Expectativa de vida ao nascer na região do Corede Fronteira Noroeste está em 78,55 anos, mostra pesquisa do DEE

Professor aposentado João Seno Bach, 84 anos, já ultrapassou a marca e segue desempenhando com vitalidade e disposição as atividades diárias

Expectativa de vida ao nascer na região do Corede Fronteira Noroeste está em 78,55 anos, mostra pesquisa do DEE
Aos 84 anos, João Seno Bach não abre mão de leituras diárias sem a necessidade de óculos de grau

Quem vê o aposentado João Seno Bach sentado embaixo de duas grandes mangueiras em frente à residência onde mora no Centro de Três de Maio, lendo um livro “O terapeuta de bar”, ao lado de um smartphone, não imagina que este senhor de 84 anos e três meses coloca muitos jovens em desvantagem. Ele não utiliza óculos de grau, não toma nenhum tipo de medicamento e não está fazendo nenhum tratamento de saúde. Ele vai completar 85 anos em 20 de dezembro de 2024. 

João Seno integra um grupo cada vez mais comum nos municípios da região da Fronteira Noroeste do Rio Grande do Sul que estão passando das sete décadas de vida. O estudo Indicadores de mortalidade para o Rio Grande do Sul e seus Conselhos Regionais de Desenvolvimento - 2010-21, produzido pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), divulgado recentemente, apontou que a expectativa de vida ao nascer entre os municípios integrantes do Corede Fronteira Noroeste, que engloba Três de Maio, chegou a 78,55 anos em 2021, número acima da média do Rio Grande do Sul, que é de 76,38 anos.

João Seno já ultrapassou a média em seis anos. Com uma vida ativa, manteve atividades de trabalho até dezembro do ano passado, quando deixou de apresentar o programa dominical Bach Hannes (Festança da Cuca e da Linguiça), produzido em língua alemã na Rádio Cidade Canção, o qual comandou por 30 anos. Além disso, foi secretário de Administração de Três de Maio durante todas as quatro gestões do prefeito Olívio José Casali, professor de Língua Portuguesa e do curso de Administração da Setrem, revisor, colunista do jornal Semanal, meio de campo do Botafogo, treinador e colorado desde os 5 anos. 

O futebol, aliás, segue sendo uma das suas paixões, mas que agora acompanha pela televisão e pelo rádio. “Se não fosse o futebol, o que eu faria, né? Eu tenho o meu time, faço minha torcida. Se ganha ou se perde, não importa, eu sigo colorado desde guri. Eu me lembro que virei colorado aos 5 anos, pois eu tinha um primo que era muito fanático pelo Grêmio e ele me incomodava muito e por isso eu comecei a torcer para o colorado”, relembra o irmão de Edgar, 81 anos e Lurdes, 75 anos. “Todos sadios”. Ele teve mais um irmão, mas que já é falecido.

 

Segredo da longevidade? 

Para Seno, ela depende do comportamento da pessoa. Segundo ele, aqueles que exageram no trabalho, na bebida, nas farras com mulheres dificilmente chegarão a ter uma vida longa. “Evidentemente, o descanso é muito importante. A pessoa não pode exagerar nas atividades, é preciso descansar regularmente, dormir bem”, destaca o marido de Nelci Tesch Bach e o pai de Raquel Dina, reside em Dois Irmãos e Lia Clarissa, reside em Sorriso, Mato Grosso, Márcio Ismael, reside em Santa Cruz do Sul e Júlio César, reside em Blumenau, Santa Catarina.

Seno destaca ainda que outro fator que contribui para sua vida longa é o hábito de conviver com outras pessoas. “Conviver com os amigos, ter amizades bem estruturadas e conviver com a família. Tenho quatro filhos e todos estão vivendo fora. O mais perto mora em Santa Cruz. Logicamente eles vêm pouco para cá, mas quando estamos juntos nos reunimos, mas praticamente todos os dias eu faço contato com um deles pela internet para manter este convívio”, disse o aposentado, que mantém sempre o ao lado um smartphone conectado na internet, mas que não deixa o hábito de leitura dos meios impressos. “Jornal, revistas, livros. Inclusive este livro que estou lendo é de um ex-aluno da década de 1960”, lembra o ex-professor do escritor Gilberto Veppo. “A leitura nos ajuda muito, pois através da literatura podemos tirar exemplos e tudo isso influencia na vida da gente.”

Planos estratégicos para o futuro, segundo Seno, ele não tem mais, mas espera seguir honrando com os compromissos e fazendo orações com a esposa diariamente. “Todas as noites, antes de dormir, nós rezamos em conjunto. Isso é algo que eu preservo desde o meu tempo de estudante”.

Seno veio para Três de Maio em 1961 para passar férias, ficou por alguns anos, foi embora para Brasília e Novo Hamburgo, retornou na década de 1980 e daqui não saiu mais. “A gente não tem pretensão de fazer 90, 95 ou chegar aos 100 anos. Mas aquilo que Deus me der, eu tenho que aceitar. Mas evidentemente, eu espero que a gente possa continuar tendo saúde, porque eu não tenho problema nenhum, nem remédio eu tomo e não estou fazendo nenhum tratamento de saúde específico. Então, particularmente, estou bem e assim quero seguir”, finaliza João Seno Bach.