Dinheiro é sempre bem-vindo. Em tempos de recessão, com ele chegando de forma "inesperada", ainda mais. Mas cuidados são necessários para que a alegria com o inesperado seja pautada pela racionalidade e, assim, não se transforme, posteriormente, em dor de cabeça.
Porque, assim como o dinheiro vem de forma imediata, ele também vai, da mesma maneira - e facilmente, bastando apenas alguns segundos para que tomemos a decisão. Por isso, no caso das contas inativas do FGTS, cujo calendário de saques começará em 10 de março e terminará em 31 de julho, ter o dinheiro em mãos - um dinheiro que, anteriormente, em condições normais, o trabalhador não esperava poder sacar - não precisará significar, necessariamente, obrigação de gastá-lo.
"As tentações são inúmeras ao saber que o dinheiro está disponível, já que tais medidas (como a liberação dos saques para trabalhadores que, antes, não poderiam fazê-los) não são 'típicas' de serem efetuadas nos governos", analisa, em entrevista ao Semanal (confira ao lado), o economista Márcio Leandro Kalkmann, professor do curso de Ciências Econômicas da Faculdade Horizontina (Fahor).
Para ele, "se as famílias não priorizarem a quitação de parte das dívidas, terão um problema a mais". "Não é momento de usar este benefício para contrair novas dívidas", recomenda.
A remuneração do saldo do FGTS tem um rendimento anual de 3%, explica o professor, enquanto, na poupança, 2016 fechou com um rendimento, ao ano, de 8,3% - média de 0,69% ao mês. Com isso, torna-se importante que o trabalhador que sacará seu saldo analise com atenção e cuidado eventuais propostas que envolvam um rendimento mensal muito acima do verificado no mercado financeiro.
A previsão do governo federal é de que o saque das contas inativas do FGTS vá injetar mais de R$ 30 bilhões na economia brasileira. Conforme a Medida Provisória 763/2016, tem direito ao pagamento o trabalhador que pediu demissão ou foi demitido por justa causa até 31 de dezembro de 2015. Em nível nacional, a medida engloba 49,6 milhões de contas, com saldo de R$ 43,6 bilhões, beneficiando 30,2 milhões de trabalhadores.
Para o economista e professor, 'se as famílias não priorizarem a quitação de parte das dívidas, terão um problema a mais'