TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - O EXPEDICIONÁRIO BERTOLDO BOECK
O EXPEDICIONÁRIO BERTOLDO BOECK
Bertoldo Balduino Boeck, nascido no dia 17 de janeiro de 1921, em Cachoeira do Sul, era neto de imigrantes vindos da Alemanha e o segundo filho do casal Carlos Frederico Boeck e Ana Valesca Thoma, tendo como irmãos Lindolfo, Verno e Armando.
Em 1939, com a intenção de recuperar territórios perdidos com o desfecho da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha nazista invadiu a Polônia, acendendo o estopim de uma segunda guerra, muito maior do que a primeira, e que ficaria conhecida como “Segunda Guerra Mundial”.
Neste período, em 1940, com dezoito anos de idade, Bertoldo começou a namorar a jovem Eli Ross, filha de Afonso Roos e Elza Alvina Fenner, mas logo em seguida teve de servir ao exército, e isso os obrigou a manter o namoro à distância, através de cartas. Foram nestes dias que alguém contou a Boeck que havia visto Eli em um baile, dançando com outro sujeito, e isso bastou para que os dois terminassem seu relacionamento, também por carta.
Após dar baixa no exército, Bertoldo Boeck já começava a dar um novo rumo em sua vida quando, no dia 22 de agosto de 1942, o Brasil declarou guerra contra as nações do Eixo (composta por Alemanha, Itália e Japão), após ter alguns navios mercantes torpedeados por submarinos alemães na costa brasileira, em retaliação a aproximação do país com os Estados Unidos, país que, após entrar na guerra em 1941, forçava uma aproximação estratégica com o Brasil.
Assim, no dia 13 de novembro de 1943, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), com o objetivo primordial de ir para o front de batalha na Europa ao lado das potências aliadas, composta por Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética.
Naquele momento, as notícias que chegavam da guerra na Europa traziam aflição a muitos jovens que, para tentar se esquivar de serem convocados, chegavam até mesmo a arrancar alguns dentes da boca pois, aqueles que não possuíssem todos os dentes em perfeito estado, eram imediatamente dispensados. Outros eram até mais radicais, chegavam a amputar os dedos indicativos das mãos, necessários para apertar o gatilho de armas, algo que julgavam ser menos danoso do que perder a vida em um país distante.
Mas com o jovem Bertoldo Boeck isto não aconteceu, e tendo sido convocado pela FEB, foi escalado para atuar na linha intermediária, trabalhando principalmente como tradutor (já que falava alemão) e armador de barracas nos acampamentos, enquanto os soldados ainda em idade de serviço, atuavam na linha de frente.
O exército brasileiro foi enviado para o norte da Itália, local estratégico, utilizado pelas forças alemãs como barreira para impedir o avanço dos aliados em direção à cidade de Bolonha, um importante centro de comunicação regional.
Em terras italianas, todo o cuidado era pouco, se quisessem voltar vivos para casa. Todos eram orientados a não ingerirem outros alimentos que não fossem as rações fornecidas pelos Estados Unidos, para não corressem risco de serem envenenados. Em certa ocasião, enquanto o soldado Boeck preparava-se para fazer um disparo de bazuca, algo deu errado e o projétil, na hora do disparo, soltou algumas farpas de fogo que acabaram acertando um de seus olhos, o que viria a lhe trazer problemas pelo resto da vida.
Meses depois, quando já haviam tomado aquela região da Itália, em uma tarde de sol de um fim de semana, já bastante cansados de permanecerem dentro de barracas e com níveis de ansiedade elevados depois de tantas agruras, alguns companheiros de Boeck o convidaram para fazer um passeio a pé até um vilarejo próximo, quando Bertoldo resolveu dar uma rápida lustrada em suas botas, antes de acompanhar o grupo.
Então seus companheiros o avisaram que iriam na frente, caminhando devagar para que ele pudesse alcançá-los, e quando já estavam a uma certa distância do acampamento, uma tremenda explosão matou todo o grupo, fazendo partes de seus corpos serem arremessados para todos os lados.
No caminho dos jovens havia sido plantada uma mina terrestre e por um pequeno detalhe, Bertoldo Boeck não encontrou seu fim juntamente com seus demais colegas.
Aquelas, infelizmente, não foram as únicas perdas de soldados brasileiros em território italiano. Cerca de 25 mil soldados da FEB lutaram na Itália, em regiões como a de Monte Castelo, onde houve a mais importante das batalhas pela libertação do país, e destes, 443 pracinhas não conseguiram retornar para o Brasil com vida.
Com o fim da guerra, demorou-se ainda um tempo até que todos pudessem retornar ao Brasil, pois todos os navios estavam praticamente sucateados, não oferecendo segurança para o longo percurso de travessia do oceano.
Assim, o soldado Boeck passou a ocupar seus dias fazendo registros fotográficos com uma pequena câmera que havia adquirido, o que acabou se tornando uma atividade que lhe envolvia muito prazerosamente.
Até que, após nove meses em território italiano, Bertoldo Boeck finalmente voltou a morar com sua família em Cachoeira do Sul, de onde, pouco tempo depois, se mudou para a localidade de Belo Centro (hoje Tuparendi), distrito de Santa Rosa, onde Boeck descobriu que em um outro distrito, chamado Três de Maio, havia um fotógrafo chamado Rodolfo Nass, querendo se desfazer de seu ateliê de fotografias.
Então, Boeck decidiu vir à Vila Três de Maio para, inicialmente, trabalhar com o fotógrafo Nass, e assim, aprender mais sobre o ofício com o qual já se envolvia desde a Itália, mas com a intenção de adquirir o negócio.
Foi nesta época que fez as pazes com sua antiga namorada, Eli Roos, e no dia 28 de junho de 1947, os dois finalmente se casaram e vieram morar em Três de Maio, onde posteriormente Bertoldo Boeck adquiriu um enorme terreno na Rua Sergipe e ali estabeleceu seu ateliê de fotografias, dando-lhe o nome de “Foto Floresta”.
Bertoldo Balduino Boeck e Eli Roos tiveram dois filhos: Marisa (1950) e Ernani (1958).
O Expedicionário Bertoldo Boeck, que hoje empresta seu nome a antiga Rua Sergipe, faleceu no dia 03 de setembro de 1977, aos 56 anos de idade.
A Segunda Guerra Mundial, encerrou-se oficialmente no dia 02 de setembro de 1945, deixando registrado na memória um dos períodos mais sombrios de nossa história.
Bertoldo Balduino Boeck
Ateliê de fotografias Foto Floresta
Soldado Boeck com um colega de companhia
no acampamento da FEB
Bertoldo Boeck em um dos tanques de guerra utilizados pela FEB, posando para foto
após o término da guerra
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