TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - ORIENTAL FUTEBOL CLUBE – 100 ANOS

ORIENTAL FUTEBOL CLUBE – 100 ANOS
Carlos Werri, nascido em 25 de janeiro de 1902, em Ijuhy, ainda muito jovem, após concluir seus estudos, entrou na Escola Regimental da Brigada Militar de Porto Alegre, onde além de aperfeiçoar-se no conhecimento de várias matérias, aprendeu o ofício de barbeiro.
Nesta época, jogava rotineiramente futebol com seus colegas de farda, esporte com o qual já estava bastante familiarizado, pois vinha de uma família de desportistas que há anos eram praticantes do futebol em Ijuhy, e isto contribuiu para que Carlos Werri passasse a desenvolver uma grande admiração pelo esporte.
Após retornar a Ijuhy, depois de um período de dois anos na capital, soube que no povoado de Buricá, distante cerca de cem quilômetros, não havia nenhum barbeiro de formação para cortar os cabelos e barba dos moradores locais, e foi então que decidiu se instalar com um salão na área mais central do povoado, ao lado da casa comercial Vontobel & Irmãos.
O gerente do estabelecimento, Leopoldo Vontobel, havia montado negócio no lugar poucos meses antes, no início de 1925, quando em sociedade com seu irmão, João Vontobel, deram início a uma completa casa comercial com indústria de laminados e compensados de madeira, além de fábrica de bebidas.
Numa parte da mata próxima aos fundos da loja, uma clareira havia sido aberta alguns anos antes e o local passou a servir como campo para a prática de futebol, onde vários moradores dos arredores se encontravam quase que diariamente para praticarem o esporte, e devido a seu enorme entusiasmo e espírito de liderança, rapidamente Carlos Werri tornou-se o principal articulador das partidas e dos treinos deste grupo.
Logo esta equipe formou um time habilidoso, que passou a mostrar bastante destreza com a bola nos pés, e Leopoldo Vontobel decidiu se propor a dar todo o apoio necessário para a formação de um time oficial.
Assim, no dia 24 de julho de 1925, reunidos nas dependências do Salão Henn, vários destes senhores redigiram a seguinte ata: “Reuniram-se em sessão preliminar, a fim de tratar da fundação de uma sociedade esportiva, cujos fins são os de cultivo de jogo de foot-ball e manter a harmonia e a união entre os moradores desta localidade, as pessoas abaixo assinadas as quais concordaram com a fundação de um Club Sportivo, ao qual, por unanimidade de votos, foi dado o título de Foot-Ball Club Oriental. Foi constituída uma diretoria provisória sendo apresentados: como presidente, Leopoldo Vontobel; como secretário, Manuel Lafuente; para Tesoureiro, Leopoldo Vontobel, e para capitão de campo, Carlos Werri. Foram considerados sócios fundadores os que compareceram a esta primeira sessão e estão abaixo assinados: Leopoldo Vontobel, Manuel Lafuente, Raymundo Gubert, Guilherme Timm, Waldemar Korb, Bruno José Zanella e Carlos Werri”.
Após, uma nova reunião foi realizada no dia 7 de agosto, elegendo uma diretoria definitiva, na qual foram acrescentados os nomes de Jorge Theophilo Tesche, como vice-presidente; Arthur Henn, como vice-secretário; Bruno Zanella, como tesoureiro; Waldemar Korb, como segundo capitão de campo; Guilherme Timm, como “guarda sport” (roupeiro), e a “comissão de contas” (conselho fiscal), que ficou constituída por Francisco Reimann, Raymundo Gubert e Virgilio Finger.
A primeira camiseta do time era toda amarela, confeccionada em algodão grosso, com mangas longas, ilhós com cordão para prender o decote, golas e punhos verdes. Foi usada até por volta de 1929, quando foi substituída por uma camiseta com listras verticais em verde e amarelo, a qual foi usada até 1940.
Depois há registros de que estas cores foram substituídas por vermelho e branco, mas logo a diretoria do clube adotou as cores definitivas: verde e branco.
As primeiras informações documentadas que se tem a respeito dos adversários do Oriental na época imediata a fundação, encontram-se na ata da reunião realizada no dia 11 de outubro de 1925, que se refere ao jogo do domingo anterior, dia 04 de outubro, contra a equipe do 14 de Julho de Santa Rosa. O placar do jogo não foi referido, e na mesma ata há uma referência à equipe do Esporte Clube Rio Branco, da localidade homônima (hoje Catuípe), que seria adversário do domingo seguinte.
Em agosto de 1931, fazendo parte dos eventos de comemoração da emancipação de Santa Rosa, foi organizada uma partida de futebol entre o time de maior destaque da sede do município recém-emancipado, o Uruguai, e o Oriental Futebol Clube, do recém denominado segundo distrito, Três de Maio.
O Oriental, naquela partida, contava com os jogadores, Carlos Werri, que na época, além de ser presidente do clube, era também o técnico e o capitão do time, o goleiro Armando Lindberg, o zagueiro Zeca, (que trabalhava como mecânico para Germano Reimann), Armando Jahn, Sergio Wicrowski, Humberto Simm, Carlos Sthöl e Rusch.
Além desses, também atuou naquele time um atleta que antes jogava para o Uruguai de Santa Rosa, mas que a convite de Carlos Werri veio morar em Três de Maio, se estabelecendo na Vila com uma alfaiataria na rua ao lado da praça da igreja matriz católica, chamado Pedro Giacomelli.
O resultado daquela partida contra o Uruguai de Santa Rosa acabou ficando em 2 x 1 para o Oriental, momento em que o time recebeu um belíssimo troféu, que foi o primeiro recebido pelo time em sua história.
Com o tempo, o campo nos fundos do terreno da Vontobel & Irmãos precisou ser desativado para a construção de outros imóveis, e foi neste momento que a diretoria do Oriental decidiu procurar o Sr. Reinoldo Selzler, que possuía um extenso gramado em sua propriedade num local mais retirado da área central do povoado, e lhe solicitar uma área deste gramado para ser utilizada como campo de futebol, e foi a partir daí as partidas de futebol do Oriental Futebol Clube passaram ser realizadas naquele local, em um campo onde foram adotadas as mesmas medidas do campo do Estádio do Maracanã: 75 x 110 m.
Em 1954, Reinoldo Selzler permitiu que fosse construído um cercado de tábuas em torno do campo, o que possibilitou ao Oriental participar de competições oficiais de futebol, pois esta era uma das exigências da FGF – Federação Gaúcha de Futebol, na qual o clube se inscreveu em abril de 1955.
Em 1964, Reinoldo Selzler resolveu fazer o loteamento de sua área de terra, e doou à entidade ORIENTAL FC toda a área cercada, num total de 16.112 m2, mas com a condição de que os dirigentes assumissem a responsabilidade de adquirir para o clube uma área anexa, onde havia um bosque. A proposta, muito vantajosa para os interessados, foi aceita de imediato e, juntamente com um grande número de colaboradores, os dirigentes adquiriram os terrenos em seus nomes e, posteriormente, fizeram a doação para o Oriental Futebol Clube.
Em reconhecimento a tudo o que fez pelo Oriental, no dia 15 de fevereiro de 1965, Fredolino Rutzen, então Presidente do Oriental F. C., assinou uma declaração nos seguintes termos: “... A partir desta data o Estádio do Oriental Futebol Clube passará a se chamar Estádio Reinoldo Selzler”.
Este ano, o Oriental Futebol Clube assinala uma data importante em sua história, conquistada pela força e pelo furor de uma torcida apaixonada por um clube que agora pode-se dizer, fez seu nome atravessar um século. Parabéns!!
Participou das pesquisas para elaboração deste artigo Ronald Kirkoff
Revisão do Dr. Prof. Leomar Tesche e do Historiador Orlando Trague.
Uma das fotos mais antigas do time do Oriental, tirada por volta do início da década de 1930
Foi nos meses seguintes a formação de uma equipe oficial que o Oriental transferiu seus jogos
para um campo localizado na propriedade de Reinoldo Selzler
Carlos Werri, fundador do Oriental
Após a conquista de seu estádio e diversas melhorias em sua infraestrutura, o que lhe garantiu a conquista de mais títulos regionais, a FGF convidou para disputar a Segunda Divisão de Profissionais em 1967 e 1968
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