá ser de forma escalonada, ou seja, com pequenos grupos retornando aos poucos. Para garantir a segurança e o distanciamento, haverá as aulas híbridas com uma mesma turma, ou seja, parte da turma com aula presencial e outra parte com ensino remoto.”
Para que isto se torne possível, o diretor-geral destaca que a Setrem está se organizando – com o apoio de alguns parceiros –, um investimento substancial para garantir que o estudante que esteja em casa possa acompanhar a mesma aula que do estudante que estiver presente em sala de aula, permitindo, inclusive, a interação entre professor/estudante nos dois ambientes e estudante/estudante de forma simultânea”, explica Sandro.

 

‘Agora, mais do que nunca, estamos fazendo o exercício de nos colocar no lugar do outro e não depositar cobranças excessivas de produtividade para esse período’, avalia a coordenadora do Ensino Fundamental e Médio da Setrem, Ana Cláudia Leite

A coordenadora do Ensino Fundamental e Médio da Setrem, Ana Cláudia Leite classifica como período de excepcionalidade, uma situação nova para todo mundo, quando todos estão tentando entender como agir. “ Agora, mais do que nunca, estamos fazendo o exercício de nos colocar no lugar do outro e não depositar cobranças excessivas de produtividade para esse período. Por isso, a equipe diretiva da Setrem procura informar e propor reflexões semanais às famílias”.
Ana Cláudia pondera que, tais reflexões fazem compreender, por exemplo, que a relação professor-criança/estudante é muito diferente da relação pai-filho no contexto escolar. “Além disso, o tempo que a criança/estudante tem disponível para o ensino remoto é diferente do tempo na escola; não apenas por questões de estrutura, mas porque ambiente e nível de atenção também mudam”.
Na avaliação da coordenadora, ainda que os professores se esforcem para criar aulas online super criativas e pensem em maneiras diferentes de interagir por meio do computador, a saudade do ambiente escolar e dos colegas tem deixado muitas crianças/estudantes desanimados na hora de fazer atividades escolares em casa. Isso acontece porque a escola não é apenas o espaço para aprender português, matemática. “A Setrem também é espaço para estabelecer relações, exercitando habilidades sociais importantes para o desenvolvimento cognitivo e emocional”, acrescenta. 
Neste sentido, segundo Ana Cláudia, o papel da orientação escolar é fundamental para que as crianças/estudantes compreendam que se levantar e se preparar para acessar a aula online auxilia no entendimento de que existem horas separadas para a aprendizagem e para o descanso. “Além disso, é salutar manter as relações, mesmo distantes, por meio de videochamadas com os colegas, realização de jogos online com os amigos, sob a supervisão de um adulto, incentivando os filhos de todas as idades a demonstrarem, de alguma forma, a saudade que estão sentindo e a organização de um tempo para o diálogo em família. Essas são ações que estimulam a interação.”
Outra sugestão é perguntar sobre e verificar se as atividades estão sendo realizadas. Ao perceber o interesse genuíno dos pais por suas atividades, a criança/estudante se sentirá naturalmente motivada, disciplinada e responsável.


Estimular as crianças
De acordo com Ana Cláudia, em contrapartida, a cobrança excessiva deve ser evitada, o tom precisa expressar o real interesse pelo que a criança está aprendendo. “Sugerimos perguntar: O que vocês aprenderam hoje? Explique-me como isso funciona. Você ficou com alguma dúvida? Perguntou para a professora? Que tal procurarmos juntos a resposta?”. Ainda, ela sugere que a  família pesquise séries, filmes e documentários que dizem respeito ao conteúdo trabalhado e aproveite ao momento de lazer para complementar a aprendizagem.
A coordenadora ressalta que algumas crianças são motivadas e disciplinadas naturalmente, outras precisam ser estimuladas constantemente, é preciso conhecer os filhos a partir das suas particularidades. “Assim como na escola, o período de estudo com as crianças em casa deve prever momentos de descanso, é primordial que a família estabeleça horários para que possam ‘gastar’ a energia com atividades físicas.”


Sem respostas prontas
Ana Cláudia conclui dizendo que, a Setrem está constantemente buscando compreender e apoiar os estudantes dentro das suas características próprias. “Oferecemos desafios crescentes e acompanhamos de perto seu progresso e dificuldades. Perceber esta nova realidade nos possibilita continuar repensando ações, mediadas pela tecnologia e apoiadas pela família, que levem ao aprendizado efetivo. O momento não nos permite encontrar respostas prontas, mas nos permite uma grande oportunidade de construir novos caminhos”, sugere. 

Ainda que os professores se esforcem para criar aulas online super criativas e pensem em maneiras diferentes de interagir por meio do computador, a saudade do ambiente escolar e dos colegas têm deixado muitas crianças/estudantes desanimados na hora de fazer atividades escolares em casa’, diz a  coordenadora Ana Cláudia Leite

 

‘Aquela interação, o olho no olho, a explicação conduzida no quadro, ou com o lápis, foi substituída por videoconferências, mensagens, e-mails, fotos e vídeos’, analisa a professora Francine Winkelmann Alf

Estudantes do 4º ano em aula online com a professora Francine

 

A professora Francine Winkelmann Alf, 26 anos, leciona no 4º Ano do Ensino Fundamental e  no Curso Técnico em Informática da Setrem. Na profissão há sete anos, com formação de Técnica em Informática, Pedagoga e especialista em Gestão Escolar, ela compreende o momento atual como um desafio enorme, porém, de grandes aprendizados. 
Para ela, em relação aos professores, a pandemia os colocou diante da necessidade de se reinventar em um curto espaço de tempo, a repensar a condução do processo de ensinar, avaliar. “Por outro lado, os estudantes, também, tiveram que se adaptar rapidamente a um novo formato de aulas e principalmente a desenvolver habilidades como a autonomia, disciplina e organização, que são fundamentais para que o estudo domiciliar aconteça”, compara. 
 Hoje, a rotina dela está amplamente relacionada à tecnologia, principalmente ao uso do computador e celular. “Aquela interação, o olho no olho, a explicação conduzida no quadro, ou com o lápis, foi substituída por videoconferências, mensagens, e-mails, fotos e vídeos... Entretanto, ainda assim, mantenho uma relação muito próxima da minha escola, estudantes e famílias. Ouso dizer que estreitamos laços ao invés de nos distanciarmos”, alega.
A educadora destaca que nessa nova realidade, “o professor de aulas online é aquele que está conectado diariamente, na maior parte do seu dia, buscando por novas possibilidades para incrementar as suas aulas, meios de motivar seus estudantes e manter vínculos”. Por isso, no seu entendimento, o maior desafio está relacionado ao seu espaço de trabalho. “Hoje, o professor não está mais na escola, mas sim, na sua casa, logo, ele precisa conciliar sua vida particular, sua família, compartilhar dos espaços da sua casa, para que as aulas possam acontecer de modo satisfatório”.
 
Qualidade no processo educativo
Francine enfatiza que é relevante e se faz necessário manter a qualidade do processo educativo, mas que neste momento (e nunca) o educador não pode “se tornar conteudista, apegando-se com exclusividade aos conteúdos”. “O momento atual requer um olhar diferenciado do professor para os sujeitos envolvidos na escola. A pandemia não afetou somente a saúde e a economia, mas a vida das pessoas, o seu estado emocional. Assim sendo, é preciso um olhar atento e carinhoso a cada estudante, para que além de conteúdos também possamos obter grandes aprendizados para nossas vidas a partir do que estamos vivendo”, conclui.

'Apesar do distanciamento físico, ouso dizer que estreitamos ainda mais os laços com nossos alunos', observa a professora

 

'Ainda temos muito para aprender e aprimorar. Mas acredito que sairemos desta pandemia mais fortes, com um conhecimento extra em tecnologia e mais humanos, porque jamais deixamos de pensar, de nos esmerar e de nos preocupar com quem está do outro lado da tela do computador: nossos alunos', observa a Ana Paniz, professora de Educação Fisica

Professora há mais de 30 anos, Ana Lúcia Paniz que atua na disciplina de Educação Física nas 3ª séries dos Anos Iniciais e nos 6º anos do Ensino Fundamental da Setrem, além de ser titular do Componente Curricular de Dança em todas as turmas do Ensino Fundamental (6º ao 9º), acredita que com a pandemia que se instalou no mundo, fomos desafiados, convidados sem qualquer aviso a sairmos da nossa zona de conforto. "Tivemos que deixar o que conhecíamos e dominávamos com muita propriedade e enfrentar essa nova condição de aulas online nos trouxe muita preocupação, inquietação e ansiedade", revela a professora.
Contudo, Ana destaca que hoje, depois de quase cinco meses nesta rotina, se sente mais segura. "Conseguimos realizar nosso trabalho da forma que julgamos mais perfeita, atingindo os objetivos da área e alcançando todos os nossos alunos."


O desafio das aulas online de Educação Física
Ana enfatiza que no início das aulas remotas, "todos perguntavam de que forma daríamos nossas tão esperadas aulas de Educação Física". Para ela, aumentaram as tarefas, mas não a dedicação e preocupação com os alunos, pois ao preparar uma aula, muitas perguntas devem ser respondidas, tais como: "que espaço nossos alunos têm para praticar? Que material eles dispõem? Residem em casa ou apartamento? De que forma vamos estimular esses alunos para participar das atividades? E ainda, de que forma iremos nos comunicar com essa nova tecnologia?"
Mas, para a professora de Educação Física, todos esses impasses foram pausadamente sendo resolvidos com a colaboração dos colegas da área e da coordenação da Setrem. "Garanto que foi um processo lento, dolorido e preocupante. Foram muitas conversas, vídeos editados, trocas de experiências e de links, muita pesquisa em sites até encontrarmos um ponto que atendesse as necessidades dos alunos. Também precisamos lembrar das idas e vindas na plataforma utilizada para as aulas para descobrir o que ela nos oferecia e de que maneira iria nos auxiliar no nosso trabalho, na nova maneira de trabalhar!  Além disso, temos a criatividade e carisma inerente de cada um de nós que também trazem aquele tempero extra para nossas aulas se tornarem divertidas, mas também desafiadoras, o que faz os alunos ficarem atentos e presentes", ressalta.
Neste período de aulas online, ela garante que sente saudades de cada aluno que chegava alegre e entusiasmado para as aulas; dos abraços; das histórias que cada um contava; dos esforços pessoais; do grito de gol; da comemoração do ponto... Sim! Dos gritos e da alegria de uma aula no ginásio, na pista, no pátio!", recorda.

A professora de Educação Física, Ana Paniz teve que adaptar as aulas pensando no ambiente em que a criança se encontra e que material ela dispõe para a prática da atividade

 

‘Este tempo de pandemia também está sendo de superação para as famílias dos nossos estudantes, que tiveram que readaptar suas vidas, além de ajudar as crianças nos estudos em casa’, avalia a professora Lisiane Canabarro Zart

“Ser professora de ensino online é uma experiência diferente, desafiadora, mas também positiva, na medida que novas aprendizagens estão sendo agregadas ao ato de ensinar. Ao mesmo tempo, os momentos de estar junto e compartilhar experiências emocionais, práticas e sociais fazem muita falta neste tempo em que o desconhecido, o inesperado invadiu as nossas vidas”, resume a professora Lisiane Canabarro Zart, 43 anos, professora do 3º ano do ensino fundamental;  de Arte nos anos iniciais (1º ao 5º ano) e da Oficina de Arte “Garatujando” com os alunos dos anos iniciais. 
Atuando há 25 anos no magistério e com crianças, a professora ressalta que nunca imaginou uma situação parecida. "Lidar com a tecnologia foi desafiador, tive que ir aprendendo junto com os estudantes, com os filhos e principalmente com os colegas e coordenação da escola, que foram fundamentais no auxílio dos programas e na adaptação virtual”, afirma. 
Outro desafio foi como encantar e motivar as crianças sem estar perto, sem tocar, sem abraçar, sem poder interagir pessoalmente com eles e trocar experiências. “Tivemos que nos reinventar como professores, buscar novas formas de socializar o conhecimento. Mas aos poucos fomos nos reorganizando com as novas aulas, novos horários, vendo e sentindo as necessidades de cada aluno. Nos primeiros dias de aula, muitas dúvidas passavam pela minha cabeça, eu não sabia se estava fazendo o que era necessário para me “encontrar” com os meus alunos. Foi um aprendizado diário, todos pensando juntos para um bem comum: a escola, os professores, os estudantes e os pais.  Foi preciso  encontrar a melhor maneira de estar com as crianças, ensinando e aprendendo com elas, pois elas sempre foram a nossa principal preocupação”, ressalta.

 
Aprendizado dos alunos
A professora afirma que os estudantes estão se esforçando bastante, organizando suas rotinas, seus dispositivos digitais, seus materiais e horários. “Este tempo de pandemia também está sendo de superação para as famílias dos nossos estudantes que tiveram que readaptar suas vidas e ajudar os filhos nos estudos em casa. Para que tudo possa ser menos desgastante possível e as crianças possam manter um ritmo de estudos,  sem estar fisicamente na escola, e sem a supervisão direta de seus professores, penso que seja importante para eles manter o conteúdo e atividades em dia,  ir revisando o conteúdo trabalhado, isso facilita muito a organização e os estudos”, aconselha. 
Outra dica de Lisiane é fazer um calendário semanal/mensal, ter um lugar apropriado para assistir as aulas, anotar as tarefas diárias e ler o conteúdo em voz alta são algumas maneiras de enriquecer o aprendizado. “A criança que tem uma rotina diária de horários, com atividades previstas para se alimentar, estudar, descansar, dormir e brincar se torna mais segura e responsável, obediente e estudiosa, e leva isso consigo para a vida toda. E é nesse sentido que sigo o meu trabalho, tentando ajudar a cada um deles no que precisam”. 


Tempo para brincar
Além dos momentos de aprendizado de aula, é fundamental que as crianças reservem tempo para o brincar, para serem crianças mesmo, se desconectando dos aparelhos virtuais/digitais e possam enriquecer o seu dia com atividades lúdicas e saudáveis, principalmente envolvendo a família. "O brincar além de alegrar, fortalece o vínculo familiar e afetivo. A criança cria situações imaginárias e consegue elaborar suas ideias e pensamentos a partir delas. Estimular as crianças nos dias de hoje a saírem da frente das telas e procurarem formas saudáveis de brincar, também é um desafio que nós professores percebemos. Muitas delas passam tempo demais em jogos e atividades virtuais. Tenho tentado desafiá-las a criar seu próprio brinquedo, dando ideias e sugestões de utilizar materiais diferentes para os momentos lúdicos e ainda a chamar as famílias para as brincadeiras”, orienta. 

Com 43 anos, Lisiane Canabarro Zart, está 25 anos em sala de aula. Agora, se reinventa diariamente para encantar e motivar os alunos nas aulas online

 

‘Gosto da sala de aula; de conviver com os jovens, aprendo muito com eles’, afirma a professora Lilian Maria Christmann Stoll, que leciona há 47 anos

Aos 64 anos de idade, sendo 47 anos dedicados à Educação, a professora Lilian Maria Christmann Stoll, destaca que a realidade estabelecida pelo distanciamento dos espaços escolares é um momento inusitado, diferente. “Alguns elementos novos se fazem presentes mudando nossas práticas e percepções de aula, de aprendizado, de escola e também relações. A escola reinventou a maneira de ensinar e os alunos reinventaram a maneira de aprender”, afirma a educadora que leciona para estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e todas as séries do Ensino Médio, no componente curricular de Geografia.


‘Tudo era novidade’
Num primeiro momento, Lilian comenta que para ter o domínio de algumas ferramentas, antes desconhecidas, contou com ajuda e assistência necessária, por parte da Escola e naturalmente a ajuda de familiares. “Então tudo era novidade para alunos e professores. Agora, quando tudo isso já está estabelecido, conhecido e dominado, a preocupação é prender o interesse dos alunos com a variedade de atividades nas aulas”.
Mesmo com as facilidades e comodidade que a situação apresenta, dando uma oportunidade maior de crítica e autonomia, a educadora acredita que o melhor caminho para os alunos é aproveitar a oportunidade com seriedade, dedicação e ética nas relações. “Os desafios mais adiante, como vestibular, Enem e demais projetos de cada um, vão exigir conhecimento sólido”.
A professora garante que aguarda ansiosa pelo reencontro físico com os alunos. “Gosto da sala de aula; de conviver com os jovens, aprendo muito com eles”, finaliza.

 

Avaliação dos alunos sobre as aulas online

“Há cerca de cinco meses jamais poderia se imaginar que o mundo estaria passando por uma crise tão grande quanto a gerada pelo novo coronavírus, que se alastrou com uma velocidade impressionante por todo o globo terrestre e consigo carregou o peso de inúmeras mortes.
No entanto, a evolução e desenvolvimento fazem parte dos seres humanos desde os primórdios de sua existência, é possível afirmar que essa característica foi posta à prova ultimamente, visto que todos tiveram de adaptar-se das mais diversas formas, uma delas foi o ensino a distância.
Como aluna posso afirmar que, nem sempre, estudar a distância é tão normal ou divertido quanto as aulas presenciais, principalmente porque requer uma nova forma de organização e desenvolvimento de novos métodos de aprendizagem para si. Todavia, com o tempo, a adaptação é inevitável e acaba se tornando natural, seja ela em relação a criação de uma rotina ou novas formas de estudar e aprender.
Analisando os prós e contras de estudar em casa, posso afirmar que nesse momento há uma maior necessidade de determinação, disciplina e foco para manter-se concentrada durante todos os períodos letivos. 
Também, é importante citar que nas circustância em que nos encontramos, o que faz mais falta para mim, é o contato com professores e, principalmente, com meus colegas.
Contudo, na minha opinião a coordenação da escola e todos os professores, desde o início, forneceram o suporte necessário para todos os alunos; adaptaram as aulas, desenvolveram atividades diferentes e, acima de tudo, mantiveram respeito e dedicação para com todos neste momento atípico.” 

Laura Blum, 16 anos, 2º ano do Ensino Médio

 

“A situação do Covid-19 mudou consideravelmente a rotina da maioria das pessoas, inclusive a minha, principalmente na questão das aulas. Mudanças não são fáceis, pois devemos nos adaptar a algo novo. Penso que a Setrem e as outras escolas estão desempenhando bem o seu papel, professores se dedicando para que o aprendizado dos alunos seja satisfatório. Apesar de sentir falta do convívio pessoal que tinha diariamente com os meus colegas e professores, pois acho que o aprendizado é melhor quando é feito presencialmente, mas online também é produtivo.”
Léo Winter Weise, 13 anos, 8° ano do Ensino Fundamental

 

"A falta da convivência com meus colegas e professores é o que sinto mais falta. Também facilitava o aprendizado ao estarmos juntos com o professor. Parece que agora os conteúdos e as aulas não são tão interessantes quanto antes. Mas ainda assim, conseguimos entender os conteúdos, talvez não tão bem como deveríamos, ou com tanta facilidade. Mas é possível sim.”
Júlia Ceccon, 13 anos, 8° ano, Ensino Fundamental

 

“Nestes últimos cinco meses, as conversas com os colegas, sem sombra de dúvidas, é uma das coisas que mais sinto falta. As conversas nas redes sociais não são, nem de longe, tão encantadoras quanto o bate papo pessoalmente. Até mesmo as conversas paralelas às aulas que os professores tanto reclamavam fazem falta.
Encontrar os amigos nos corredores, dividir o lanche, cair na aula de educação física, cada uma dessas pequenas coisas que antes eram tão comuns fazem uma falta imensurável. Na verdade acredito que por ter sido uma mudança repentina, algo que ninguém nunca havia vivenciado antes, foi um choque, tanto para os alunos quanto para os professores.
Ambos os lados tentam de todas as formas fazer com que esse momento seja o mais suportável possível. Mas jamais poderemos comparar uma tela fria de computador ou celular com os calorosos momentos na sala de aula. A diferença entre aprendizado remoto e o presencial é algo que somente aqueles que vivenciam isso de perto conseguem compreender.
O abismo entre esses dois modos de ensino é enorme e o rendimento dos alunos é cada vez menor. Aprender em casa é quase como aprender por conta própria mesmo com toda a ajuda proporcionada pela escola.”

Milena Jost Burtzlaff, 14 anos, 9° ano, Ensino Fundamental

 

“Como estudante, este momento está sendo desafiador por ser algo inédito para mim. Em alguns momentos me vejo com dificuldade de concentração e fora de foco. Porém, de imediato, volto à linha de pensamento e aprendizagem que os professores estão passando aos alunos com bastante dedicação, afinal, não são só os estudantes que vivem algo novo neste momento. O que mais sinto falta com o andamento das aulas online é a companhia dos colegas com quem convivi todos os anos letivos da vida, as explicações individuais de professores que fazem muita diferença e facilitam muito no aprendizado, além das atividades práticas. Quando começou o ano, eu já tinha em mente que talvez seria o último com grande parte das pessoas de minha turma, mas sinceramente, não esperava que isso poderia acontecer tão precocemente. É uma situação complicada mas, sem dúvida alguma, de muito crescimento mental e amadurecimento. Minhas expectativas quanto Enem e vestibulares ainda são as melhores possíveis, mesmo com este estilo de aula, é possível aprender com dedicação, visando objetivos. As aulas não estão sendo como antes e é mais difícil de aprender desta maneira. Mas, sou muito grato pela oportunidade de estar tendo uma aula de qualidade e tento aproveitar isto da melhor maneira possível.”
Augusto Roberti, 17 anos, 3º ano do Ensino Médio

 

'Tempo de aprendizado para as famílias e professores’, avalia a mãe de Matheus, 9 anos e Pietro, 2 anos

Com dois filhos em idade escolar, a bancária Ângela Kiesel avalia que, com a situação de pandemia em que estamos vivendo, ter aulas online ainda é a melhor forma de manter os filhos (alunos) ocupados e desenvolvendo habilidades e conhecimentos. Matheus Kiesel Urnau tem 9 anos e está na 3ª série do Ensino Fundamental. Pietro Kiesel Urnau tem dois anos e é aluno da Educação Infantil. Ambos são alunos da Setrem.
Ângela pondera que é um momento diferente para todos. “Não é fácil trabalhar fora e acompanhar os filhos nas atividades escolares. Como não é fácil para professores interagir, ensinar e disciplinar uma turma a distância”.
A mãe enfatiza que é tempo de aprendizagem para todos. “É tempo de rever o que realmente importa e buscar o equilíbrio saudável da mente e do corpo. E, para amenizar a falta que faz o convívio com os colegas, professores e o ambiente escolar, buscamos outras atividades, como aprender algo novo. Neste momento, o Matheus está aprendendo a tocar violão”, conta Ângela.