TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - O COLÉGIO DOM HERMETO

O COLÉGIO DOM HERMETO
Com a chegada das sete irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus da Itália, a convite do padre Vicente Testani, no dia 28 de dezembro de 1930, elas foram conduzidas para um prédio de madeira, construído pela comunidade para recebê-las.
O percurso foi feito com grande festa, com foguetes pipocando incansavelmente nos céus, concorrendo com os badalos do sino da igreja que também ressoavam enquanto pétalas de flores caiam sobre as cabeças das religiosas. Chegando ao local, onde hoje fica a entrada do Colégio Dom Hermeto, as religiosas, antes de entrarem ali pela primeira vez, ajoelharam-se e beijaram a terra.
Duas semanas após sua chegada, começou o trabalho apostólico com aulas de catequese, o entrosamento com a comunidade, além de preparar o ambiente para a abertura da escola.
No dia 1° de março de 1931, seriam acolhidas as primeiras crianças e inaugurada a escola que se chamaria Pio XI do Sagrado Coração de Jesus. Em comemoração ao grande acontecimento, foi realizada uma grande festa com missa, e depois muita diversão, com doces, churrasco e pescaria na serragem, tudo animado pela banda Santa Cecília.
No dia 2 de março, o colégio recebeu 120 alunos, para a primeira aula. Eles chegaram às 13 horas observados com curiosidade pelas janelas das casas dos moradores próximos.
E logo as matrículas começaram a aumentar. As atividades iniciais foram a instrução primária, catequese, trabalhos manuais, pintura, música e recreação festiva dominical. A escola recebia pobres, ricos e de qualquer credo religioso, tendo como objetivo principal dar aulas de religião para todos, e prepará-los para o Santo Sacramento.
No início, o ensino primário era misto, com a aceitação de alunos do sexo masculino até 12 anos. O curso dava habilidade para os concluintes frequentarem qualquer curso complementar – ginasial ou comercial –, mas a maior preocupação da escola era formar as meninas como verdadeiras donas de casa (naquele tempo era algo considerado primordial, não só para a sociedade como também para a estrutura familiar).
Certo dia, a Madre Perini enviou à congregação na Itália, uma carta onde expressava seu sentimento por tudo aquilo: “Madre, considerando como as coisas estão por aqui, penso que seria bom fechar uma outra casa na Itália, onde o trabalho escasseia ou é maldosamente impedido, e vir para cá, onde a messe (colheita) é rica e os operários são poucos. Lê-se nos olhos destes agricultores a sinceridade do coração generoso. Isto nos estimula a uma dedicação sem descanso em favor de seus filhos. Os alunos são ativos, barulhentos e muito gentis. Nós os amamos!”.
Foi então que a congregação enviou mais irmãs da Itália, que chegaram aqui no dia 24 de novembro de 1931. Logo a pequena casa de madeira já não comportava mais o número de alunos e iniciou-se então a construção de um pequeno pavilhão para moradia das religiosas, ficando a casa totalmente para as atividades escolares.
A primeira irmã brasileira da Congregação foi a três-maiense Mariana Baú, que chegaria ao colégio montada em um cavalo, acompanhada do irmão, numa manhã de 1931, “Se me aceitam, fico hoje mesmo”, teria dito. Alguns meses depois, mandou recado a um pretendente seu, dizendo: “Vou ficar para sempre! Pode pensar em outra!”.
Início do internato
Com o início do internato para as meninas, também se passou a exigir o cumprimento de um regulamento interno, que estabelecia quatro regras: - o aluno deveria ter boa conduta, de respeito e docilidade com os professores; frequência assídua às aulas; diligência e pontualidade nos trabalhos escolares e, a madre tinha o direito de abrir e ler as correspondências das alunas internas.
Em 1946, foi necessário abrir o curso ginasial para continuar dando educação integral à juventude e o colégio passou a se denominar Ginásio Dom Hermeto José Pinheiro, em homenagem ao bispo de Uruguaiana que havia falecido em 1941, enquanto era o titular da Diocese a qual Três de Maio pertencia à época.
Em 1951, criou-se a Escola Normal Rural, que passou a formar professoras para ajudar na difícil tarefa de ensinar pelas escolas do interior, e em 1972, o colégio passou a se denominar apenas como Colégio Dom Hermeto.
No dia 30 de setembro de 2014 a mantenedora do Colégio Dom Hermeto, Fundação L’Hermitage, enviou comunicado à escola informando sua decisão de encerrar as atividades educacionais do colégio por conta das dificuldades financeiras que vinha enfrentando com o decréscimo ano a ano no número de matriculas. Grande foi o susto de toda a comunidade que, perplexa, se reuniu com cartazes em frente à escola para demonstrar sua insatisfação com aquela decisão.
Foi então que um grupo de professores, apoiados por pais de alunos e outras autoridades civis se reuniram em assembleia, e, em um período de tempo mais curto do que normalmente levaria, transformaram a instituição em uma cooperativa.
A ideia deu muito certo e o colégio deu a volta por cima. De 248 alunos matriculados em 2014, ano a ano o número de alunos foi crescendo, mesmo com as dificuldades da pandemia, e chegou ao ano letivo de 2023 com 555 alunos matriculados.
Com orgulho, 92 anos depois de sua fundação, o Colégio Dom Hermeto continua mantendo brilhantemente sua missão de ensinar e formar cidadãos com a mesma dedicação e carinho com os quais um dia, lá em 1931, as Irmãs da Itália abriram pela primeira vez as suas portas.
Parabéns a todos!
Prédio do Colégio Pio XI, construído em 1930, hoje Colégio Dom Hermeto
Segundo grupo de 13 religiosas das FSCJ enviadas a Buricá, em novembro de 1931, para ajudar três comunidades: Buricá, Santo Ângelo
e São Borja. Entre elas (à esquerda), a três-maiense MARIANA BAÚ, a primeira candidata brasileira à Congregação.
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