TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - O COLONIZADOR EMILIO MÜLLER

25 Set 2023 | 10:09 2032 0

O COLONIZADOR EMILIO MÜLLER

Emilio Müller, nascido em 10 de junho de 1887, era natural de Brochier do Maratá, localidade do município de Montenegro, RS.
Através de conhecidos em comum, da localidade em que morava, em Porto Alegre conheceu a futura esposa, Antonieta Andrade, nascida em 13 de junho de 1903, quando ela ainda era criança de colo, e chegou até a pegar a pequena Antoninha no colo pois, a diferença de idade entre os dois era de dezesseis anos
Em 1920, após casarem-se, Emilio Müller e Antonieta Andrade Müller souberam da nova colônia que se estava estabelecendo entre os rios Santa Rosa e Buricá, e decidiram vir para a região atrás de terras. Aqui, a Companhia de Colonização estava em amplas atividades de abertura de estradas e Emilio Müller ofereceu seus trabalhos a esta atividade que se mostrava bastante promissora, pois estes serviços eram pagos com terras.
E logo, percebendo que muitos colonos ainda estavam vindo para a região, atrás destas mesmas terras, e percebendo as possibilidades de lucro que este negócio apresentava, Emílio Müller resolveu fazer um financiamento através de um banco em Ijuí para adquirir uma grande área de terras no povoado, principalmente, numa região mais afastada, a qual se referiam como “Mato Queimado” e “Santa Terezinha” (hoje, São José do Inhacorá), áreas nas quais Müller logo começaria uma nova colonização.
No início tudo foi muito difícil pois quando aqui chegou, Emilio Müller e os demais que trabalhavam com ele ouviam os rugidos das onças vindos do mato (que naquele tempo chamavam de tigres), o que deixava a todos bastante assustados. Além disso, no meio do mato era comum se deparar com cobras venenosas, o que os obrigava a colocar dentes de alho dentro das botas como uma forma de tentar amenizar os acidentes com estes animais. E assim, à medida que iam superando todos estes obstáculos, iam abrindo picadas no meio do mato que aos poucos iam se tornando pequenas estradas.
Em 1929, Emilio Müller doou para a igreja católica da Vila Buricá o terreno onde foi construído o Colégio Pio XI (hoje Dom Hermeto), e naquele mesmo ano, no dia 19 de dezembro de 1929, o então Presidente do Estado, Getúlio Vargas, assinou o Decreto n° 4.413 que instituía o Grupo Escolar em Buricá, o qual iniciou suas atividades num prédio da Rua Sergipe (hoje Rua Exp. Bertoldo Boeck) com a Rua Santo Ângelo, onde ficou instalado pelo período de dois anos, até a transferência para um prédio construído com recursos próprios por Emilio Müller, que se situava na rua Padre Cacique.
Este prédio era alugado para o Estado a 250,00 mil réis mensais e tinha capacidade para 200 alunos.
Emílio Müller e Antonieta Andrade Müller tiveram três filhos: Alda Suely (1922); Ináh (1924) e Emilio Antônio (1940).
Após o nascimento de Emílio Antônio, Antoninha começou a sofrer de uma terrível depressão, o que acabou obrigando a filha mais velha, Suely, a assumir a responsabilidade de cuidar do irmão mais novos, já que naquele momento ela já era uma moça formada.
Em 1943, Alda Suely se casou com um jovem natural de Monte Alverne, Santa Cruz do Sul, e que em 1955 viria a se tornar o primeiro prefeito de Três de Maio: Walter Ullmann. Ináh se casou com Vicente Luiz Gentil e Emilio Antônio com Nelva Folle.
Como muitos colonos que adquiriram lotes de terra na região do Mato Queimado e Santa Terezinha não conseguiram concluir o pagamento dos lotes que haviam adquirido, Emilio Müller obviamente também não entregou suas escrituras, e esse problema acabou se estendendo por anos, até que, após seu falecimento, em 1947, seu genro, Walter Ullmann, foi até o Banco em Ijuí e conseguiu um acordo para a quitação da dívida.
Ao retornar a Três de Maio, enviou comunicado a todos que ainda estivessem com as questões de suas terras pendentes e ofereceu uma proposta mais acessível para que quitassem suas dívidas e pudessem finalmente receber suas escrituras.
No dia seguinte acabou se formando uma enorme fila a frente de seu escritório e foi então que tudo foi resolvido.
Emilio Müller faleceu no dia 12 de junho de 1947, aos 60 anos de idade, depois de sofrer falência múltipla dos rins.
Atualmente, o logradouro que se estende da Rua Osvaldo Cruz (altura da Unimed) até o portão de entrada do Colégio Cardeal Pacelli se chama Rua Emilio Müller, uma justa homenagem para um homem que por aqui ajudou a construir caminhos não só na forma de estradas, mas também na forma de escolas.